Congresso de gaivotas neste céu
Como uma tampa azul cobrindo o Tejo.
Querela de aves, pios, escarcéu.
Ainda palpitante voa um beijo.
Donde teria vindo! (Não é meu…)
De algum quarto perdido no desejo?
De algum jovem amor que recebeu
Mandado de captura ou de despejo?
É uma ave estranha: colorida,
Vai batendo como a própria vida,
Um coração vermelho pelo ar.
E é a força sem fim de duas bocas,
De duas bocas que se juntam, loucas!
De inveja as gaivotas a gritar.
Alexandre O’Neill
In
No Reino da Dinamarca (1958)
No Dia Mundial do Beijo. :)
Oh! Que mania de dias mundiais...mas o poema de O'Neill fica sempre bem, é bonito nesta manhã de névoa sem um som, o mundo recolhido num silêncio místico, as coisas postas em admiração de assim sozinhas com o vapor de água. E, quem sabe, o beijo de que fala o poeta ande por aí a empapar e tombe na terra. E nasça dele uma flor exótica e diferente que põe um ah! na boca de quem passa:).
ResponderEliminarBom domingo
Também concordo que é um exagero de dias mundiais e internacionais das coisas mais caricatas como é o Dia Mundial do Beijo.
ResponderEliminarBoa tarde!