terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Memórias - 22 de Janeiro de 1963


Comemora-se hoje o quinquagésimo aniversário da assinatura do Tratado de Elysée. Através da formalização desse documento no Palácio do Eliseu em Paris a 22 de Janeiro de 1963, Charles de Gaulle e Konrad Adenauer alicerçavam o início de uma nova época, terminando assim séculos consecutivos de conflitos bélicos entre as duas nações. Para de Gaulle, retomava-se a ideia da obra de Carlos Magno. Para Adenauer que exercia o último ano do seu cargo de chanceler da República Federal alemã , atingia-se o ponto máximo  da aproximação da jovem república à aliança ocidental.
Este projecto de cooperação nos campos da Segurança, Economia e Cultura,  indubitavelmente importante à luz de hoje, sofreu uma onda de reacções de desconfiança e cepticismo na época. Segundo o Vice-Presidente da Comunidade Económica Europeia de então, Sicco Mansholt, a colaboração entre França e Alemanha interromperia o caminho para uma união abrangente de vários países na Europa. A agência de notícias soviética TASS previa na cooperação militar franco-germânica um renascimento do militarismo alemão, comparando o tratado a uma nova versão do Pacto de Munique de 1938. E como o timing da assinatura coincidia com a oposição de de Gaulle à adesão do Reino Unido à CEE, quer a oposição social-democrata no Parlamento em Bona, quer alguns membros do próprio governo conservador, temiam um domínio excessivo do eixo Paris-Bona e o fracasso das tentativas rumo a uma Europa unida.

Decorridos 50 anos, este Tratado constitui um verdadeiro "caso de sucesso", apesar das dificuldades e dos desentendimentos que naturalmente se viveram ao longo de cinco décadas. Mas a amizade política, desejada pelo Presidente francês e o chanceler alemão em 1963, seguida, por exemplo por Mitterrand e Kohl nos anos 80, estendeu-se aos dois povos que, graças aos diversos programas de intercâmbio, se aproximaram pouco a pouco e puseram fim às hostilidades antigas.

1 comentário:

  1. Uma postagem interessante.
    Filipe, julgo que o problema atual vem desse pacto, os franceses respondem afirmativamente a tudo que vem da Alemanha.
    Bom dia!

    ResponderEliminar