Ilustração de Ofélia Marques para o artigo de Adolfo Simões Müller, «A literatura da infância»
(Panorama, Lisboa, Natal 1944)
«a natureza determina que as crianças sejam crianças antes de serem homens»
Jean-Jacques Rousseau (in: Emílio)
É a nossa vinheta no Dia Mundial da Criança Todas as crianças deveriam ter direito ao ócio.
Meu pai montava a cavalo, ia para o campo.
Minha mãe ficava sentada cosendo.
Meu irmão pequeno dormia.
Eu sozinho menino entre mangueiras
lia a história de Robinson Crusoé,
comprida história que não acaba mais.
No meio-dia branco de luz uma voz que aprendeu
a ninar nos longes da senzala - e nunca se esqueceu -
chamava para o café.
Café preto que nem a preta velha
café gostoso
café bom.
Minha mãe ficava sentada cosendo
olhando para mim:
- Psiu... Não acorde o menino.
Para o berço onde pousou um mosquito.
E dava um suspiro... que fundo!
Lá longe meu pai campeava
no mato sem fim da fazenda.
E eu não sabia que minha história
era mais bonita que a de Robinson Crusoé
Carlos Drummond de Andrade
Muito bonito o conjunto.
ResponderEliminarBom dia!:)
Drummond, sempre!
ResponderEliminarCrianças, quase sempre, desde que não sejam uivantes...
Vamos a ver se tenho "inspiração" para geminar.
Bom dia!
Belas escolhas!
ResponderEliminarTão bonito!
ResponderEliminarO poema e a ilustração.
Feliz dia da criança, para a criança que ainda mora um pouco em cada um de nós (acho eu...).
:)
Gostei. Um resto de bom dia a todos, sempre crianças interiormente.
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