Parabéns, João!
Desejo um dia muito feliz e as rápidas melhoras.
Joaquín Sorolla, estúdio do pintor,
Casa Museu Joaquín Sorolla, Madrid
Brincava a criança
Brincava a criança
Com um carro de bois.
Sentiu-se brincando
E disse, eu sou dois!
Há um a brincar
E há outro a saber,
Um vê-me a brincar
E outro vê-me a ver.
Estou por trás de mim
Mas se volto a cabeça
Não era o que eu queria
A volta só é essa...
O outro menino
Não tem pés nem mãos
Nem é pequenino
Não tem mãe ou irmãos.
E havia comigo
Por trás de onde eu estou,
Mas se volto a cabeça
Já não sei o que sou.
E o tal que eu cá tenho
E sente comigo,
Nem pai, nem padrinho,
Nem corpo ou amigo,
Tem alma cá dentro
Está a ver-me sem ver,
E o carro de bois
Começa a parecer.
5-12-1927
Fernando Pessoa, Poesias Inéditas (1919-1930). Nota prévia de Vitorino Nemésio e notas de Jorge Nemésio.) Lisboa: Ática, 1956 (imp. 1990), p. 83.
Fernando Pessoa, Poesias Inéditas (1919-1930). Nota prévia de Vitorino Nemésio e notas de Jorge Nemésio.) Lisboa: Ática, 1956 (imp. 1990), p. 83.
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