CANTATA DA CIDADE DO RIO DE JANEIRO
A MUI LEAL E HERÓICA CIDADE DE SÃO SEBASTIÃO
IV/ O SÉCULO XIX
Levantámos a Cidade: de águas pantanosas nasceram jardins.
Tempo de Vice-Reis. O palácio, a estátua, a fonte, o chafariz...
Brancos, mamelucos, negros, todos juntos a Cidade construíram.
Nela os poetas cantaram, os mártires morreram.
Mas a cidade vivia!
(Lá vem a nau da Rainha
que venceu o temporal:
vêm príncipes, vêm princesas.
- a Côrte de Portugal)
Levantamos a Cidade: sobrados, museus, chácaras, carruagens...
Casamentos reais, festas, luminárias, mucamas e pagens.
(Ai, quem é que canta num sôpro tão manso?
É a negra embalando o menino branco.
Que barulho é êste, de música surda?
É o negro dançando pela noite escura...)
Levantamos a Cidade. Navios que trazem sábios e artistas.
Navios que partem com o Rei e a Côrte. E o Príncipe que fica.
Levantamos a Cidade. Hinos, modinhas, proclamações imperiais.
Cidade de S. Sebastião, Heróica e Mui Leal.
Os teatros que surgem. Os livros que se abrem. Cidade de ciências, de artes e ofícios.
Mil vozes cantando missas, ladainhas, óperas e hinos...
Fogo de artifício. Máscaras. Carnavais. Inaugurações.
O poema (inédito) de Cecília Meireles sobre o Rio de Janeiro está quase a chegar ao fim. Por ser longo optei por escrever por partes.
Levantamos a Cidade sôbre esperanças de independência e libertação...
Pianos, árias, sermões, orações cívicas, aerostatos.
Ruas e ruas novas, e as sinhàzinhas que se separam de seus escravos.
(Pisei na pedra,
a pedra balanceou:
o mundo estava torto.
Princesa endireitou...)
(Quem canta com todo êsse contentamento?
É o negro qie já fico livre do cativeiro!)
"... LEVANTAMOS A CIDADE PARA SER A RAINHA DAS PROVÍNCIAS..."
Cecília Meireles, Obra Poética, Rio de Janeiro:Cia. José Aguilar Editôra, 1967 (2ª edição), p. 857-858.
Ruas e ruas novas, e as sinhàzinhas que se separam de seus escravos.
(Pisei na pedra,
a pedra balanceou:
o mundo estava torto.
Princesa endireitou...)
(Quem canta com todo êsse contentamento?
É o negro qie já fico livre do cativeiro!)
"... LEVANTAMOS A CIDADE PARA SER A RAINHA DAS PROVÍNCIAS..."
Cecília Meireles, Obra Poética, Rio de Janeiro:Cia. José Aguilar Editôra, 1967 (2ª edição), p. 857-858.
O poema (inédito) de Cecília Meireles sobre o Rio de Janeiro está quase a chegar ao fim. Por ser longo optei por escrever por partes.
Tão bonito...
ResponderEliminarA maneira magnífica como Cecília Meireles descreve o Rio de Janeiro. Mostra-nos uma cidade com muita vida, movimento, repleta de história, com muita cor, muita música...
Existe encanto, beleza e fascínio nas suas palavras.
Beijinhos.:)
Cláudia,
ResponderEliminarNão conhecia este longo poema.
Gostei, não conheço o Rio de Janeiro mas talvez um dia... com certeza. :)
O livro foi a Cláudia que mo deu a conhecer na Feira do Livro de Coimbra, Lembra-se?
Beijinho. :)
Claro que lembro.
ResponderEliminarA Ana teve olho de lince...