sábado, 6 de fevereiro de 2016
Sabem quem é Michael Rezendes?
O luso-descendente Michael Rezendes é um jornalista de investigação de The Boston Globe. Pertenceu mais de de anos à equipa Spotlight que, em 2003, ganhou o Prémio Pulitzer de Serviço Público, pela investigação levada a cabo sobre os abusos sexuais levados a cabo por muitos padres da Igreja Católica americana, encobertos pela sua hierarquia. Por esta investigação a equipa Spotlight ganhou mais prémios de jornalismo.
Vem isto a propósito da estreia do filme O Caso Spotlight, no qual o papel de Mike Reendes é interpretado por Mark Ruffalo.
Quem gostou de Os Homens do Presidente vai gostar deste Spotlight.
Em geminação com Palavras Daqui e Dali.
Leituras no Metro - 236
Lisboa: Quetzal, 2015
Li sem grande entusiasmo este romance de David Leavitt, com uma tradução descuidada de Ana Matoso (Bavária por Baviera, etc.).
Passa-se na Lisboa da II Guerra, quando muitos refugiados se encontravam entre nós, muitos deles a caminho dos EUA. Edward e Iris Freleng, Pete e Julia Winters, todos norte-americanos, os últimos tinham vivido em Paris, estão hospedados nos dois hotéis Francfort que então havia em Lisboa, um no Rossio, o outro junto na Rua de Santa Justa.
O casal Freleng parece apreciar o Farta Brutos, onde leva Pete e Julia a jantar. David Leavitt descreve-o tal como ele é hoje. Só que nos anos 40 do século passado, o Farta Brutos era uma taberna. E nessa época não se punha na mesa «uma pequena taça contendo o que parecia ser uma pasta de peixe» (p. 79). Estas pastas de peixe servem-se há relativamente poucos anos, como entrada, nos restaurantes. Comeram arroz de pato. Aqui acertou.
Nessa noite Pete e Edward vão até ao Estoril, entram no Casino, onde a orquestra tocava esta canção de Noël Coward:
sexta-feira, 5 de fevereiro de 2016
Marcadores de livros - 327
Detalhe do coche dos Condes da Ericeira
Detalhe do coche dos Patriarcas
Detalhes do coche dos Oceanos
Lisboa, Museu dos Coches
quinta-feira, 4 de fevereiro de 2016
Os meus franceses - 443
Uma amiga contou-me que a RTP2 passou ontem um documentário sobre Rose Valland, uma das maiores e ainda desconhecidas heroínas da II Guerra Mundial. Ela trabalhou no museu do Jeu de Paume, em Paris, quando os alemães ocuparam a capital francesa e roubaram obras de arte de museus e a particulares. Ela foi anotando, secretamente num caderno, para onde os nazis enviavam os seus saques.
Rose Valland viveu para cumprir o seu destino: localizar e devolver dezenas de milhares dessas obras de arte roubadas aos seus proprietários.
Cate Blanchett interpreta a figura de Rose Valland no filme Os Caçadores de Obras-primas, com o nome de Claire Simone.
Lyon: Fage, 2011
Paris: RMN, 2014
Baseado neste livro de Rose Valland, John Frankenheimer realizou, em 1964, o filme The Train, com Burt Lancaster, Paul Scofield e Jeanne Moreau.
Sunflowers: a nossa nova vinheta
Aproveitando o post de Luís Barata sobre Georgia O'Keeffe, proponho, como vinheta para esta semana, um girassol da artista norte-americana:
por um lado, sei que há prosimetronistas admiradores de girassóis. Por outro
lado, sei que há prosimetronistas “ávidos” de temperaturas estivais….
Autores e escritores
Creio que José Rodrigues dos Santos inaugurou a já grande galeria de autores cuja única notoriedade vem das televisões. E depois dele não houve cão nem gato que não se atrevesse a publicar sobre qualquer assunto ou com qualquer pretexto. Mas alguns resolveram mesmo tentar a ficção, com romances e, mesmo, romances históricos. No caso concreto do nosso jornalista da piscadela de olho, com uma excelente investigação -que ao que sei ele encomenda porque obviamente não tem tempo para a fazer - e uma construção da trama e das personagens que revelam um ficcionista com algum talento. Já quanto à escrita, enfim, é bastante mediana. Não será por acaso -para além dos écrans televisivos que o projectam- que recentemente num inquérito foi considerado o melhor escritor contemporâneo nacional, o que também revela duas coisas: que o bom povo português lê pouco e mal e que os restantes prosadores endeusados não são a maravilha que se julgam nem que os editores, muitas vezes por razões que ultrapassam a literatura, querem que sejam.
