Num comentário que escrevi, um querido amigo leu neste provérbio "saudades" de um ex-ministro. Não, não era e não é. Era apenas, e só, acerca desta sucessão de impostos, em que se vão substituindo uns por outros, sem que entrem em vigor, e parecendo ser cada vez pior. Um jornalista do Diário de Notícias, Ferreira Fernandes, pensou exactamente o mesmo (por outras palavras) e escreveu uma crónica que, com a devida vénia, aqui republico.
Derrotem-no que ele gosta
O ministro Gaspar tinha um problema: o défice. Então, apresentou a solução 1: cortes de subsídios dos funcionários. Mas o decreto foi ao Tribunal Constitucional e chumbou: à medida faltava equidade, só batia em parte dos portugueses e poupava outros. Quem gostou do chumbo foi o próprio ministro, porque entretanto tinha-se agravado o tal défice e dava-lhe jeito aumentar, somando os privados aos funcionários, o universo a quem bater. Gaspar inventou, então, a solução 2: mudanças na TSU. Porque digo que ele gostou da oportunidade de passar da solução 1 para a solução 2? Ora, porque todos os ministros das Finanças adoram aumentos de receita. Aconteceu, porém, que a nova solução também não vingou. O povo saiu à rua e a TSU foi corrida. Quem gostou do novo desaire, quem foi? Já adivinharam, o ministro das Finanças. Ele esfregou as mãos com a derrota da solução 2 porque, entretanto e mais uma vez, já precisava de ir mais longe e passar à solução 3. Foi o que conhecemos ontem: o aumento brutal do IRS. Ou, como diria o ministro Gaspar, um upgrade, mais um aumento da receita. E eu já tremo por alguém (rua, tribunais, o que seja) tentar chumbar a 3 e obrigue o ministro ao prazer da solução 4. Portugueses, fiquem quietos: estamos a criar um monstro, um sadomasoquista, que adora ser derrotado na sua medida anterior só pelo prazer que lhe dá em bater-nos ainda mais com a medida seguinte. Por favor, não lhe alimentem o vício.
Diário de Notícias, 4 de Outubro de 2012, p. 56
Derrotem-no que ele gosta
O ministro Gaspar tinha um problema: o défice. Então, apresentou a solução 1: cortes de subsídios dos funcionários. Mas o decreto foi ao Tribunal Constitucional e chumbou: à medida faltava equidade, só batia em parte dos portugueses e poupava outros. Quem gostou do chumbo foi o próprio ministro, porque entretanto tinha-se agravado o tal défice e dava-lhe jeito aumentar, somando os privados aos funcionários, o universo a quem bater. Gaspar inventou, então, a solução 2: mudanças na TSU. Porque digo que ele gostou da oportunidade de passar da solução 1 para a solução 2? Ora, porque todos os ministros das Finanças adoram aumentos de receita. Aconteceu, porém, que a nova solução também não vingou. O povo saiu à rua e a TSU foi corrida. Quem gostou do novo desaire, quem foi? Já adivinharam, o ministro das Finanças. Ele esfregou as mãos com a derrota da solução 2 porque, entretanto e mais uma vez, já precisava de ir mais longe e passar à solução 3. Foi o que conhecemos ontem: o aumento brutal do IRS. Ou, como diria o ministro Gaspar, um upgrade, mais um aumento da receita. E eu já tremo por alguém (rua, tribunais, o que seja) tentar chumbar a 3 e obrigue o ministro ao prazer da solução 4. Portugueses, fiquem quietos: estamos a criar um monstro, um sadomasoquista, que adora ser derrotado na sua medida anterior só pelo prazer que lhe dá em bater-nos ainda mais com a medida seguinte. Por favor, não lhe alimentem o vício.
Diário de Notícias, 4 de Outubro de 2012, p. 56
E não terá o querido amigo sido induzido em erro? Eu acho que foi, e foi-o provavelmente pelo uso inadequado do provérbio. Este provérbio refere-se a PESSOAS ( " depois de mim " ou " atrás de mim " noutras versões ) e não a FACTOS, ACONTECIMENTOS ou DECISÕES. Daí a interpretação como aludindo o mesmo ao Exilado de Paris, pai dos PECS.
ResponderEliminarJad, a citares o meu "guru"?!
ResponderEliminarLuís, anda aí muita gente com saudades do "pai dos PECS". Basta ler os jornais. :)
Para JAD:
ResponderEliminare parece que o "Vitinho" já anda a falar, veladamente, da quarta solução !
Para mim, pessoalmente, Sócrates, só o filósofo grego. Mas do tempo em que a Grécia era um conjunto de cidades Estados. :-)
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