Carta astral de Alberto Caeiro, feita por Fernando Pessoa.
Alberto Caeiro nasceu no ano em que começou a Grande Guerra.
http://purl.pt/1000/1/alberto-caeiro/obras/bn-acpc-e-e3/bn-acpc-e-e3_item234/P1.html
A guerra que aflige com os seus esquadrões o Mundo,
É o tipo perfeito do erro da filosofia.
A guerra, como todo humano, quer alterar.
Mas a guerra, mais do que tudo, quer alterar e alterar muito
E alterar depressa.
Mas a guerra inflige a morte.
E a morte é o desprezo do Universo por nós.
Tendo por consequência a morte, a guerra prova que é falsa.
Sendo falsa, prova que é falso todo o querer alterar.
Deixemos o universo exterior e os outros homens onde a Natureza os pôs.
Tudo é orgulho e inconsciência.
Tudo é querer mexer-se, fazer cousas, deixar rasto.
Para o coração e o comandante dos esquadrões
Regressa aos bocados o universo exterior.
A química direta da Natureza
Não deixa lugar vago para o pensamento.
A humanidade é uma revolta de escravos.
A humanidade é um governo usurpado pelo povo.
Existe porque usurpou, mas erra porque usurpar é não ter direito.
Deixai existir o mundo exterior e a humanidade natural!
Paz a todas as cousas pré-humanas, mesmo no homem!
Paz à essência inteiramente exterior do Universo!
Alberto Caeiro
24-10-1919
Tenho pena de não ir ao programa da Casa Fernando Pessoa.
ResponderEliminarNem tinha reparado que um dos heterónimos preferidos tinha nascido neste dia.
Parabéns. :))
Quanto à exposição na BN, espero ainda a poder visitar.
ResponderEliminarBom dia. :))
Não sei se a data de nascimento é 8/3.
ResponderEliminarPorque na página do horóscopo aparece: 16 de Abril de 1889 (signo do Carneiro, e não Peixes), co ascendente Leão. O que, do meu ponto de vista, se quadra melhor com a personalidade do poeta heterónimo Alberto Caeiro (aliás entre Caeiro e Carneiro, só sobram 2 consoantes:"r" e "n").
Bom fim-de-semana!
Ana,
ResponderEliminarA mostra da BNP são só três vitrinas. Não vá à espera de uma grande exposição. :)
APS,
Pois, se calhar os pessoanos não são dados aos signos. :)
Mas acho que Pedro Teixeira da Mota se debruçou sobre este aspeto da personalidade de Pessoa.
Bom fim de semana. :)
O amor é uma companhia.
ResponderEliminarJá não sei andar só pelos caminhos,
Porque já não posso andar só.
Um pensamento visível faz-me andar mais depressa
E ver menos, e ao mesmo tempo gostar bem de ir vendo tudo.
Mesmo a ausência dela é uma coisa que está comigo.
E eu gosto tanto dela que não sei como a desejar.
Se a não vejo, imagino-a e sou forte como as árvores altas.
Mas se a vejo tremo, não sei o que é feito do que sinto na ausência dela.
Todo eu sou qualquer força que me abandona.
Toda a realidade olha para mim como um girassol com a cara dela no meio.
Alberto Caeiro
De "O Pastor Amoroso"
Interessante, pertinente e certeiro o comentário de APS.
ResponderEliminarE o amor é uma companhia é uma verdade!!!