Porto, 21 jan. 2017
A porta da verdade estava aberta,
mas só deixava passar
meia pessoa de cada vez.
Assim não era possível atingir toda a verdade,
porque a meia pessoa que entrava
só trazia o perfil de meia verdade.
E sua segunda metade
voltava igualmente com meio perfil.
E os dois meios perfis não coincidiam.
Arrebentaram a porta. Derrubaram a porta.
Chegaram a um lugar luminoso
onde a verdade esplendia seus fogos.
Era dividida em duas metades,
diferentes uma da outra.
Chegou-se a discutir qual a metade mais bela.
As duas eram totalmente belas.
Mas carecia optar. Cada um optou conforme
seu capricho, sua ilusão, sua miopia.
Carlos Drummond de Andrade
Carlos Drummond de Andrade, é sempre tão bom lê-lo!
ResponderEliminarA primeira porta não reconheço, mas as outras sim.:))
Pertinho da Trav. da Cedofeita...
Boa noite, MR!
Bonito poema.
ResponderEliminarNão conheço qualquer porta salvo a minha. Mas gosto de portas e candeeiros de rua. A bem dizer, olhando a sério para as coisas, gosto da maioria.
Cláudia,
ResponderEliminarA primeira já não me lembro de que rua é, mas as outras são de onde diz. :)
Boa semana para as duas.
Concordo com a Cláudia sobre Drummond de Andrade!
ResponderEliminarAdorei as portas, especialmente a primeira...muito obrigada!
Espero também fotografá-las um dia destes...
Boa semana, MR:)
Drummond é um dos poetas que mais leio.
ResponderEliminarBoa viagem até ao Porto, Isabel.
Boa semana!