Infância
Meu pai montava a cavalo, ia para o campo.
Minha mãe ficava sentada cosendo.
Meu irmão pequeno dormia.
Eu sozinho menino entre mangueiras
lia a história de Robinson Crusoé,
comprida história que não acaba mais.
No meio-dia branco de luz uma voz que aprendeu
a ninar nos longes da senzala – e nunca se esqueceu
chamava para o café.
Café preto que nem a preta velha
café gostoso
café bom.
Minha mãe ficava sentada cosendo
olhando para mim:
– Psiu… Não acorde o menino.
Para o berço onde pousou um mosquito.
E dava um suspiro… que fundo!
Lá longe meu pai campeava
no mato sem fim da fazenda.
E eu não sabia que minha história
era mais bonita que a de Robinson Crusoé.
Carlos Drummond de Andrade
Os bons poetas dizem as coisas simples com voz rara, canto de sereia que abisma.
ResponderEliminarUm dos meus poetas favoritos, sobre um assunto tão querido como são os livros, sobretudo os que me acompanharam a infância, tão bela de tantos mundos que descobri.
ResponderEliminarBom dia
Também é um dos meus poetas preferidos. :)
ResponderEliminarBoa tarde para as duas.
Uma das minhas primeiras grandes leituras de criança, em que até achava maravilhoso viver numa ilha deserta:-)
ResponderEliminarComo o cinema está sempre presente, recordo-me de uma adaptação cinematográfica, deste romance, com o Peter O'Toole e o Richard Roundtree, intitulada "O Meu Criado Sexta-Feira" / "Man Friday", que vi no cinema Satélite e era bem divertida, o realizador foi o Jack Gold.
Bom fim-de-semana!
Muito jovem li uma adaptação de Robinson Crusoe da Biblioteca dos Rapazes. Também vi o filme.
ResponderEliminarOnde ficava o cinema Satélite?
Bom sábado!
Robinson Crusoe (adaptado) fue también uno de mis libros preferidos de juventud. No recuerdo el libro físico, pero fue otra de las obras me engancharon a la Literatura.
ResponderEliminarBuen fin de semana.
O cinema Satélite era a sala Estúdio do cinema Monumental, vi por lá imensos filmes.
ResponderEliminarBom domingo!
Para mim era o Estúdio do Monumental. Não me lembro nada de se chamar Satélite. :(
ResponderEliminarBom dia para os dois.
Lindo poema!
ResponderEliminarUm dos meus livros de eleição durante a juventude. Devia ser leitura obrigatória .
ResponderEliminarEm obras como estas, os miúdos deviam ler adaptações, para um pouco mais tarde lerem as obras originais.
ResponderEliminarBom dia para os dois.