Sei o que fui, sei ainda o que sou. Mas tal não contribui em nada para o que serei. Um só gesto e os outros vêm ao museu em que estamos embalsamados, arrancam-nos o rótulo, não querem mais saber de nós, dizem que traímos. O que fomos? O que ainda ontem fomos? Os gestos que fizemos? Não. Não querem saber. Podem ter sido gestos da mais espantosa pureza, que em nada contribuem para que os outros nos perdoem. Pelo contrário. Esses gestos, pela sua própria beleza, mais ainda nos condenam, mais ainda nos enterram.
Augusto Abelaira, A Cidade das Flores, Lisboa: Bertrand, 1972, p. 127-128.
Concordo com umas ideias, mas com outras não.
ResponderEliminarFaz-nos reflectir...
Beijinhos.:))
Cláudia,
ResponderEliminarGostei muito do livro. Guardei vários registos que às vezes me fazem divagar e apetece colocar.
Abelaira faz pensar, é intemporal.
Alguns escritores ficarão intemporais outros não, serão do momento e passarão de moda, não acha?
Este foi um livro seu que me deu muito prazer. Um livro sexy! :))))
Beijinhos. :))