Lisboa: Arranha-Céus, 2018
Acabei ontem de ler o 1.º volume (446 p.) desta antologia, organizada por Carina Infante do Carmo. Uma boa ideia fazer algo sobre a «crónica autobiográfica portuguesa». Dentro deste critério eu teria substituído dois ou três textos por outros, mas como se costuma dizer «cada cabeça, sua sentença».
«[...] O que é a poesia? O transferir o ideal no real - o aproximar o céu da terra, e elevar esta até as céu. [...] »
Alexandre Herculano, cit. p. 61
«[...] Quem é que vai para a Granja?... Toda a gente conhecida. Toda a gente conhecida é a fórmula provinciana que substitui em Lisboa a expressão Le tout Paris.
«Le tout Paris consta, como se sabe, de uma pequena roda de pessoas, que vão a toda a parte onde a gente se diverte, mas que não somente não são Paris inteiro mas quase nem sequer são Paris.
«oda a gente conhecida é em Lisboa um estreito círculo de senhoras, assinantes de São Carlos, que se vestem na mesma costureira, que mandam vir os chapéus da mesma modista, que usam o mesmo perfume e concorrem de combinação nos mesmos sítios, nas matinées umas das outras, nos respetivos chás das 5 horas da tarde, nos bailes do Paço, no tiro aos pombos, etc.
«Todo o janota que não conhece estas senhoras não é um janota garantido e autêntico. [...]»
Ramalho Ortigão, cit. p. 170.
«[...] Para o campo é um modo de dizer, um delicado e gracioso eufemismo, destinado a significar tudo quanto há de menos campestre no mundo.
«Os ricos e elegantes foram para Sintra, ou para uma praia qualquer, continuar a vida de Lisboa: as carruagens conhecidas cruzam-se no passeio da tarde, como se cruzavam durante o Inverno na Avenida,; e à noite às mesmas soirées reúnem as mesmas pessoas, com os mesmos flirts, e a mesma ponta de má-língua - que no fim de contas, sempre é uma consolacãozita na vida. [...]»
Conde de Ficalho, cit. p. 177
Ainda vão aqui aparecer, oportunamente, mais dois trechos desta antologia.
Uma leitura deliciosa para quem gosta de crónicas, como eu.
Para a Granja iam os Andresen, por exemplo. Estive nessa praia, em frente à casa que eles alugavam (penso), a dizer poemas da Sophia e a molhar os pezinhos. Estava com um grupo de poesia a caminho da Fundação Eugénio de Andrade.
ResponderEliminarTambém gosto muito de crónicas e esta antologia parece bem interessante.
Boas leituras!
📚📖
E mais recentemente o Reininho. 😊😂
ResponderEliminarBom dia!