Desconfio, por princípio, de estrelas televisivas promovidas a escritores e não compro os seus livros.
Como gosto imenso de romances históricos e mais recentemente os que se vão publicando sobre História de Portugal, não resisti à tentação de comprar "O último bandeirante" do jornalista Pedro Pinto, sobretudo porque o assunto das "bandeiras" me interessava especialmente. E devo dizer que fiquei surpreendido. O tema e a personagem de António Raposo Tavares foram bem investigados, apesar da escassez de informações sobre o bandeirante, as descrições da missão dos Jesuítas destruída pelos paulistas muito interessantes, o desenvolvimento da história muito bem desenhado, o ambiente onde se desenrolam os acontecimentos, quer em S. Paulo, quer na selva, muito credível e apelativo e, sobretudo, bastante bem escrito. Pedro Pinto publicou outro livro, desta vez sobre Serpa Pinto, que ainda não li, mas depois de "O último bandeirante", fiquei com o dedo na página, como se costuma dizer. Porque, na minha opinião, Pedro Pinto é um escritor e não apenas mais um autor.
A coleção de Henry Vasnier exposta na Villa Demoiselle em Reims
Henry Vasnier, retratado por Joseph-Paul Meslé, 1895
https://www.flickr.com/photos/51366740@N07/15240451330
Ao longo da vida, ele comprou cerca de 600 objetos de arte, entre os quais telas de Courbet, Delacroix, Monet, Corot, etc.
Cadeiras Émile Gallé
Sisley - Cardiff
quarta-feira, 3 de fevereiro de 2016
Leituras de Inverno
Lady Almina, a quinta Condessa de Carnarvon, 1899
(p. 65)
Nas minhas últimas leituras está um título que já passou por aqui: Lady Almina e a Verdadeira Downton Abbey, o Legado Perdido do Castelo de Highclere.
Gostei de ler esta biografia ligada à história do castelo de Highclere.
A vida quotidiana entre o andar superior e o andar inferior; as relações sociais e pessoais; os contrastes; a amabilidade do tratamento senhorial, neste caso; as viagens ao Egipto e a Grande Guerra são cenários que absorvem o leitor.
Almina partilhava o gosto do marido [escavações] por tudo o que era profundamente estético e ficou encantada quando começaram a ver resultados concretos, toda a abundância de coisas lindíssimas.Contudo, Almina não seria a pessoa que era se não tivesse procurado também um escape para toda a sua energia inquieta. Pouco depois arranjou maneira de deixar a sua marca de genialidade enquanto organizadora de eventos no contexto da vida social local.
Uma noite organizou um jantar inesquecível no Templo de Carnaque. Requisitou os empregados do Hotel Winter Palace e vestiu-os com fatos inspirados no livro " As Mil e Uma Noites". Os Carnarvon receberam os convidados no templo de Ramsés.
Condessa de Carnarvon, (Fiona), Lady Almina e a Verdadeira Downton Abbey, o Legado Perdido do Castelo de Highclere. (Tradução Marta Mendonça) Lisboa: Editorial Presença, 2013, p. 93.
terça-feira, 2 de fevereiro de 2016
Lá fora - 248
Em 1949 Georgia O' Keeffe deixa Nova Iorque rumo ao Novo México, trocando a grande cidade pelo deserto e pelos canyons . A primeira retrospectiva em França desta pintora adorada por Obama está a decorrer em Grenoble :
Georgia O' Keeffe et ses amis photographes, no Musée de Grenoble, até 7 de Fevereiro .
Fruta da época
Surge com tempo frio e traz muitos benefícios para a saúde. De sabor único, a romã é aqui representada por Volpetiz (Volnei Cardoso Petiz), o pintor brasileiro que gosta de retratar naturezas mortas.
Citações : Ainda Marcelo
(...) Marcelo não venceu porque esteve na televisão; Marcelo esteve na televisão porque tem as características necessárias para ganhar qualquer eleição - e era nisso que deveriam ter refletido os outros candidatos. Pensaram ao contrário; raciocinaram à boa maneira portuguesa de ver situações de favor onde, afinal, há mérito. As audiências são implacáveis e só um grande comunicador consegue manter-se frente às câmaras durante dezena e meia de anos. (...)
