sábado, 24 de setembro de 2016
Em uma tarde de Outono
Gustave Caillebotte - Barcos à vela em Argenteuil, 1888
Sobre o jardim calado, e as águas miro, absorto.
Outono... Rodopiando, as folhas amarelas
Rolam, caem. Viuvez, velhice, desconforto...
Por que, belo navio, ao clarão das estrelas,
Visitaste este mar inabitado e morto,
Se logo, ao vir do vento, abriste ao vento as velas,
Se logo, ao vir da luz, abandonaste o porto?
A água cantou. Rodeava, aos beijos, os teus flancos
A espuma, desmanchada em riso e flocos brancos...
Mas chegaste com a noite, e fugiste com o sol!
E eu olho o céu deserto, e vejo o oceano triste,
E contemplo o lugar por onde te sumiste,
Banhado no clarão nascente do arrebol...
Olavo Bilac
sexta-feira, 23 de setembro de 2016
Marcadores de livros - 470
Verso e reverso de três marcadores da exposição Impressionistas e Modernos da coleção Phillips que pode ser vista até 23 de outubro na CaixaForum em Madrid.
quinta-feira, 22 de setembro de 2016
De Lecce
Dos nossos viajantes na Puglia: «Para não ser só praia :) , aqui fica o esplendor do barroco pugliese na cidade de Lecce .»
Canção de Outono
Pintura de Edward Cucuel
Perdoa-me, folha seca,
não posso cuidar de ti.
Vim para amar neste mundo,
e até do amor me perdi.
De que serviu tecer flores
pelas areias do chão
se havia gente dormindo
sobre o próprio coração?
E não pude levantá-la!
Choro pelo que não fiz.
E pela minha fraqueza
é que sou triste e infeliz.
Perdoa-me, folha seca!
Meus olhos sem força estão
velando e rogando aqueles
que não se levantarão...
Tu és folha de outono
voante pelo jardim.
Deixo-te a minha saudade
- a melhor parte de mim.
E vou por este caminho,
certa de que tudo é vão.
Que tudo é menos que o vento,
menos que as folhas do chão...
Cecília Meireles
In: Poesia completa. Rio de Janeiro: Editora Nova Fronteira, 2001. Vol. 2
Marcadores de livros - 469
Da esq. para a dir.: Moinho de vento, típico da Mancha; O touro de Osborne; Cerâmica de Talavera.
Marcadores: www.endlesslatitude.com
Os anúncios do touro e do homem da Sandeman que se veem pelos campos espanhóis são hoje património nacional.
quarta-feira, 21 de setembro de 2016
No Campo Grande
Agora que começaram as aulas é que resolveram desmanchar uns empedrados frente à Biblioteca Nacional para fazerem algo a bem da cidade. Esperemos que sim, que seja a bem da cidade, mas não imaginam o que têm sido as filas de carros ali. Podiam ter aproveitado os meses de férias para fazer esta pequena obra.
Agora só lá está o carro laranja, mas trabalhadores não se viram durante dois dias; hoje regressaram. Esta obra será para acabar quando?
terça-feira, 20 de setembro de 2016
L'ŒIL DE BAUDELAIRE
Imaginar uma exposição que ponha em diálogo os textos do jovem poeta e as obras de arte que ele comenta, é proporcionar ao visitante penetrar nas grandes páginas escritas sobre os Salons de 1845 e de 1846 que são um marco na história da crítica de arte.
Estão expostas uma centena de pinturas, esculturas e estampas evocadas por Baudelaire.
A exposição explora a paisagem artística dos anos 1840, apresentando à volta dos artistas conhecidos na época – Delacroix, Ingres, Corot, Rousseau ou Chassériau – pintores que o seduziram ou irritaram. A mostra, que abre hoje no Musée de la Vie Romantique, em Paris, e pode ser vista até 29 de janeiro de 2017, permite descobrir a modernidade que molda o poeta face às linguagens artísticas que despontam então em Paris, espelhadas principalmente em Manet.
segunda-feira, 19 de setembro de 2016
Buonasera!
Acho que esta canção já andou por aqui, se calhar mais do que uma vez, mas it's wonderful, it's wonderful.
De Otranto
Diretamente para o Prosimetron
Boas férias para os dois prosimetronistas que andam de férias pela Puglia. E bons banhos!
Leituras no Metro - 250
Este livro também não estava no monte, mas resolvi relê-lo ao ler Outras cores, cujos continuam a ser saboreados.
Começa assim: «Um dia li um livro e toda a minha vida mudou. Desde a primeira página, sofri com tanta força o poder do livro que senti o meu corpo apartado da cadeira e da mesa a que me sentava. No entanto, ao mesmo tempo que experimentava a sensação de que o meu corpo se afastava de mim, todo o meu ser continuava, mais do que nunca, sentado na cadeira, à mesa, e o livro manifestava todo o seu poder não só na minha alma, mas em tudo o que compunha a minha identidade. Era uma influência tão forte que me parecia que a luz emanada das páginas me atingia como um jorro: o seu brilho cegava toda a minha inteligência, mas, ao mesmo tempo, tornava-a mais cintilante. Fiquei com a certeza de que esta luz iria reconstruir-me, que graças a ela deixaria de percorrer os caminhos já trilhados.»
domingo, 18 de setembro de 2016
Um falafel em Paris
Eu gosto imenso de falafel, seja no prato, seja numa pita. Ia um dia a passear e dei de caras com este restaurante judeu, na rue Pavée. Ainda era um pouco cedo para almoçar, de modo que continuei a andar, mas voltei para trás Comprei uma pita com falafel, ali na janela da esquerda, paguei €6,00 e mais tarde comi-a no Jardim das Tulherias. O melhor falafel que já comi, mesmo em Israel.
Dois dias depois, reincidi.
https://www.yelp.com/biz_photos/pitzman-paris?select=daDGJhvErhajbEzui3djoA
Para a próxima vou experimentar L'As du Fallafel, um restaurante libanês, na rue des Rosiers. Depois darei notícias.
Hoje estava pronta para novo falafel Pitzman. Ou podia ter metido mãos à obra e ter feito uns. Já os fiz e não me saíram mal.
Marcadores de livros - 467
Acho que este é o reverso (mas pode ser o verso) de seis marcadores. A frente é igual sem o retângulo com a indicação do museu e da legenda.