Lisboa: Centro de Estudos Históricos, 2013
Já há uns tempos que andava para me referir a este livro. E, aqui há dias, quando o Luís Barata fez um post sobre os nomes mais escolhidos, no ano de 2013, para rapazes e raparigas, lembrei-me que ainda não o tinha feito.E alguém, num comentário, perguntava pelas Aldegundes e quejandas.
Este ensaio de Iria Gonçalves sobre a antroponíma feminina na Idade Média portuguesa é interessantíssimo. E ficamos a saber que há nomes que sempre se deram às meninas.
Iria Gonçalves recolheu a vários fundos antroponímicos para
a elaboração do seu ensaio, sendo que «o mais antigo era formado por nomes já
usados no território anteriormente à romanização. Não foram muitos os onomatos
que se conservaram desses recuados tempos. Foram nomes como Cara, Mónia, Onega,
Sarra, Vasquida, nomes que, se por ventura alguma vez tiveram adesão
significativa por parte das populações foi em tempos bem longínquos. Mas foram
outros, também, bastante usados em alguns períodos da Idade Média, como Urraca
ou Ximena e foram alguns outros que continuam, na atualidade, a ser usados por
muitas de nós, como é o caso de Teresa ou Leonor.» (p. 43) E aqui está Leonor,
um dos preferidos em 2013.
Os conquistadores romanos «no campo da antroponímia passaram
quase despercebidos. Se no masculino ainda um nome teve alguma visibilidade e
merece ser destacado até porque vigora até hoje – Nuno – na vertente feminina
nenhum onomato logrou impor-se, ainda que por breve período. Estaça,
Justilinha, Malada, Mécia, Milícia, Mília são quase todos os que constam da
lista em análise.» (p. 43) Não sabia que Nuno tinha uma origem tão antiga.
Quanto aos nomes femininos, desenterraram-no há uns anos e existem por aí umas
Mécias. L
Há uma listagem de nomes femininos no artigo «Antroponímia
germânica» de Joseph M. Piel, citado por Iria Gonçalves, tais como Ausenda,
Aldonça, Aldora, Elvira, Ermesinda, Guiomar ou Goncinha. Estes nomes, escolhidos
pelos conquistadores germânicos, foram, segundo a autora do presente ensaio, «populares
em determinados momentos das cronologias em estudo, conseguindo, alguns deles,
sobreviver até aos nossos dias.» (p. 44)
Com a cristianização, na Baixa Idade Média os nomes que
aparecem «eram nomes perfeitamente incontornáveis, tanto na época como, vários
deles, ainda hoje. Assim – e sempre em primeiro lugar – Maria, mas depois
Catarina, Domingas, Isabel, Margarida, Beatriz, Inês, outros menores. Muitos
outros.» (p. 46) E cá está Maria sempre em primeiro lugar! Neste tempo, possivelmente sozinho; mais tarde acompanhado de outro nome - Maria João, Maria Isabel, Ana Maria, etc. - e, de há uns anos para cá, novamente sozinho.
Ainda não acabei de ler o livro, e também tenho saltado
algumas folhas (mais desinteressantes para mim), mas é de uma leitura cativante, que aconselho.
Haja alguém que faça o mesmo para os nomes masculinos.
Não há dúvida que Maria é bonito.
ResponderEliminarDeve ser um livro interessante.
Bom dia!
Gostei muito desta sua panorâmica do livro, ou recensão.
ResponderEliminarHá um nome que eu acho curioso e não me parce ser muito frequente, nos tempos portucalenses que é: "Muma". Muito referido, a propósito de Guimarães: Mumadona ou Dona Muma, que fez fundar o inicial convento dúplice que se transformaria, depois, na Colegiada.
Ainda vou a meio do livro, mas já fui, ao final, espreitar uns gráficos com os nomes mais utilizados. :)
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