quarta-feira, 10 de setembro de 2014

Um romance - biografia histórica a sério

Acaba de aparecer nas livrarias, da Porto Editora, o romance-biografia histórica "O grande Jacques Coeur", do escritor Jean- Christophe Rufin, numa belíssima tradução de Isabel St.Aubyn. Este, sim, dá gosto ler.
 
Jacques Coeur
Com uma escrita de uma grande beleza estilística, com um rigor histórico só "traído" pela necessidade de vincar a origem modesta do biografado para mais exaltar os cumes a que o seu engenho o levou numa França do séc. XV, onde ainda era a nobreza feudal que se impunha e onde a burguesia mal começava a ter algum relevo social e político, o académico, médico, diplomata, fundador dos Médicos sem fronteiras, político episodicamente e escritor, Prémio Goncourt em 1997 e 2001, Cavaleiro das Artes e das Letras e oficial e cavaleiro da Legião de Honra, Doutor Honoris Causa pelas Universidades de Lovaina e Laval (Quebeque), traça a biografia obviamente  romanceada, de uma personagem extraordinária, nascida em Bourges em 1400, de origem modesta que chega a ser nobilitada por Carlos VII, o fraco rei que ficou a dever o seu trono a Joana d'Arc, que foi riquíssimo a ponto de mandar construir um imponente palácio e moedeiro do rei, conviveu com soberanos, príncipes, nobres e o Papa e a quem a reunificação, do ponto de vista financeiro, da França dividida entre o "o Rei de Bourges" e o rei invasor de Inglaterra tanto ficou a dever - Jacques Coeur.
Palácio de Jacques Coeur, em Bourges
Brasão de Jacques Coeur

Que diferença com a biografia ficcionada de Madre Paula, de que aqui falei há uns dias! Não é escritor quem quer, mas quem sabe escrever bem e escritor de romances históricos quem sabe História o suficiente para não cometer erros e fazer gaffes.

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