Um dos últimos grandes poetas do
Brasil - da estatura de Carlos Drumond de Andrade , Manuel Bandeira ou João
Cabral de Mello Neto – morreu neste final de 2016. Ferreira Gullar (José Ribamar Ferreira), poeta, ensaísta, crítico
literário, biógrafo, memorialista, tradutor, um dos fundadores do neoconcretismo, prémio Camões em 2010.
Neste Leito de Ausência
Neste leito de ausência em que me esqueço
desperta o longo rio solitário:
se ele cresce de mim, se dele cresço,
mal sabe o coração desnecessário.
desperta o longo rio solitário:
se ele cresce de mim, se dele cresço,
mal sabe o coração desnecessário.
O rio corre e vai sem ter começo
nem foz, e o curso, que é constante, é vário.
Vai nas águas levando, involuntário,
luas onde me acordo e me adormeço.
nem foz, e o curso, que é constante, é vário.
Vai nas águas levando, involuntário,
luas onde me acordo e me adormeço.
Sobre o leito de sal, sou luz e gesso:
duplo espelho — o precário no precário.
Flore um lado de mim? No outro, ao contrário,
de silêncio em silêncio me apodreço.
duplo espelho — o precário no precário.
Flore um lado de mim? No outro, ao contrário,
de silêncio em silêncio me apodreço.
Entre o que é rosa e lodo necessário,
passa um rio sem foz e sem começo.
passa um rio sem foz e sem começo.
[Poemas Portugueses]
Um ótimo poeta, muito cá de casa.
ResponderEliminarBom dia!
Encántame! Non o coñecía.
ResponderEliminarGracias.