quarta-feira, 25 de abril de 2018

Leituras no Metro - 972


«E eis que subitamente (da noite para o dia, foi o caso) retomámos a voz pátria, essa que nos era natural e que desde os muito antepassados nos tinha sido negada. Retomámo-la em insurreição, em autêntica primavera popular: flores, como se diz, na boca dos canhões.
«Liberdade, “a Poesia estava na rua”, escreveu Sophia de Mello Breyner. E logo a seguir Vieira da Silva pegaria na frase à sua tão dela maneira para desenhar o célebre cartaz de Abril [...].
(mas, que fique lembrado, a alegria mata. A realidade quando é maior do que o sonho sufoca o homem, não cabe nele. Eis um poeta: Pedro Oom, fundador do Grupo Surrealista. Tombou algures numa rua de Lisboa e já era manhã, já a liberdade tinha passado o meridiano do sonho. No Brasil outro escritor, Victor ramos, morreria ao deixar o exílio ao reencontro de Portugal...).»
José Cardoso Pires - «A literatura e a revolução dos cravos». In: E agora, José?. Lisboa: Moraes, 1977, p. 273, 275.
Pedro Oom 
Victor Ramos

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