domingo, 9 de abril de 2017

Novo Rei, Pastel de Nata


«Dia 5 de abril efetuou-se a Final da 9.ª Prova do Melhor Pastel de Nata de Lisboa, integrada no evento Peixe em Lisboa 2017. Mais uma edição, renhida, para conhecer o melhor pastel que se apresentou em prova. Reconheço que estas provas são, cada vez mais, um exercício difícil para o júri. A qualidade dos pastéis de nata apresentados é cada vez melhore e estão muito próximos uns dos outros em termos de qualidade de execução, o que dificulta a tarefa de avaliação e atribuição de valores numéricos para classificação. A melhoria mais visível, e percetível, tem a ver com a massa folhada. Estaladiça, fina, sem sabor a farinha ou gordura, garante a sustentação do creme, que escorre, doce e sem sabores dominantes, nem gema, nem limão e nem baunilha. Infelizmente acontece que para evidenciar uma marca, por vezes, se destacam intencionalmente estes sabores. No concurso o gosto dominante de qualquer um deles pode ser reconhecido como um defeito. Como defeito também poderá ser o pastel estar queimado, apesar de se querer bronzeado, sendo que o defeito mais grave é a massa folhada não estar estaladiça.

.
Pastéis prontos para a prova

«Mais uma vez, fatalidade de concursos, só três são premiados. Devo reconhecer que esta final foi das mais dificultadas pois os pastéis estavam quase todos muito próximos em termos de perfeição na sua execução. Durante a decorrer da prova houve alguém que disse que nas pastelarias se está a evidenciar uma melhoria generalizada na produção de pastéis de nata. Ficamos muito contentes quando ouvimos opiniões como essa.
«De lembrar que o Pastel de Nata é, seguramente, o doce português mais internacional. Talvez pela sua persistência em continuar a existir, suponho eu, desde a segunda metade do século XVI. É certo que a primeira receita escrita, e com a denominação de Pastelinhos de Natta, é de 1729 e oriunda do Convento de Santa Clara de Évora. Por curiosidade apresento-vos aqui reprodução de 1988, da Barca Nova – Editor, dessa receita.

Receita de 1729 do Convento de Santa Clara de Évora

«Mais uma vez me manifesto contra a proliferação de receitas que utilizam a designação Pastel de Nata e lhe acrescentam outros produtos: castanha, chocolate, maçã, maracujá, vinho do Porto, … e não sei quantos mais produtos. Costumo dizer que, possivelmente, o pastel que agora produzem não será tão bom quanto gostavam, ou que necessitam do nome do pastel de nata para o promoverem!»
Os três premiados foram: O Pãozinho das Marias (Ericeira), Francisco Duarte e Pastelaria Patyanne (Castanheira do Ribatejo).
Os restantes finalistas também com excelentes pastéis de nata, segundo Virgílio Nogueiro Gomes, foram, ordem alfabética: Pastelaria Aloma (Lisboa), Pastelaria Batalha (Venda do Pinheiro), Pastelaria Bijou do Calhariz (Lisboa), Pastelaria Bonjour (Cascais, Alcabideche), Casinha do Pão (Lisboa), Fábrica da Nata (Lisboa), Pastelaria Fim de Século (Lisboa), Pastelaria Pólo Norte (Mafra) e Pastelaria Santa Coina (Coina).
Os pastéis de nata da Bijou do Calhariz são ótimos.

http://www.virgiliogomes.com/index.php/cronicas/827-novo-rei-pastel-de-nata

2 comentários:

  1. Ai, os doces portugueses! que maravilha para o padal e mesmo para a vista. Sempre trago...Na última vez, pastéis de nata, doce de batata, bolo de Ló...E não gosto terrívelmente dos doces, mas os seus são irresistíveis.
    Abraço



    ResponderEliminar