Marianne e Leonard Cohen morreram com poucos meses de diferença em 2016. Quando ele soube que ela estava doente, escreveu-lhe este mail:
"Dearest Marianne,
I’m just a little behind you, close enough to take your hand. This old body has given up, just as yours has too. I’ve never forgotten your love and your beauty. But you know that. I don’t have to say any more. Safe travels old friend. See you down the road. Endless love and gratitude.
Sim, 3 meses e pouco de diferenca, e esse email foi lido no funeral de Marianne e correu mundo como prova de amor eterno. Mas não foi, foi um grande amor, mas não foi eterno. Leonard Cohen era incapaz de ser fiel, teve inúmeras aventuras, numa busca incessante de novas mulheres, novas drogas, novas religiões, novas formas de arte, novas aventuras - talvez daí o seu enorme talento. Marianne sofreu muito, especialmente quando um dia, regressando da Noruega, chegou a Hydra e viu que o seu lugar tinha sido ocupado por uma Suzanne - já não recordo se era a da canção, se a que veio a ser mãe dos seus dois filhos e com a qual não chegou a casar (por medo ou cobardia, como ele próprio confessou). Estando já doente, e sabendo a condição de Marianne, escreveu-lhe e deu-lhe uma morte mais feliz. Acredito que ainda a amasse um bocadinho, aliás, acredito que ainda as amasse todas: há seres assim... Boa tarde!🌞
As Suzannes eram duas diversas: a da música era Suzanne Verdal, a outra era Suzanne Elrod (que consta na fotografia de capa do álbum "Death of a Ladies' Man"), que foi mãe dos seus dois filhos, embora, como posterior à outra e sem ter tido música homónima, ficou conhecida como "Suzanne n.º 2"...
Correctíssimo! Isso eu sei, o que não me recordo foi qual delas abriu a porta à Marianne, mas fosse a 1 ou a 2, deve ter sido extremamente desagradável 😠 Já agora, mais uma curiosidade, embora tenha a certeza que o ptcorvo sabe: a filha de Cohen chama-se Lorca em homenagem a Federico García Lorca. Boa tarde!
Tenho uma curiosidade para a troca: o gosto de Cohen por Lorca, que o levou a homenagear o poeta no nome da filha, manifestou-se ainda em 1986 quando Leonard Cohen co-produziu um álbum dedicado ao poeta espanhol, "Poets in New York / Poetas en Nueva York" (como o livro de Lorca) - assinalando o cinquentenário da morte. Para esse álbum, Cohen traduziu (livremente), musicou e interpretou o poema de Lorca "Pequeño vals vienés", canção que ficou titulada "Take this waltz" (incluída depois, com outro arranjo, no álbum "I'm your man"). O álbum é muito interessante, contando com as interpretações de Mikis Theodorakis, Georges Moustaki, Patxi Andion, David Broza, Angelo Branduardi, Pepe e Paco de Lucia, Manfred Maurenbrecher, Victor Manuel, Lluis Llach, Donovan, Chico Buarque, e Raimundo Fagner.
Está enganada, quem ganhou fui eu: tenho um supremo gozo em poder suscitar coisas que sejam de interesse para outros!
Já agora, suspeito que o nome do filho de Cohen, Adam (que também se dedicou à música, embora me pareça que não herdou minimamente o talento do pai...), tenha também relação com Lorca, com o poema homónimo do mesmo:
Árbol de Sangre riega la mañana por donde gime la recién parida. Su voz deja cristales en la herida y un gráfico de hueso en la ventana.
Mientras la luz que viene fija y gana blancas metas de fábula que olvida el tumulto de venas en la huida hacia el turbio frescor de la manzana,
Adam sueña en la fiebre de la arcilla un niño que se acerca galopando por el doble latir de su mejilla.
Pero otro Adán oscuro está soñando neutra luna de piedra sin semilla donde el niño de luz se irá quemando.
