Invento-te recordo-te distorço
a tua imagem mal e bem amada
sou apenas a forja em que me forço
a fazer das palavras tudo ou nada.
A palavra desejo incendiada
lambendo a trave mestra do teu corpo
a palavra ciúme atormentada
a provar-me que ainda não estou morto.
E as coisas que eu não disse? Que não digo:
Meu terraço de ausência meu castigo
meu pântano de rosas afogadas.
Por ti me reconheço e contradigo
chão das palavras mágoa joio e trigo
apenas por ternura levedadas.
Ary dos Santos, in 'O Sangue das Palavras'
Completaria hoje 76 anos
É curioso, JMS, pensava que o Ary era Sagitário, mas estamos sempre a aprender - como diz o JAD.
ResponderEliminarBoa Noite,
ResponderEliminarPoema delicado dum, poeta castrado não..
Obrigada por nos lembrar! ACV
Ainda bem que o recordou aqui. Tantos já se esqueceram dele...
ResponderEliminarEscreveu poemas muito bonitos.
ResponderEliminarBom dia!:)