Uma homenagem a um grande poeta da América Latina, que nasceu no fim do século XIX.
O Apaixonado
Luas, marfins, instrumentos e rosas,
Traços de Dúrer, lampiões austeros,
Nove algarismos e o cambiante zero,
Devo fingir que existem essas coisas.
Fingir que no passado aconteceram
Persépolis e Roma e que uma areia
Subtil mediu a sorte dessa ameia
Que os séculos de ferro desfizeram.
Devo fingir as armas e a pira
Da epopeia e os pesados mares
Que corroem da terra os vãos pilares.
Devo fingir que há outros. É mentira.
Só tu existes. Minha desventura,
Minha ventura, inesgotável, pura.
Jorge Luis Borges, in "História da Noite"
Tradução de Fernando Pinto do Amaral
(do Citador)
Eu descobri este poeta há dois anos atrás, quando uma colega mandou-me uma de suas poesias, no dia do amigo.
ResponderEliminarQue maravilha.
ResponderEliminarUm dos meus prosadores preferidos, e tb gosto bastante da sua produção poética. E corria-lhe nas veias sangue português, pelo apelido Borges que infelizmente não conseguiu localizar a origem quando visitou Portugal.
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