Guardi - A Ponte sobre o Brenta junto às Comportas de Dolo, Veneza
Óleo sobre madeira, final do século XVIII
MCG Inv. 385 A
«Quando pouco depois abalou da embaixada otomana em Londres, Kaloust sentiu que precisava de comemorar a sua nomeação [como conselheiro financeiro nas embaixadas turcas de Londres e Paris] com algo de grandioso. Mas o quê? [...]
«Foi nesse instante que se lembrou de um galeria de arte que Sir Kenneth Bark lhe indicara umas semanas antes numa ruela escondida atrás de Charing Cross, para os lados de Convent Garden. Meteu-se no seu fiacre e deu a ordem ao cocheiro.
«"Trafalgar Square! E a trote!" [...]
«Uma vez chegado ao destino, o arménio apeou-se e galgou a escadaria até entrar na National Gallery, onde surpreendeu Sir Kenneth Bark no seu gabinete.
«"É hoje!", anunciou-lhe de chofre. "Vou comprar o Guardi!"
«"A sério?"
«Afogueado de excitação, Kaloust fez um gesto peremtório a chamar o amigo.
«"Venha daí!" [...]
«"Que bicho lhe mordeu?, perguntou Sir Kenneth [...]. "O que lhe deu para decidir avançar com a compra precisamente hoje?"
«"Digamos que o dia me correu bem. Quero celebrá-lo de forma especial e parece-me que o Guardi é perfeito para a ocasião." [...]
«O curador da National Gallery estacou diante de uma vitrina decorada com várias telas a óleo e a aguarela. Sobre a porta, uma tableta anunciava "Richardson's". [...]
«"Por favor", chamou Kaloust. "Para onde foi o quadro que aqui estava? Não me digam que já o vendeu!..."
«O homenzinho aproximou-se do canto apontado e percebeu logo qual a pintura a que o cliente se referia.
«"Ah, quer saber onde se encontra Vista do Mira sobre o Brenta?" Apontou para cima. "Tirámo-lo daqui e transferimo-lo para o primeiro andar. Quer vê-lo?"
«"Se for possível..." [...]
«"Compro."
«Não o sabia ainda, mas foi assim [...] que Kaloust começou a colecionar pintura.»
José Rodrigues dos Santos - O homem de Constantinopla. Lisboa: Gradiva, 2013, p. 410-417
Não sei se o quadro é exatamente o que reproduzo, mas de entre os Guardi existentes no Museu Gulbenkian...
Corot - Ville d'Avray
Óleo sobre tela, 1874
MCG, Inv. 185
«Devido ás novas responsabilidades como conselheiro do governo otomano e como banqueiro, que celebrou com a aquisição de Ville d'Avray, um quadro de Corot [...].»
José Rodrigues dos Santos - O homem de Constantinopla. Lisboa: Gradiva, 2013, p. 434
George Romney - Miss Constable, 1787
Lisboa, MCG
«[...] "Até já celebrei e tudo!"
«"O quê? Não me diga que comprou mais um quadro..." [perguntou-lhe Krikor, o filho].
«Kaloust ergueu-se com inesperada agilidade e, com um gesto dramático, retirou o véu que cobria uma tela encostada à parede, deixando ver o retrato pintado de uma rapariga de chapéu largo na cabeça.
«"Chama-se Miss Constable e foi pintado por Romney", anunciou embevecido. "Uma maravilha, não achas?"»
José Rodrigues dos Santos - Um milionário em Lisboa. Lisboa: Gradiva, 2013, p. 32
Jean-Antoine Houdon (1741-1828) - Diana
Mármore, 1780
Paris, Casa de Gulbenkian na Av. de Iena
A mesma escultura no Museu Gulbenkian
Rubens - Retrato de Héléne Fourment, ca 1530-1532
«O vasto átrio coberto de mármores italianos e de um enorme tapete persa abria-se para uma magnífica escadaria [...] aos pés da qual assentava uma estátua de fêmea em pedra polida branca, tão alva e brilhante que parecia esculpida a marfim. Tratava-se de um dos maiores tesouros da coleção.
«"Ah, a Diana de Houdon!", exclamou Sir Kenneth Bark, o primeiro a chegar [...]. "Está de parabéns, meu caro Sarkisian! É uma jóia, não há dúvida! Ainda me custa a crer que o Hermitage a tenha vendido." [...]
«"Já me ofereceram um milhão de dólares por ela, sabia? Mas não vendo. O lugar de Diana é aqui."
A construção da mansão na avenue de Iena, número 51, levara dois anos e meio e a decoração mais cinco meses, mas a obra chegara enfim ao seu termo. Para comemorar o feto, Kaloust organizou uma receção elegante [...] para a qual convidou apenas o curador da National Gallery e seu conselheiro para a aquisição de obras de arte, Sir Kenneth Bark, e ainda o ministro plenipotenciário da Pérsia em Paris [...].
«Os vistantes contemplaram o Retrato de Hélène Fourent, em cetim negro e com uma pluma nos braços, saído do pincel de Rubens e que se encontrava pregado na parede diante deles.»
José Rodrigues dos Santos - Um milionário em Lisboa. Lisboa: Gradiva, 2013, p. 371-373
Duas das compras que Gulbenkian fez ao Hermitage.
Então gostou dos livros?
ResponderEliminarAinda ontem estive com eles na mão, no Jumbo. Compro, não compro...mas como são quase 40 euros, ainda não os trouxe...mas quando ando com algum livro na cabeça, ele acaba por chegar cá a casa.
Gostou, MR?
Um bom domingo :)
( Por aqui parece que vai chover...)
Gostei e aprendi imenso sobre os arménios.
ResponderEliminarBom domingo, Isabel! (Por aqui chove desde manhã.)
Agora não chove.
ResponderEliminarTambém eu gosto de marcar as minhas venturas e os meus desgostos com a compra de algumas coisas que me recordam esses bons e maus momentos. O meu primeiro ordenado, etc, etc...
Está na lista para ler.
ResponderEliminarIsabel,
Trago da biblioteca alguns dos livros que quero ler e assim não gasto dinheiro.
Se gostar muito e os quiser ter a seu tempo comprarei
Boa tarde a todos!:))
É uma opção, Ana, e nos últimos 2 anos voltei a recorrer à biblioteca, coisa que não fazia desde novita (só à biblioteca da ESE, quando fiz formação). Mas isso obriga à leitura dentro do prazo e nem sempre consigo.
ResponderEliminarUma das coisas que mais gosto me dá é comprar livros, mas é cada vez mais apertado o orçamento para eles.
Uma boa tarde para todos :)
Jad,
ResponderEliminarCom o meu primeiro ordenado comprei uma aparelhagem de som, que ainda tenho. Acrescentei-lhe há uns anos um leitor de cd. :)
Isabel e Ana,
Estes emprestaram-mos. Mas tb vou buscar à biblioteca municipal muitos livros que, em princípio, não lerei novamente, por duas razões: poupança e falta de espaço.