Numa entrevista, inteligente,
anunciadora de um livro que acaba de chegar ao mercado, D. Carlos Azevedo,
bispo-delegado do conselho Pontifício da Cultura no Vaticano diz: a
leitura de Fátima não pode ser literal, mas teológica: 100 anos após as
aparições, “há uma interpretação a fazer” porque os fenómenos místicos “são
naturais”. Acredita que o Papa Francisco “vai iluminar a atualidade da mensagem
de Fátima” sobre a humanidade e a co-responsabilização dos cristãos perante o
futuro.
Vejamos
alguns pedaços dessa entrevista ao jornal Público de Sexta-feira, 21 de abril
de 2017
Chegou o momento para falarmos com
linguagem exata. Joseph Ratzinger, em 2000, quando fez o comentário teológico à última parte
do segredo de Fátima, usou sempre a palavra visões e esse é o rigor teológico.
O grande teólogo Karl Rahner também escreveu um livro sobre visões e profecias,
usando a palavra visões. Esse é o termo exato. As visões, de vários tipos, são
fenómenos místicos, espirituais, não físicos. Claro que uma pessoa, ao
descrever uma visão, projeta os seus arquétipos, o que tem na sua mente, a sua memória,
e na mensagem que recebe já entra a fé. A pessoa vai além de si própria. É a
revelação particular que depois tem de ser interpretada à luz do evangelho e da
doutrina.
Há
uma interpretação a fazer e essa é a da presença maternal de Maria na vida dos
cristãos, como disse João Paulo II na primeira vez que foi a Fátima. Todos os
cristãos sentem essa presença, mas alguns podem-na sentir de modo mais intenso.
A presença de Maria não vem do céu por aí abaixo. Essas descrições são mais
simples, mais imediatas, para entender o que é uma visão mística, mas
precisamos de usar a linguagem exata para não cair no ridículo. Gostava que este
livro servisse para quem não crê ter respeito para com o episódio.
Os
pastorinhos viveram uma visão imaginativa?
Sim,
conforme Ratzinger classificou em 2000 e o próprio Rahner já o fizera nos anos
40.
A
história dos santos e milagres da Igreja está povoada de pastorinhos. Hoje não
havia lugar para eles. O que fica?
Lugar
para a mística. Há muita experiência urbana de grandes místicos. Por exemplo,
Adriana von Speyr, pouco conhecida em Portugal, foi uma grande mística com o
teólogo Urs von Balthasar no século XX. De certo modo, podemos comparar com São
João da Cruz com Teresa de Ávila. Adriana era uma mística que tinha visões.
Acontecem no século XX coisas reais, profundas, muito evangélicas e com base
nos critérios que dão autenticidade.
E
continuam a acontecer. Temos que estar despertos para essas realidades na
Igreja.
No
seu livro pergunta como é que Fátima emerge atual...
Encontrei
uma resposta clara.
Penso
que o Papa Francisco, ao vir a Portugal, vai iluminar a atualidade da mensagem
de Fátima. O fenómeno da Cova de Iria acontece na Primeira Guerra Mundial e
aponta já para a Segunda Guerra — “se não mudarem os critérios de vida, vem uma
guerra pior”. Agora, o Papa tem falado numa terceira guerra “em episódios”.
Nestes dias há notícias de um perigo de armamentos, ameaças a que é preciso
dizer “tenham juízo”. É preciso um apelo a Deus, ter confiança no futuro com
base na mudança de critérios políticos, económicos: como o Papa tem dito, para
bem de toda a humanidade.
https://assessoriadedireito.wordpress.com/2012/10/24/mentiras-sobre-a-aparicao-de-n-sra-de-fatima-em-portugal-padre-conta-tudo/
ResponderEliminarEste primeiro comentário não está relacionado com o livro desta postagem.
ResponderEliminarJá leste o livro? Eu li apenas a entrevista do Público.
ResponderEliminarBom domingo!
Visões místicas. Está certo. Contudo, para a igreja, contam igual.
ResponderEliminarA Igreja até deve ter vergonha de falar em milagres no século XX. Para canonizarem a Jacinta arranjaram um milagre ridículo no Brasil, que é um país muito milagreiro.
ResponderEliminarMas o bispo Carlos Azevedo acha mesmo que aquelas três crianças tiveram "visões místicas"?! E misturam aqui a Santa Teresa de Ávila e o São João da Cruz?! Esses acredito que tiveram visões místicas e mesmo casamentos místicos e expressaram-nos muito bem nas suas escritas. Agora as três crianças...
Eu sou agnóstica, mas para mim a fé é uma coisa; os milagres, outra.
ResponderEliminarEstou a começar a ler a obra. Foi a minha auto-prenda no dia mundial do Livro.
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