terça-feira, 9 de março de 2021

Para a Helga no seu desaniversário!

Sim, nos anos comuns temos 364 dias em que festejamos o nosso desaniversário e apenas um para o nosso aniversário. Quando os amigos não nos oferecem uma prenda no dia do aniversário é sempre possível faze-lo nos outros dias do desaniversário... e eu tenho andado preguiçoso, mesmo muito preguiçoso. Efeitos da época coVid!

Cada vez que se abre um livro é possível encontrar surpresas que não se adivinhavam e que vão muito além daquelas que se intuíam encontrar.

Arrumando livros  - tarefa bastante demorada porque aproveito para os rever ou reler - para além de tentar fazer um índice dos mesmos (não, não é uma catalogação é apenas um inventário, e indicações da nova arrumação, porque a idade não perdoa) vou lembrando o que a memória vai esquecendo, e até porque a memória está ficando em farrapos.

Tenho estado, nestes dias, a deliciar-me com a Historia de la vida del muy religioso Varon Fray Luys de Montoya, impresso «en casa de Antonio Aluarez», sem mais indicações, mas certamente em Lisboa, onde António Álvares trabalhou, durante o século XVI, a partir de 1586. A licença que autoriza a impressão está datada de 9 de Dezembro de 1588. Portanto, embora o livro possa ainda ter voltado à "verificação" por causa de uns acrescentos de milagres, deve ter ficado impresso em 1589. Assim o classifiquei.

Na parte final, existem três páginas ocupadas com ilustrações afim de completar as três últimas páginas que se encontravam em branco, preenchendo, deste modo, todas as páginas do caderno «O». E é nestas páginas de ilustrações avulso, aproveitadas de outras obras... de outras oficinas passadas que detetámos uma joia que não esperávamos.

Aqui está a folha correspondente a [111 verso].


E neste momento quase todos perguntam: mas o que é que tem de extraordinário a gravura de Nossa Senhora?
É que esta mesma gravura de Nossa Senhora já se tinha cruzado nos meus estudos, em 1995. Então estava mais completa e com outro enquadramento ao qual foi desmembrado ou separado (com engenho). 
A gravura tinha sido utilizada em 1495 ou 1496, por Valentim de Morávia, em Lisboa, quando fez a impressão do Regimento proueytoso contra ha pestenença


tamanho um pouco reduzido


Por onde terá a gravura andado nesse período que vai de 1495 a 1588? Quando foi separada do seu bloco original? São mistérios que talvez um dia encontrem resposta. Já as tarjas são outra história...!

Esta postagem foi escrita, com amizade, lembrando o dia 28 de fevereiro, e evocando o aniversário de HMJ.

3 comentários:

  1. Para JAD:
    Os meus agradecimentos e, lembrando a conversa havida sobre o assunto, fico à espera de novas sobre as tarjas.

    ResponderEliminar
  2. Será que se vai encontrar o «orante» e a «cidade» (parte restante da gravura original) também em separado?
    Desafio a superar...

    ResponderEliminar
  3. Para JAD,
    Para já ainda é cedo para conclusões, para além das duas hipóteses que lhe adiantei na nossa conversa. Embora situando as minhas observações actualmente na 2ª metade do século XVI, e é a altura em que estas vinhetas surgem, tenho ainda vários impressores para obsrvar, como é o caso do António Alvares.

    ResponderEliminar