Tendo passado duzentos anos sobre o nascimento do Rei D.
Fernando II, em 29 de Outubro de 1816 e certamente dentro das celebrações desta
data, foi publicada uma biografia, da autoria da historiadora Doutora Maria
Antónia Lopes, professora da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra,
“D. Fernando II – um rei avesso à política”. O propósito seria a de dar um
retrato do príncipe como homem, marido, pai e sobretudo o do homem de vasta
cultura, interesses artísticos, sendo ele próprio desenhador, pintor e gravador, grande colecionador de arte e mecenas, do
visionário que foi construtor do Palácio da Pena e do seu luxuriante parque,
sem o qual certamente a cultura portuguesa seria mais pobre, a serra de Sintra
mais inóspita e os seus sucessores na dinastia, em especial D. Luís, D. Carlos
e D. Manuel, mais alheios aos interesses artísticos e culturais que cultivaram.
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D. Maria II |
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D. Fernando II |
Como rei-consorte, porém, desde o seu casamento com a Rainha
D. Maria II em 1836 até á morte da soberana em 1853 e à maioridade de D. Pedro V, como Regente, em
1855 -dezanove anos – D. Fernando está no centro das convulsões políticas que
dominaram o início do liberalismo, sem poder gozar a tranquilidade que tanto
almejava para si e para a Família Real. Mesmo depois da aclamação de D. Pedro
essa tranquilidade não foi completa, ou com os conflitos com o filho, de
carácter demasiado rígido e ríspido com o pai, com as filhas, também com a
nora, Rainha D. Maria Pia, e com as
campanhas da imprensa, por causa do seu casamento morganático com a cantora de
ópera Ellise Hensler, feita Condessa de Edla pelo seu primo Ernesto II de
Saxe-Coburgo Gotha. Para já não falar das regências por impedimento do Rei D.
Luís ou das pressões de Napoleão III para aceitar o convite para assumir a
coroa espanhola, que acabou por rejeitar por querer que ficasse clara a total
independência de Portugal face a Espanha.
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Palácio da Pena |
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Chalé da Condessa |
A tranquilidade “burguesa” com a mulher que escolheu, na
finalização do Palácio e parque da Pena e do
chamado Chalé e jardins da
Condessa, de algumas viagens ao estrangeiro, do acrescento das suas coleções de
arte, não foi isenta de contratempos e controvérsias, apesar dos imensos gastos
serem feitos à custa da sua fortuna pessoal como prÍncIpe de Saxe-Coburgo. Tudo
foi sempre contestado, mesmo a sua dotação como consorte da Rainha, sobretudo
depois de seu segundo casamento.
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Condessa de'Edla |
É uma figura interessante, nalguns aspectos controversa,
tanto em termos da sua vida pública como privada, tanto nas suas atitudes e
posicionamento como soberano, como nas suas virtudes ou atitudes como homem.
Que esta excelente biografia, muitíssimo bem documentada e investigada veio
revelar a um público leitor que não conhecia, na sua maioria, nem este Rei, nem
as biografias já produzidas. Vale a pena ler, sobretudo para quem se interessa
pela génese e consolidação do liberalismo e, em geral, pela História.
Julgo que seria senhor de boa conversa e bastos interesses culturais e que Portugal muito ganhou em tê-lo para si.
ResponderEliminarGosto bastante de Fernando de Saxe-Coburgo. Educou o filho, que foi um rei de vistas largas. Foi pena ter morrido jovem. Ou não; nunca se sabe...
ResponderEliminarVou ler esta biografia.
Ainda ontem eu falava com uns amigos, a propósito do TGV, que há poucos anos tínhamos acabado de pagar os empréstimos do Fontes, mas que ele tinha desenvolvido o país... Mais valia termos feito o TGV, perdeu-se o dinheiro e nada...
Boa semana!