quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

Na eira dos pardais


Vale do Mondego

Na eira dos pardais

Esperou sentada
Junto à janela que se abria
Em duas portadas.
Olhava para além da linha
Do horizonte
E desenhava no limbo do coração
O voo dos pardais
Que não tardariam em chegar.
Era o seu único voo, afinal.
Levava-a à terra onde nascera,
Onde deixara o vigor de ser,
Regressando com lágrimas
Rastejando no rosto
E mágoas sufocando o coração.
Os pardais regressaram
Em bando desamarrado,
Solto, livre...
E ela suspirou uma e outra vez,
Esgueirando um sorriso supremo.
Deixou-nos levar.

Maria José Carvalho Areal, Na Eira dos Pardais, contos. Lisboa: Chiado Editora, 2013

Agradeço à Cláudia, da Livraria Lumière que me enviou este livro com a assinatura e dedicatória da autora.:))

Este poema veio de algum modo apaziguar a nostalgia causada por tanta chuva e dias tão cinzentos. Quem me dera que viesse o tempo dos pardais.
Boa noite!

5 comentários:

  1. Ana, o livro é belíssimo!
    É para ler e reler...Remete-nos para lugares, pessoas, cheiros e sabores... para um Minho que ainda está bem presente na memória da sua gente!
    Nas palavras da própria autora:
    As narrativas da "Eira dos Pardais" pretendem estimular e fazer crescer, formas de perpétuar a "memória colectiva de um Povo".
    Um povo sem memória hipoteca a sua identidade.

    Beijinhos.:))

    ResponderEliminar
  2. Embora seja o Minho o local da inspiração da MJCA,
    a imagem do Mondego não fica nada mal !
    Como é que a Cláudia adivinha todos os teus gostos ?

    Um beijo.

    ResponderEliminar
  3. Cláudia,
    Apenas folheei o livro e achei graça cada conto começar com um poema.
    Obrigada.
    Beijinho. :))

    João,
    A Cláudia fez-me esta surpresa. Não conhecia a não ser através da Livraria Lumière.
    Obrigada pelo quadrado na foto.
    Beijinho. :))

    ResponderEliminar
  4. Fico contente por ser motivo de algum "contentamento" entre pessoas que não sabem de mim. "Na eira dos pardais" o voo de cada umm assumirá a forma que lhe derem nas emoções sentidas, provocadas, e nas memórias deste ou de outro espaço, desta ou daquela pessoas (s). O importante é viver as emoções, venham elas de onde virem e vistam-se de uma ou de várias cores. Aceitem o meu abraço e agradecida... Maria José Areal

    ResponderEliminar
  5. Maria José Areal,
    Só hoje vi o seu comentário.
    Agradeço a sua visita e cabe-me felicitá-la pelo livro.
    Um abraço.:))

    ResponderEliminar