sábado, 24 de novembro de 2012

Outono

Castelo Branco, 10 nov. 2012

CANÇÃO DE OUTONO

Perdoa-me, folha seca, 
não posso cuidar de ti.
Vim para amar neste mundo, 
e até do amor me perdi.

De que serviu tecer flores
pelas areias do chão, 
se havia gente dormindo 
sobre o próprio coração?

E não pude levantá-la!
Choro pelo que não fiz.
E pela minha fraqueza
é que sou triste e infeliz.
Perdoa-me, folha seca!
Meus olhos sem força estão
velando e rogando àqueles 
que não se levantarão...

Tu és a folha de outono 
voante pelo jardim.
Deixo-te a minha saudade
- a melhor parte de mim.
Certa de que tudo é vão.
Que tudo é menos que o vento,
menos que as folhas do chão...

Cecília Meireles

6 comentários:

  1. Não me lembrava deste poema, logo não o "conhecia". É bonito. E como anda a minha memória ...até do amor me [esqueci] perdi.

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  2. 1º poema da Cecília Meireles que leio :)
    Obrigada MR

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  3. MR,
    É lindo, já conhecia porque comprei um livro de poesia, obra completa, na Livraria Lumière.
    Um bom dia apesar da chuva!:)

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  4. Esqueci-me de dizer que adorei a fotografia. :)

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  5. O poema é muito bonito.
    A foto também!
    É da Câmara? Pareceu-me...
    Vi primeiro o edifício e depois a árvore...

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