terça-feira, 3 de dezembro de 2013

As minhas livrarias

Aos sábados, na minha meninice e juventude, acompanhei, muitas vezes, o meu pai às livrarias e alfarrabistas. Hoje vou só falar de livrarias.
Uma das primeiras livrarias de que me lembro é a Buchholz, ainda na Av. da Liberdade (já viram como estou velha?). Era eu muito miúda e havia lá uns livros muito giros, invulgares para a época. Um deles era um livro cartonado, em armónio, sem palavras, que depois de aberto formava um comboio. Um espetáculo! E, eu, antes de o trazer para casa, abri-o no chão da livraria, entre a mesa e a estante. É uma das recordações mais antigas que tenho.
Agora sabe-se (na altura, suspeitava-se) que o Sr. Buchholz era um traficante de arte "degenerada" alemã. Lisboa servia-lhe de entreposto para a América.
Fui algumas vezes à Livraria Buchholz da Rua Duque de Palmela, mas eu odiava aquelas "velhas" que nos seguiam para todo o lado: a livraria tinha montes de livros frente às estantes e em cima de umas mesas e não se conseguia ver nada, sem mexer. Além de que eu vejo com as mãos.

Interior da Buchholz, na Av. da Liberdade

Aos sábados, pelos meus sete ou oito anos, tinha direito a um livro da coleção Formiguinha, comprado na Papelaria Mimo (no tempo em que as papelarias também vendiam alguns livros), na Av. da Igreja. 

Outra livraria-papelaria que eu frequentava no tempo do liceu – a Havaneza, da Av. da Igreja, onde hoje se encontra a Padaria Portuguesa. E também a Sinfonia, na Av. de Roma, que ainda existe. Estas duas eram também discotecas. Nestas duas lojas comprei alguns livros e discos.
Depois de ver o filme, fui, à Havaneza, comprar os quatro volumes do livro para ler. E tenho-os lido até hoje.


A seguir, e paralelamente, talvez as Livrarias Portugal e Sá da Costa. Acho que já aqui falei de ambas, aquando dos respetivos encerramentos.
Mas a Sá da Costa – que tinha a sua tertúlia - e a Barata primitiva, em que éramos atendidos pelo Sr. Barata e pelo Jorge, foram mesmo as livrarias que mais frequentei.
Já me esquecia da Livrelco - Cooperativa Editora de Universitários, na Rua Carlos José Barreiros. Foi encerrada pela PIDE, talvez em 1970. O seu gerente era o Nuno Oliveira, que depois abriu a Livraria Galileu, em Cascais.
Este foi comprado na Portugal.


Dois livros adquiridos na Sá da Costa.

Livro comprado na Barata.

Tenho saudades das livrarias em que os livreiros sabiam o que vendiam, o que saía (mesmo lá fora) e mostravam os livros de acordo com os interesses (que eles conheciam) dos seus clientes.




Hoje vou muito à FNAC do Chiado e à Barata da Av. de Roma. E perco-me na Amazon.

Em geminação com o Palavras Daqui e Dali, que assinalou o Dia da Livraria e dos Livreiro. 
E também para a Cláudia Ribeiro, da Livraria Lumière.

10 comentários:

  1. Gostei muito do seu poste, e embora as minhas recordações primevas sejam a Norte, muitas destas livrarias vim a frequentá-las, mais tarde.
    Bom dia!

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  2. Já só conheci a Bucholz na Duque de Palmela, mas algumas das outras memórias partilho-as. Quanto à Amazon, evito-a por razões análogas às das boas pastelarias : fazem mal à saúd€.

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  3. Gostei muito de ler este registo. Também, gostava de ir à Livraria Barata e à Sá da Costa. Costumava visitar quando ia passar uns dias a Lisboa, desde os meus 12 anos.
    Fez-me muita impressão o fecho das duas livrarias.
    Já foi à nova livraria que aqui falou um destes dias, no Chiado?
    Bom dia. :))

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  4. Pois é, Luís, eu tb evito 'entreter-me' pela Amazon, pela mesma razão. Há sempre algo a que é difícil resistir. :)
    Quem falou na nova Livraria foi o Luís. Ainda não fui porque não tenho tido tempo.

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  5. Costumo ir à FNAC Chiado e a umas livrarias na Calçada do Combro.

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  6. Gostei imenso de ler estas suas memórias!
    Aqui em Castelo Branco, recordo com saudade a "Livraria Narciso"...

    (Tenho uns livros da colecção formiguinha...)

    Boa tarde!

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  7. De HMJ para MR:
    tomei a liberdade de geminar, no sítio do costume.
    Desisti, do pouco uso que fazia da AMAZON, pelo mesmo motivo que deixei de frequentar o Pingo Doce, i.e., as condições infra-humanas a que sujeitam os empregados, assim como o facto de contribuír para arruinar as poucas livrarias independentes que ainda existem.

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  8. Para quem "respira" livros, ler ou falar sobre eles, é sempre um deleite!
    - Já acabou?!
    Foi o que pensei quando cheguei o fim do que a MR escreveu!
    Achamos sempre tão pouco!

    As livrarias são espaços com um encanto especial, de onde nunca temos pressa de sair. Felizmente tenho a sorte de trabalhar numa e, ao longo destes anos de contacto com os livros (cerca de dezasseis), guardo na memória alguns momentos inesquecíveis, assim como algumas pessoas, que o tempo jamais apagará!
    Sinto-me privilegiada, pois fazer o que se gosta, é cada vez mais difícil!

    Obrigada pelo post.

    Um beijinho.:))

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  9. Agradeço todos os comentários.

    HMJ, já vou ver a geminação.
    Não sei nada sobre as condições de trabalho na Amazon. Mas só lá compro livros que não consigo encontrar em Portugal, normalmente franceses.

    Cláudia,
    É um privilégio trabalhar no que se gosta. Tb sei do que falo. :)

    Pode ser que um dia fale de alfarrabistas.


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