segunda-feira, 21 de novembro de 2016

Poemas - 97

Entre etéreo e terreno

Deus sive Natura 

Espinosa


Na
manhã do temporal saímos a medir
estragos

( repor pedras nos muros
colher gravetos do chão ). A
fúria
da natureza volveu a ordem anterior
como marca de um excesso quando
no dia seguinte olhas melhor e
percebes o
equívoco da
noite anterior. Da força da
tempestade só sóbrou
dor e silêncio ( aos pés 
de um pinheiro manso céu e terra
derrotados :

um rato e um 
pardal são a memória visível da cega
devastação ) como se
um recomeço apenas fosse possível
caso 
entre etéreo e terreno ambos
ousassem perder. Um
deus ajusta o equilíbrio destruindo o
que criou-
alguém tem de morrer cedo para que
outrem possa sobreviver.


- João Luís Barreto Guimarães, Mediterrâneo, Quetzal .

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