- João Garcia, director da Visão , no número mais recente da revista .
E é isto mesmo que também penso . Goste-se ou não do estilo e da mensagem, Marcelo é um grande comunicador e isso foi o factor decisivo .
A Virgem da romã, no Prado
Fra Angelico - A Virgem da romã, ca 1426
Pertencia à Casa de Alba e foi adquirido pelo Museu do Prado. Numa próxima visita a este museu, espero poder ver o quadro.
segunda-feira, 1 de fevereiro de 2016
Os meus franceses - 441
O Moulin de Villeneuve, situado em Saint-Arnoult-en-Yvelines, na região parisience, reabriu hoje ao público. Foi oferecido, em 1951, por Louis Aragon a Elsa Triolet, e foi a última morada dos dois escritores. O túmulo de ambos encontra-se no parque.
Gosto muito de casas de artistas. Pode ser que numa próxima ida a Paris, eu visite esta casa.
A arte do retrato
Este retrato de Margarida de Parma é de Anthonis Mor ( 1519-1575 ) mais conhecido por cá como António Moro . Estava à venda no stand da Kunstberatung Zürich AG na Brussels Art Fair - BRAFA, que terminou ontem .
Bom dia !
Estas composições escritas em 1695 por Henry Purcell para as exéquias de Maria II Stuart são do melhor que há em música fúnebre. Hoje, aparecem aqui a pensar noutros príncipes que tiveram morte menos pacífica ...
Le catalogue Goering
Produzido pelos Arquivos Diplomáticos franceses e por Jean-Marc Dreyfrus, o livro transcreve integralmente a lista das obras pilhadas pelos nazis, em nome de Göring, encontrada nos arquivos do Quai d'Orsay, com a história de cada obra e o seu destino, já que nem todos os proprietários foram encontrados.
1 de Fevereiro
Numa Europa em que eu quase me não reconheço vejo - constantemente - esquecerem-se valores e certezas que se tinham ganho e reconquistado, dia a dia, após a difusão do «iluminismo». Quase todos pactuam face ao valor efémero do dinheiro. Trocam os valores que se conquistaram por migalhas...
- Sim, recordo as cenas tristes que envolveram a visita ao Espaço Europeu de figuras que ainda não foram «iluminadas» pela Razão. Tapar estátuas, mudar quadros, que são património da Humanidade, para agradar a uma personagem - que daqui a 500 ou 2000 anos ninguém saberá quem foi.
- Sim, recordo as cenas de «confisco» dos poucos valores que alguns refugiados levam consigo para poderem ter direito a um direito que deveria ser Universal - o direito da dignidade - que são duas mil calorias diárias, um local para dormir e um livro para ler - como alguém já escreveu.
- Sim, recordo a lei que tentam aprovar pela Europa em que o «sangue» é mais importante do que a dignidade, tendo os crimes valores diferentes conforme o sangue que lhes corre nas veias e não atendendo antes à qualidade do crime - cuja pena deve ser igual para todos.
- Sim, recordo o Presidente da República Portuguesa que acha que um beijo dado a uma criança, ao adormecer, no momento em que se lhes aconchegam os lençóis, tem sexo ( ou é diferente de sexo para sexo ) quando a criança quer é sentir o carinho e a dedicação de uma pessoa que se preocupa com a vida.
- Sim, recordo um Homem que fez da condenação disto tudo a Razão da sua vida. Recordo Raúl Rêgo (faleceu a 1 de Fevereiro de 2002).
Batista Bastos deixou-nos um testemunho que é uma lição de vida: um homem entra no Parlamento, sentado numa cadeira de rodas e puxado pela imposição da coragem e pela firmeza das certezas. O homem chama-se Raul Rego, e ali está para atribuir o seu voto à proposta de despenalização do aborto. E há qualquer coisa de grandioso nesta situação tão invulgar como dramaticamente comovente. Um homem visivelmente diminuído, porém indestrutível nas suas mais sólidas e profundas convicções. Um homem que recusa a perda do sentido das coisas e que combate, até ao fim, a transitória vitória das múltiplas infalibilidades.
Foto de Rui Ochôa.
domingo, 31 de janeiro de 2016
Boa noite!
O Ensemble STELLERRANTI, de que estes dois artistas fazem parte, atua amanhã às 18h30 no Palácio Foz.
É preciso é um shot!
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