É bem possível que o nome venha daí. A Lorca preferiu a fotografia. Mas eu não sou especialista em Cohen, nada que se pareça. Sempre gostei dele, mas sem saber grande coisa da sua vida privada. A verdade é que estive em Hydra e nem imaginava que ele tinha lá uma casota. Foi há muitos anos, ainda não havia Internet, mas é mais um elo de ligação com este Love Story, livro que sugeri à MR pôr aqui hoje... "e ela disse que sim" 😊
Eu também não sou especialista em Cohen, apenas um muito grato usufrutuário da sua música, dos seus poemas e dos seus escritos.
Há um documentário, com imagens originais, sobre a vida de Cohen em Hydra, chamado "Marianne & Leonard: Words of Love" (trailer em https://youtu.be/YoGE-TZftbw?si=rNCQZqVXxhphtYGU). Vi-o há alguns anos numa plataforma de streaming que não lembro qual.
No ano passado fizeram um filme baseado no livro que recomendou, "So Long Marianne" (trailer em https://youtu.be/k5DWuNY7dnE?si=tAFWiAc9Wku2BVyr).
Num site dedicado a Cohen há uma página sobre a sua residência em Hydra (https://www.leonardcohenfiles.com/hydra2.html)
A biografia de Cohen, "I'm your man", de Sylvie Simmons, está traduzida e publicada em Portugal pela Tinta da China. Li há anos a edição original.
Pois é, desses três links nada vi, não creio que tivessem passado na tv. Dos livros li a Bio da Tinta da China, A Chama da Relógio D'Água, O Jogo Favorito e o Vencidos da Vida da Alfaguara, para além do So Long Marianne, este em inglês; mas a língua não seria problema. Tb um número especial da revista les inRocks2. Foi o que consegui arranjar por aqui. Tenho o smart a carregar; dps terei muito com que me entreter... Obrigada, mais uma vez!
Não sei se vi estes doc e filme, na tv ou no DocLisboa. Mas gostei de todos. Até fiquei com vontade de voltar a Hidra. Tb li a biografia de Cohen, em port., na quarentena. Muito boa. Boa noite!
Na Relógio d'Água estão publicados os 2 volumes de "Poemas e Canções", em boa tradução, valem bem a pena.
Perdoem-me a soberba: tenho a edição original (canadiana) de "The Energy of Slaves" (1972) e a 2ª ed. (canadiana) de "Let us compare mythologies" (1966).
What a lucky Lady you are! Bem podiam passar um desses docs na rtp2 ou na rtp-Memória às 13h ou às 20h, como fazem às vezes. Enfim, é o que temos. Boa noite!🌛
😁😂🤣 De modo nenhum! Eu estava a responder a MR, mas entretanto entrou mais um comentário seu, daí a confusão ☺️ Aliás, creio ter visto, há uns tempos, num outro blog, comentários seus assinados com um nome masculino. Só para terminar (antes de ser corrida deste blog 😉) mais uma curiosidade: a autora da fotografia deste marcador é Lorca Cohen. Boa noite!
Tudo bem, Maria, no offense taken! Até me começou a soar na cabeça o "Luck be a lady tonight", do Sinatra! Aqui vai o vídeo em desagravo para si (https://youtu.be/MfiKk4wxiVM?si=sd-FY0hAnCNxVHH0).
Estaria hoje de Parabéns.
ResponderEliminarDeixou-nos muito para o recordarmos, penso que numa será esquecido, espero que nunca seja esquecido.
Quinta feliz!🍁🍂
*nunca*
ResponderEliminarEsta versão é fabulosa!
ResponderEliminarVou ouVer mais uma vez, não vá o vídeo desaparecer...
Obrigada!🤗
Acredito que ele e as suas canções vão ficar por muitos e bons anos.
ResponderEliminarMarianne e Leonard Cohen morreram com poucos meses de diferença em 2016.
ResponderEliminarQuando ele soube que ela estava doente, escreveu-lhe este mail:
"Dearest Marianne,
I’m just a little behind you, close enough to take your hand. This old body has given up, just as yours has too. I’ve never forgotten your love and your beauty. But you know that. I don’t have to say any more. Safe travels old friend. See you down the road. Endless love and gratitude.
your Leonard"
Sim, 3 meses e pouco de diferenca, e esse email foi lido no funeral de Marianne e correu mundo como prova de amor eterno. Mas não foi, foi um grande amor, mas não foi eterno.
