Picasso - Cena mitológica, 7 jan. 1938
Uma manhã de 1962, Fellini levantou-se e descreveu um encontro com Picasso em O livro dos sonhos, cadernos nos quais escrevia e desenhava os seus sonhos, a pedido do seu psicanalista, Ernst Bernhardt, discípulo de Carl Gustav Jung. Assim, entre novembro de 1960 e agosto de 1990, Fellini completou dois grossos volumes com um extenso imaginário de personagens e imagens, gérmen de cenas inesquecíveis dos seus filmes.
Picasso aparece representado no seu primeiro sonho de 22 de janeiro de 1962, no qual Fellini e a sua mulher Giuletta Masina visitam a casa de Picasso, reúnem-se ba sua cozinha onde desfrutam de uma amigável refeição. Nas suas memórias, Fellini afirma: «estávamos numa cozinha, claramente a cozinha da sua casa, uma enorme cozinha repleta de comida, de quadros, de cores… Falámos pela noite toda». Cinco anos mais tarde, a 18 de janeiro de 1967, sonha de novo com Picasso e anota no caderno: «Toda a noite com Picasso, que falava, falava… Éramos muito amigos, mostrava-me um grande carinho, como um irmão mais velho, um pai artístico, um colega que me coloca ao seu nível, alguém da mesma família, da mesma casta…»
Esta exposição está no Museu Picasso, em Málaga, até 13 de maio.
Fellini dormindo na rodagem de Dolce Vita, 1960
Fellini - O livro dos sonhos. Sonho de 22 jan. 1962.
Fellini - Nino Rota tocando violino.
Não há dúvida: os artistas sonham diferente. Descreio de alguma vez sonhar com Picasso. Mas Fellini é Fellini.
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