No Evangelho segundo São Lucas na liturgia de hoje (Solenidade da Imaculada Conceição) ouvimos a Anunciação. O encontro entre o Arcanjo Gabriel e a Virgem Maria l é um dos temas mais representados na arte sacra, desde a Antiguidade Romana.
Em São Roque, na Capela de São João Batista, podemos admirar a Anunciação pintada por Agostino Masucci (1690 - 1758). A nossa nova vinheta!
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Para quem visitou a Igreja de S. Roque, onde se integra a valiosa Capela de São João Baptista (não por acaso, a sua "erecção", nos sentidos canónico e setecentista do termo, aconteceu por determinação do rei "Magnânimo", que investiu na Arte Sacra monumental parte dos recursos recebidos do Brasil), é sempre agradável apreciar, uma vez mais, os belíssimos trabalhos da "Real Capela", como a belíssima "Anunciação", uma obra-prima (mosaico lateral direito) concebida por Agostino MASUCCI.
ResponderEliminarE já agora, que falamos de um assunto relacionado com o património artístico de um Templo de Lisboa, não me surpreende o meu regresso à leitura do pequeno excerto de um precioso livrinho que, no quadro de uma assumida síntese interpretativa e historiográfica tradicional, ultrapassa, no entanto, a visão simplista e esquemática de certos "roteiros" turísticos sobre a Capital [in, pág. 26 do "Breve Passeio pelo Nosso Portugal", um peculiar testemunho que, em 1953, Nicolau FIRMINO dedicou, de modo especial, à (muito) significativa "Excursão de Professores Brasileiros à Europa", que decorreu entre os dias 28.12.52 e 04.01.53]:
"A Capela de São João Baptista, depois da Capela Sistina, em Roma, é a mais deslumbrante do mundo. Foi construída em Roma, por mandado de D. João V, em 1740, e nela celebrou missa, estreando-a, o Papa Benedicto XIV [curiosamente, o pontífice Bento XIV (1740-1758) foi eleito no "terminus" de seis longos meses de Conclave (obs. de F. FIRMINO)...], tendo sido desarmada e reconstruída em Lisboa, em 1752. / D. João V estregou a Sua Santidade um estipêndio generoso por esta missa num altar novo. / Todos os painéis são em mosaico de pedras ricas, trabalhados pelos melhores artistas da época. O arco e as pilastras são de mármore branco, e de mármores de Carrara. O pavimento é de mosaico de pórfiro oriental. Tem, no centro, a esfera armilar, com um festão de rosas. / O altar é de lápis-lazúli, com cantos de diásporo. Os anjos e querubins são de mármore de Carrara. Os quadros são magníficos. Tudo ali rescende à riqueza e à grandeza de D. João V. (...)"
Muito Boa Noite!
P.S.: Neste simbólico Dia, em que, um pouco independentemente das suas opções filosóficas, enquanto crentes, agnósticos ou ateus, há sempre "melómanos" que não resistem à audição emocionante do CD "Vésperas de Nossa Senhora", de João de SOUSA CARVALHO (1745-1798), uma gravação do Centre de Musique Baroque de Versailles (ed. AUVIDIS, 1996), foi possível "recuperar" um precioso programa televisivo (RTP/Memória, da última terça-feira), que divulgou mais um "episódio" dos interessantes depoimentos de Mário SOARES, à conversa com Clara ALVES.
Pormenor digno de anotação: o controverso reformista (e, no entanto, respeitado democrata), cuja formação cultural e humana era, apesar de tudo bem distinta das reduzidas ambições humanísticas do "estadista" de Boliqueime, não escondeu o seu compreensível olhar a propósito de questões candentes, como a catastrófica desagregação da União Soviética (de recordar a estranha "cimeira", realizada nas costas dos Povos da URSS, em 8 de Dezembro de 1991) e a sua tolerância perante a diversidade das atitudes religiosas (despertou-me a atenção o impacto das imagens da presença do "laico" ex-Presidente da República na Sinagoga de Lisboa; e, de repente lembrei-me das nossas visitas, de facto inolvidáveis, às Grandes Sinagogas de Paris e Lyon, ao Museu [Parisiense] de Arte e História do Judaísmo e ao próprio Memorial do Holocausto [próximo do Sena]).
Na semana passada fui com um amigo francês visitar a Igreja de São Roque.
ResponderEliminarBoa semana!
É, sem dúvida, em determinadas Igrejas, repletas de especial simbolismo (histórico, artístico e afectivo), uma dimensão que ultrapassa de longe a dimensão redutora do catolicismo tradicional (dos "Mistérios do Rosário", da Via-Sacra e de outras piedosas e intermináveis orações), templos que foram decisivos nas nossas vidas - no meu caso pessoal, em localidades tão diversas como Silvares (Fundão), Lisboa (S. João de Deus, S. Roque, Mártires e Estrela), Setúbal (S. Sebastião), Coimbra (Santa Cruz), o Porto (Lapa), Viana do Castelo (S. Domingos) e Paris (Notre-Dame e Igreja Ortodoxa "Saint-Alexandre-Nevski") -, que, de facto, nos (re)encontramos connosco e temos a impressão de que, no fundo, as imagens longínquas dos degraus dos altares, tantas vezes mitificadas no(s) subconsciente(s), nos acompanham até ao fim, ainda quando, naturalmente, nos desvinculamos das Religiões institucionais dominantes!...
ResponderEliminarDe certo modo, é neste quadro de influências (espirituais e, sobretudo, culturais) que importa "complementar", mesmo de forma (muito) telegráfica, as referências a algumas das instituições judaicas essenciais, cuja importância patrimonial nem sempre temos o ensejo de testemunhar, "in loco":
Sinagoga de Lisboa (Rua Alexandre Herculano, próximo do Largo do Rato); Sinagoga e Museu Judaico do Porto (Rua Guerra Junqueiro); Sinagoga e Museu Judaico de Belmonte (Rua Fonte da Rosa e Rua da Portela, respectivamente); Grande Synagogue de Lyon (Quai Tilsitt, na margem esquerda do Saône); Grande Synagogue de Paris (Rue de la Victoire); Musée d'Art et d'Histoire du Judaïsme (Rue du Temple, numa zona histórica Parisiense); Mémorial de la Shoah [Holocausto e Resistência (das vítimas do Nazi-Fascismo em França)] (Rue Geoffroy, num bairro igualmente central, na margem direita do Seine); e, ainda, a "extensão" do anterior "Mémorial" em DRANCY (Avenue Jean-Jaurès), nesta "urbe" dos arredores da "Cidade-Luz"...
Muito grato pela atenção e Boa Noite!
Muito obrigado por toda esta exposição interessantíssima, Fernando
EliminarVemos, pelo espontâneo comentário de FILIPE, cuja simpatia agradeço, que, afinal, muito(a)s de nós preservamos, ainda e sempre, os valores do Património Cultural, cujo elevado interesse (colectivo) ultrapassa, porém, o âmbito dos Bens Culturais, nem sempre salvaguardados, da "Santa Madre" Igreja Católica...
ResponderEliminarBoa Noite para todo(a)s!