Giambologna, O Rapto da Sabina, Loggia dei Lanzi, Florença
Desviou com desagrado a vista do Rapto das Sabinas e lentamente desceu as escadas, procurando no chão o movimento veloz da sombra de uma nuvem. Estranha coisa: levantara-se cedo sem sombra de uma nuvem no espírito e, enquanto fazia horas para o encontro com o Domenico, fora até à margem do rio, ficou muito tempo a ver dois miúdos a pescar.
Sente o coração apertado; foram aqueles ingleses que lho apertaram. Eles que tudo ignoram, eles que comiam laranjas, silenciosamente.
Chegaste há muito tempo? - pergunta Domenico Villani, puxando uma cadeira, recostando-se depois.
Fazio não respondeu. Procurava os fósforos nas algibeiras do casaco e, não os encontrando, desistiu, meteu outra vez o cigarro na cigarreira.
Que fizeste ontem à noite? - pergunta.
- Nada. Fiquei em casa, Abri um livro, mas acabei por me deitar, e Tu?
Augusto Abelaira, A Cidade das Flores, Lisboa: Bertrand, 1972 (4ª edição), p. 13.
Obrigada, Cláudia Ribeiro!
Ana, nunca li A Cidade das Flores, apesar de ser uma das obras mais conceituadas de Augusto Abelaira.
ResponderEliminarA fotografia é fabulosa.
Beijinhos e uma excelente segunda-feira.
Gostei muito deste livro e gosto muito de Abelaira. E das suas crónicas, eu que sou fã de crónicas
ResponderEliminarCláudia,
ResponderEliminarA fotografia é tirada da net. Estive em Florença mas já foi há uns anitos, ainda não havia fotografia digital.
Estou a gostar muito do livro e é bom reconhecer os locais referenciados.
A época retratada também é apaixonante.
Beijinho. :)
MR,
Também gosto de crónicas e estou a adorar este livro.
Beijinho. :)