ResponderEliminarLeonard Cohen era incapaz de ser fiel, teve inúmeras aventuras, numa busca incessante de novas mulheres, novas drogas, novas religiões, novas formas de arte, novas aventuras - talvez daí o seu enorme talento.
Marianne sofreu muito, especialmente quando um dia, regressando da Noruega, chegou a Hydra e viu que o seu lugar tinha sido ocupado por uma Suzanne - já não recordo se era a da canção, se a que veio a ser mãe dos seus dois filhos e com a qual não chegou a casar (por medo ou cobardia, como ele próprio confessou).
Estando já doente, e sabendo a condição de Marianne, escreveu-lhe e deu-lhe uma morte mais feliz. Acredito que ainda a amasse um bocadinho, aliás, acredito que ainda as amasse todas: há seres assim...
Boa tarde!🌞
As Suzannes eram duas diversas: a da música era Suzanne Verdal, a outra era Suzanne Elrod (que consta na fotografia de capa do álbum "Death of a Ladies' Man"), que foi mãe dos seus dois filhos, embora, como posterior à outra e sem ter tido música homónima, ficou conhecida como "Suzanne n.º 2"...
ResponderEliminarCorrectíssimo!
EliminarIsso eu sei, o que não me recordo foi qual delas abriu a porta à Marianne, mas fosse a 1 ou a 2, deve ter sido extremamente desagradável 😠
Já agora, mais uma curiosidade, embora tenha a certeza que o ptcorvo sabe: a filha de Cohen chama-se Lorca em homenagem a Federico García Lorca.
Boa tarde!
Boa tarde, Maria!
ResponderEliminarTenho uma curiosidade para a troca: o gosto de Cohen por Lorca, que o levou a homenagear o poeta no nome da filha, manifestou-se ainda em 1986 quando Leonard Cohen co-produziu um álbum dedicado ao poeta espanhol, "Poets in New York / Poetas en Nueva York" (como o livro de Lorca) - assinalando o cinquentenário da morte. Para esse álbum, Cohen traduziu (livremente), musicou e interpretou o poema de Lorca "Pequeño vals vienés", canção que ficou titulada "Take this waltz" (incluída depois, com outro arranjo, no álbum "I'm your man"). O álbum é muito interessante, contando com as interpretações de Mikis Theodorakis, Georges Moustaki, Patxi Andion, David Broza, Angelo Branduardi, Pepe e Paco de Lucia, Manfred Maurenbrecher, Victor Manuel, Lluis Llach, Donovan, Chico Buarque, e Raimundo Fagner.
Upps, esqueci-me:
ResponderEliminaro álbum está acessível aqui (https://www.youtube.com/playlist?list=OLAK5uy_lWlbrBLGEt0UgLMSh8SxecLUhN9ipncns)
Olá, ptcorvo!
EliminarPorque será que penso que fiquei a ganhar com a troca de curiosidades?
Irei ouvir atentamente mais logo.
Muito obrigada!
Está enganada, quem ganhou fui eu: tenho um supremo gozo em poder suscitar coisas que sejam de interesse para outros!
ResponderEliminarJá agora, suspeito que o nome do filho de Cohen, Adam (que também se dedicou à música, embora me pareça que não herdou minimamente o talento do pai...), tenha também relação com Lorca, com o poema homónimo do mesmo:
Árbol de Sangre riega la mañana
por donde gime la recién parida.
Su voz deja cristales en la herida
y un gráfico de hueso en la ventana.
Mientras la luz que viene fija y gana
blancas metas de fábula que olvida
el tumulto de venas en la huida
hacia el turbio frescor de la manzana,
Adam sueña en la fiebre de la arcilla
un niño que se acerca galopando
por el doble latir de su mejilla.
