Isto que é o amor (como se o amor não fosse
esperar o relâmpago clarear o degredo):
ir-se por tempo abaixo como grama em colina,
preso a cada torrão de minuto e desejo.
Ser contigo, não sendo como as fases da lua,
como os ciclos de chuva ou a alternância dos ventos,
mas como numa rosa as pétalas fechadas,
como os olhos e as pálpebras ou a sombra dos remos
contra o casco do barco que se vai, sem avanço
e sem pressa de ausência, entre o mito e o beijo.
Ser assim quase eterno como o sonho e a roda
que se fecha no espaço deste sol às estrelas
e amar-te, sabendo que a velhice descobre
a mais bela beleza no teu rosto de jovem.
Alberto da Costa e Silva
Prémio Camões 2014
Muito bonito.
ResponderEliminarBom sábado!
Bom sábado!
ResponderEliminarLindíssimo.
ResponderEliminarBrasileiro por brasileiro, eu votaria em Manoel de Barros (1916), que ainda está vivo. Mas, nestas coisas, "mais vale cair em graça, do que ser engraçado" e o quase centenário poeta é um homem discreto, apesar de Sagitário...
ResponderEliminarBom dia!
A escolha de Alberto da Costa e Silva teve a ver com a transversalidade da sua obra. ara além de poeta, é historiador e africanólogo.
ResponderEliminarUm brasileiro que é africano e português, como disseram Agualusa e José Carlos de Vasconcelos.
Eu fiquei contente.
Só conheço Manuel de Barros pelo Arpose. Vou tentar comprar um livro dele.
Costa e Silva soube trabalhar bem a sua "carreira"... e, neste caso, premiou-se a Poesia e não outras actividades, daí a minha preferência, dos vivos e que eu conheço, pelo Manoel de Barros, que se "promove" pouquíssimo, ainda para mais, agora, adoentado e muito idoso.
ResponderEliminarDrummond admirava-o imenso, e eram amigos.
Vai ter extrema dificuldade em arranjar, por cá, livros do Manoel de Barros - boa sorte!
Mas eu tenho 2, que posso emprestar-lhe.
Um óptimo domingo!
APS,
ResponderEliminarO prémio foi dado ao conjunto da obra, como é sempre: «"Mantendo a mesma elevada qualidade literária em todos os géneros que praticou, a sua refinada escrita costurou uma obra marcada pela transversalidade", começou por dizer Affonso Romano de Sant’Anna, presidente do júri, que leu a acta da decisão do prémio aos jornalistas. "A obra de Alberto da Costa e Silva é também uma contribuição notável na construção de pontes entre países e povos de língua portuguesa", continuou o brasileiro.
Questionado pelo PÚBLICO sobre a escolha do historiador, Affonso Romano de Sant’Anna explicou que para se chegar ao premiado foram vários os nomes falados, o processo de escolha "passou de alguma maneira em revista o que nós sabemos da cultura brasileira, portuguesa e africana mas fixou por unanimidade no nome de Alberto da Costa e Silva, um exemplar dessa cultura".» (Público)
Agradeço e aceito o empréstimo dos dois livros. :)