Entre etéreo e terreno
Deus sive Natura
Espinosa
Na
manhã do temporal saímos a medir
estragos
( repor pedras nos muros
colher gravetos do chão ). A
fúria
da natureza volveu a ordem anterior
como marca de um excesso quando
no dia seguinte olhas melhor e
percebes o
equívoco da
noite anterior. Da força da
tempestade só sóbrou
dor e silêncio ( aos pés
de um pinheiro manso céu e terra
derrotados :
um rato e um
pardal são a memória visível da cega
devastação ) como se
um recomeço apenas fosse possível
caso
entre etéreo e terreno ambos
ousassem perder. Um
deus ajusta o equilíbrio destruindo o
que criou-
alguém tem de morrer cedo para que
outrem possa sobreviver.
- João Luís Barreto Guimarães, Mediterrâneo, Quetzal .
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