sexta-feira, 25 de maio de 2012
Citações
(...) Em Delos, Património da Humanidade, as pedras foram largadas às silvas e aos cardos, às lagartixas e aos corvos. Nasce um pinhal no meio de colunas. Grande parte da cidade está vedada porque se tornou perigosa. As cisternas estão cheias de água estagnada com mosquitos. As víboras rastejam na sombra. O teatro de Dionysos não se pode visitar. Nem as casas, a de Dionysos, a de Cléopatra, do Tridente. O museu está deserto de guardas, com alas fechadas. O Terraço dos Leões foi invadido pela natureza. A loja fechou. O Estado grego, sem dinheiro, sem funcionários, sem Ministério da Cultura, demitiu-se de Delos. As ervas daninhas e as flores silvestres, os répteis e os insetos devoram Delos. A cidade está submersa em vegetação e abandono e à guarda do tempo, esse grande escultor. Angkor Wat renasce, Delos morre.
E que deixará esta civilização que rivalize com a beleza de uma estatueta de Afrodite ou uma figurinha de terracota? Um iPad.
São os dois últimos parágrafos do texto de Clara Ferreira Alves, recém-chegada da Grécia, no Expresso do passado sábado.
E fizeram-me pensar. Na viagem que fui sempre adiando - as ilhas-museu gregas ( Delos, Samos e tantas outras ) - e que cada vez mais se torna um sonho à medida que a República Helénica colapsa, mas também na sinistra inevitabilidade de que quando a austeridade aperta, as "indústrias culturais" e a manutenção do património são os primeiros braços do Estado que são cortados. Por cá, ainda a procissão vai no adro...
Luís,
ResponderEliminarLamentável toda a narração. :(
Afirma que a "procissão ainda vai no adro", pois acho que já saiu dele.
Bom dia! :()
Já um prosimetronista que lá foi no ano passado nos tinha contado isto. E certa Europa está-se nas tintas. É Património da Humanidade? Eles - os gregos - que trabalhem para conservar as coisas lindas para os turistas verem. :(
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