domingo, 21 de julho de 2013

Soneto do comilão


A invenção mais rica e adorada,
Ao vosso relatório aqui ajunto
Foi descobrir-se que o belo presunto,
É fazenda p'ra deitar-se na dobrada.

Uma bela e valente caldeirada,
Com manteiga de vaca e não com unto,
Olhe lá, general, mais esta ajunto,
É invenção por Deus abençoada.

Mãozinhas de carneiro com tomates,
Um pato com arroz, lulas eirozes,
Se é capaz chame a isto disparates.

De beber belo vinho só tu trates,
E escuta-me agora as minhas vozes,
Mata a fome toleirão - gente não mates.

Luís de Araújo
In: Novo Almocreve das Petas. 2.ª ed. Lisboa: Joaquim José Bordalo, 1879, t. 1, p. 206
Em geminação com o Arpose que hoje tem um post sobre o almanaque de José Daniel Rodrigues da Costa, que inspirou Luís de Araújo a escrever este.

2 comentários:

  1. Este apelido "Araújo" (ou argueiro no olho) faz-me sempre comichão, MR, pelas razões que sabe...
    Mas estes versos são bem frescos e giros.
    Uma boa noite!

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