Pero otro Adán oscuro está soñando
neutra luna de piedra sin semilla
donde el niño de luz se irá quemando.
É bem possível que o nome venha daí. A Lorca preferiu a fotografia.
EliminarMas eu não sou especialista em Cohen, nada que se pareça.
Sempre gostei dele, mas sem saber grande coisa da sua vida privada.
A verdade é que estive em Hydra e nem imaginava que ele tinha lá uma casota. Foi há muitos anos, ainda não havia Internet, mas é mais um elo de ligação com este Love Story, livro que sugeri à MR pôr aqui hoje... "e ela disse que sim" 😊
Eu também não sou especialista em Cohen, apenas um muito grato usufrutuário da sua música, dos seus poemas e dos seus escritos.
ResponderEliminarHá um documentário, com imagens originais, sobre a vida de Cohen em Hydra, chamado "Marianne & Leonard: Words of Love" (trailer em https://youtu.be/YoGE-TZftbw?si=rNCQZqVXxhphtYGU). Vi-o há alguns anos numa plataforma de streaming que não lembro qual.
No ano passado fizeram um filme baseado no livro que recomendou, "So Long Marianne" (trailer em https://youtu.be/k5DWuNY7dnE?si=tAFWiAc9Wku2BVyr).
Num site dedicado a Cohen há uma página sobre a sua residência em Hydra (https://www.leonardcohenfiles.com/hydra2.html)
A biografia de Cohen, "I'm your man", de Sylvie Simmons, está traduzida e publicada em Portugal pela Tinta da China. Li há anos a edição original.
Pois é, desses três links nada vi, não creio que tivessem passado na tv.
EliminarDos livros li a Bio da Tinta da China, A Chama da Relógio D'Água, O Jogo Favorito e o Vencidos da Vida da Alfaguara, para além do So Long Marianne, este em inglês; mas a língua não seria problema.
Tb um número especial da revista les inRocks2.
Foi o que consegui arranjar por aqui.
Tenho o smart a carregar; dps terei muito com que me entreter...
Obrigada, mais uma vez!
Não sei se vi estes doc e filme, na tv ou no DocLisboa. Mas gostei de todos. Até fiquei com vontade de voltar a Hidra.
ResponderEliminarTb li a biografia de Cohen, em port., na quarentena. Muito boa.
Boa noite!
Na Relógio d'Água estão publicados os 2 volumes de "Poemas e Canções", em boa tradução, valem bem a pena.
ResponderEliminarPerdoem-me a soberba: tenho a edição original (canadiana) de "The Energy of Slaves" (1972) e a 2ª ed. (canadiana) de "Let us compare mythologies" (1966).
What a lucky Lady you are!
ResponderEliminarBem podiam passar um desses docs na rtp2 ou na rtp-Memória às 13h ou às 20h, como fazem às vezes.
Enfim, é o que temos.
Boa noite!🌛
ptcorvo,
ResponderEliminarHá pessoas com sorte.
Maria,
Parece-me que algum destes passou na RTP2.
Boa noite para os dois.
É possível! Eu tive uns anos terríveis, sem tempo para mim e para as minhas 'coisinhas'.
EliminarÉ bem possível 😪
Maria, you're half right: I've been lucky, but I've never, ever been a Lady!
ResponderEliminarBoa noite!
😁😂🤣
EliminarDe modo nenhum!
Eu estava a responder a MR, mas entretanto entrou mais um comentário seu, daí a confusão ☺️
Aliás, creio ter visto, há uns tempos, num outro blog, comentários seus assinados com um nome masculino.
Só para terminar (antes de ser corrida deste blog 😉) mais uma curiosidade: a autora da fotografia deste marcador é Lorca Cohen.
Boa noite!
Tudo bem, Maria, no offense taken!
ResponderEliminarAté me começou a soar na cabeça o "Luck be a lady tonight", do Sinatra!
Aqui vai o vídeo em desagravo para si (https://youtu.be/MfiKk4wxiVM?si=sd-FY0hAnCNxVHH0).
Boa noite!