Nasceu.
Foi numa cama de folhelho,entre lençóis de estopa suja, num pardieiro velho.
Trinta horas depois a mãe pegou na enxada
e foi roçar nas bordas dos caminhos
manadas de ervas
para a ovelha triste.
E a criança ficou no pardieiro
só com o fumo negro das paredes
e o crepitar do fogo,
enroscada num cesto vindimeiro,
que não havia berço
naquela casa.
E ninguém conta a história do menino
que não teve
nem magos a adorá-lo,
nem vacas a aquecê-lo,
mas que há-de ter
muitos Reis da Judeia a persegui-lo;
que não terá coroa de espinhos
mas coroa de baionetas, postas até ao fundo
do seu corpo.
Ninguém há-de contar a história do menino.
Ninguém lhe vai chamar o Salvador do Mundo.
Álvaro Feijó
Ando a descobrir que este Álvaro Feijó tem belos poemas. Este Menino Jesus é provavelmente como o Outro, veio ao mundo para sofrer. E nem sequer é Deus ou faz milagres, não ressuscita depois do martírio da paixão e vai para junto do Pai. É só um homem. Com a sorte das baionetas no corpo.
ResponderEliminarUm poeta esquecido, aliás como muitos outros!.
ResponderEliminarGostei de o sentir por aqui. Boa noite.
Bom dia para as duas.
ResponderEliminarPor desgracia, nacen tantos " meninos" como este....
ResponderEliminarBoas Festas de Natal
É como dizes, infelizmente...
ResponderEliminarBoas Festas!
Bo Natal,MR!
ResponderEliminarGostei muito do poema.
:) Bom Ano, Ana!
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