As escolhas de APS:
«Por "força do hálito" (O'Neill dixit) a Primavera lembra-me um poema muito bonito, falhado no último verso, de Alberto Lacerda ("Diotima") e o "To a Green God", de Eugénio de Andrade.»
DIOTIMA
És linda como haver morte
depois da morte dos dias.
Solene timbre do fundo
de outra idade se liberta
nos teus lábios, nos teus gestos.
Quem te criou destruiu
qualquer coisa para sempre,
ó aguda até à luz
sombra do céu sobre a terra,
libertadora mulher,
amor pressago e terrível,
primavera, primavera!
Alberto de Lacerda
TO A GREEN GOD
Trazia consigo a graça
das fontes, quando anoitece.
Era o corpo como um rio
em sereno desafio
com as margens, quando desce.
Andava como quem passa,
sem ter tempo de parar.
Ervas nasciam dos passos,
cresciam troncos dos braços
quando os erguia do ar.
Sorria como quem dança.
E desfolhava ao dançar
o corpo, que lhe tremia
num ritmo que ele sabia
que os deuses devem usar.
E seguia o seu caminho,
porque era um deus que passava.
Alheio a tudo o que via,
enleado na melodia
de uma flauta que tocava.
Eugénio de Andrade
Agradeço a referência, cordialmente.
ResponderEliminarEm tempo: há que substituir uma palavra espúria, por "como" no 1º verso do poema de Alberto Lacerda.
Bom dia.
:-)
ResponderEliminarFui buscar Oferenda I e não dava com a gralha. Eu lia «como». Obrigada.
A mim me acontece também às vezes..:-)
ResponderEliminarFoi um gosto grato.
Um belo poema, para um Planeta Azul que necessita de ser verde urgentemente :-)
ResponderEliminarMuito bom dia!