quarta-feira, 28 de julho de 2021

Leituras na pandemia - 58


De uma entrevista que George Plimpton fez a Hemingway para a Paris Review, em 1958:
«- Quem diria que são os seus antepassados literários, aqueles com quem aprendeu mais?
[E.H.] - Mark Twain, Flaubert, Stendhal, Bach, Turguénev, Tolstoi, Dostoiévski, Tchékhov, Andrew Marvell, John Donne, Maupassant, o bom Kipling, Thoreau, o Capitão Marryat, Shakespeare, Mozart, Quevedo, Dante, Virgílio, Tintoretto, Hieronymus Bosch, Brueghel, Patinir, Goya, Giotto, Cézanne, Van Gogh, Gauguin, San Juan de la Cruz, Góngora... Precisava de um dia inteiro para me lembrar de todos. Além de mais, o resultado havia de dar a ideia de que eu estaria a reclamar uma erudição que não tenho, em vez de estar apenas a tentar lembrar-me de todos aqueles que influenciaram a minha vida e a minha obra. Essa pergunta não é velha nem estúpida. É até uma excelente pergunta. Uma pergunta solene que requer um exame de consciência. Incluí pintores, ou comecei a fazê-lo, porque aprendi tanto com pintores como com escritores. Pergunta-me como é isso possível? Seria preciso mais um dia para poder explicá-lo. Quanto àquilo que se aprende com os compositores e com o estudo da harmonia e do contraponto creio que será óbvio. [...]
- Não falámos das personagens. Todas as personagens da sua obra são retiradas da vida real?
[E.H.] - Claro que não. Algumas são baseadas na vida real. Na maior parte dos casos criam-se personagens a partir do conhecimento, da compreensão e da experiência que se tem das pessoas.»
(Entrevistas da Paris Review. Lisboa: Tinta da china, 2009, vol. 1, p. 120-121, 130)

2 comentários:

  1. Sobre as entrevistas da Paris Review já estamos conversadas: para ler e reler SEMPRE!

    Boas leituras.
    📚

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  2. Esta leitura já foi feita há uns meses, mas guardei este excerto para hoje.
    Boas leituras!

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