terça-feira, 5 de julho de 2022

Leituras no Metro - 1117

Lisboa: Quetzal, 2020

«Madrid, 24 de maio [de 1881]

Eduardo Rosales - El Salón del Prado y la Iglesia de San Jerónimo, ca. 1871. 
Museo Nacional del Prado

«Enquanto Madrid tiver o seu museu e o deixar ver aos estrangeiros, os estrangeiros não terão direito de pedir nenhuma outra coisa a Madrid. [...]
«Entrar no museu de Madrid é na arte um facto tão importante como é na religião o entrar no Santo Sepulcro, em Jerusalém. [...]
«Mas no museu de Madrid há alguma coisa excecional e única, tanto na arte antiga como na moderna.
«Há Velázquez e há Goya.
«Quem nunca viu Velázquez e Goya não conhece as duas mais poderosas forças artísticas que ainda produziu a natureza. [...]
«Goya é o pintor da força e Velázquez o pintor da vida.
«Tudo quanto a arte da pintura tem criado empalidece e recua para um plano secundário, ao lado da obra profunda desses dois mestres imortais.

Goya - Bruxas de Sabbath, ca 1821-1823

«Goya achou a máxima violência que pode atingir a energia de uma conceção estética. [...]
«Goya representa na pintura a mais mordente expressão que pode assumir o sarcasmo, a mais explosiva forma que pode tomar o rancor e o ódio. A sua tinta insulta, infame e dissolve. Os seis pincéis açoitam como azorragues, lanham a pele, dilaceram as carnes. [...]

Velázquez - La meninas, 1656

«Velázquez é de per si só toda uma escola, todo um museu. A sua obra prodigiosa é a história inteira de um século. [...]
«O largo raio da sua visão abrange a vida em todas as suas manifestações, e fixa para a imortalidade todos os tipos preponderantes da sociedade do seu tempo., os tipos da corte e os da Igreja, os tipos da rua e os da taberna, o claustro e o século, a nobreza e a vilanagem, o paraíso e o bordel. É um mundo inteiro o que sucessivamente desfila aos nossos olhos, perante a contemplação dos quadros de Velázquez.» (p. 43-47)

7 comentários:

  1. Pues sí que han cambiado ambas ciudades desde el tiempo de como aparen aquí
    Boa tarde

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  2. Margarida,
    Gosto muito de Ramalho Ortigão.

    Pini,
    Muitíssimo, as cidades e as pessoas. Até nos últimos 50 anos.

    Bom dia para os dois.

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  3. Não me posso queixar pois já entrei no Prado e vi obras de Velásquez e Goya 😉
    E a seguir entrei na Igreja de San Jerónimo para descansar as pernas de tanto andarilhar por Madrid.
    De Ramalho Ortigão apenas li As Farpas, fiquei com curiosidade de ler estas Notas de Viagem.
    Boa tarde! ☀️

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  4. Quando vou ao Prado vejo sempre o autorretrato de Dürer, algum Cranach e Goya. E depois vejo as exposições e mais 'qualquer coisa', sem desprimor, obviamente.
    Boa noite!

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  5. Engraçado, os postais que comprei no Prado foram Las Meninas, as duas Majas, o autorretrato do Durer e dois do edifício do museu, um deles com a porta de Velásquez.
    Não conheço o Cranach 😚 e só entrei no Prado uma vez.
    Boa noite!

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  6. Também costumo ver o «David e Golias» de Caravaggio. Quando mudam os quadros de sítio é um bocado chato.
    A primeira vez que fui ao Prado (1966?) comprei (compraram-me!) um cartaz com o autorretrato de Dürer que esteve anos no meu quarto, numas estranhas companhias. 😂😂😂
    Bom dia!

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