Em Dezembro de 1938, Himmler ordena a construção do campo de concentração de Ravensbrück em Bradenburgo que é concluída por presos do campo de concentração de Sachsenhausen dentro de poucas semanas.
A partir de Maio de 1939, chegam os transportes com milhares de mulheres: judias, ciganas, prostitutas, membros da resistência, religiosas, testemunhas de Jeová – a ideologia nazi “encarrega-se” de justificar as detenções. Ravensbrück viria a ser o maior campo de concentração para mulheres durante o Terceiro Reich.
Muitos são os transportes provenientes de França. Juliette Gréco ou Elisabeth Pelletier de Chambre, esposa de Philippe de Rothschild (membro da resistência francesa), são deportadas para este recinto.
Em 1944, é decidido o extermínio sistemático nas câmaras de gás. Ravensbrück - um lugar sem retorno.
Nina von Stauffenberg é detida por motivos políticos durante cinco meses em prisão solitária. Continua a desconhecer o paradeiro dos seus filhos. Devido à sua gravidez, “tem direito” a uma alimentação ligeiramente melhor. Testemunhas de Jeová que Nina recorda como “muito amáveis” dão-lhe as refeições. Através de uma pequena janela na sua cela, assiste às cenas horrendas de massacres e de humilhações das detidas.
Entre os transportes de mulheres mais recentes encontra-se Anna von Lerchenfeld. A terrível notícia de que a própria mãe é presa em Ravensbrück atinge Nina profundamente. A poucos metros de distância, mãe e filha nunca viriam a cruzar-se: a Direcção do campo impede deliberadamente um encontro entre as duas.
A partir de Maio de 1939, chegam os transportes com milhares de mulheres: judias, ciganas, prostitutas, membros da resistência, religiosas, testemunhas de Jeová – a ideologia nazi “encarrega-se” de justificar as detenções. Ravensbrück viria a ser o maior campo de concentração para mulheres durante o Terceiro Reich.
Muitos são os transportes provenientes de França. Juliette Gréco ou Elisabeth Pelletier de Chambre, esposa de Philippe de Rothschild (membro da resistência francesa), são deportadas para este recinto.
Em 1944, é decidido o extermínio sistemático nas câmaras de gás. Ravensbrück - um lugar sem retorno.
Nina von Stauffenberg é detida por motivos políticos durante cinco meses em prisão solitária. Continua a desconhecer o paradeiro dos seus filhos. Devido à sua gravidez, “tem direito” a uma alimentação ligeiramente melhor. Testemunhas de Jeová que Nina recorda como “muito amáveis” dão-lhe as refeições. Através de uma pequena janela na sua cela, assiste às cenas horrendas de massacres e de humilhações das detidas.
Entre os transportes de mulheres mais recentes encontra-se Anna von Lerchenfeld. A terrível notícia de que a própria mãe é presa em Ravensbrück atinge Nina profundamente. A poucos metros de distância, mãe e filha nunca viriam a cruzar-se: a Direcção do campo impede deliberadamente um encontro entre as duas.
A sua fé ajuda Nina a suportar melhor esta angústia bem como o afastamento dos filhos: “Entregamo-nos na mão de Deus, e isso já em si é uma grande ajuda” refere Nina.
A condessa conta com outro apoio precioso na pessoa da sua cunhada, Melitta von Stauffenberg. A mulher de Alexander von Stauffenberg, detida logo após o atentado, é libertada pelo facto de ser aviadora, o que é de interesse estratégico para o regime. A troca de correspondência com Melitta representa o único contacto que Nina tem com o mundo exterior.
Finalmente, através de Melitta, Nina vem a saber que os seus quatros filhos se encontram bem de saúde, num lar infantil em Bad Sachsa.
Em Janeiro de 1945, Nina recebe ordens de preparar os seus poucos pertences. Acompanhada da Gestapo, sai do campo sem conhecer o destino. São-lhe oferecidos alguns acessórios para bebés e um cobertor. No meio de todo o desespero, nasce a esperança de poder vir a dar à luz.
De comboio, parte primeiro para a pequena localidade de Seeläsgen (hoje Przełazy, Polónia). Segue para Frankfurt an der Oder, onde, após uma breve passagem por um campo de refugiados, é internada numa clínica. É-lhe atribuído um quarto individual, algo com que Nina não sonhava, tendo em conta as condições vividas em Ravensbrück poucos dias antes. A vigilância permanente pela SS torna-se suportável nestas circunstâncias.
A 27 de Janeiro de 1945, nasce a filha mais nova, Konstanze.
A partir de Fevereiro desse ano, a situação na Alemanha é caótica. A guerra está perdida, os Aliados entram em território alemão. A população alemã tenta fugir às tropas estrangeiras, em particular aos tanques do Exército Vermelho que se aproximam de Leste. Nina e sua filha, sob constante vigilância, são submetidas a uma verdadeira odisseia. Percorrem várias cidades até chegar a Potsdam. São internadas num hospital, quer a mãe quer a filha encontram-se em estado de saúde frágil. A 12 de Abril de 1945, Konstanze é baptizada - pela terceira vez, pois nem a mãe nem o sacerdote que assiste ao baptizado sabem que Konstanze tinha sido baptizada anteriormente, “à cautela”, por uma freira e um padre.
Também neste hospital, recebe Nina a triste notícia do falecimento da sua mãe: Anna von Lerchenfeld tinha sido deportada de Ravensbrück em direcção a Leste. Vítima de tifo, morreu no campo de concentração de Stutthof a 6 de Fevereiro de 1945.
A odisseia continua: com a capitulação da Alemanha à vista, Nina é entregue à guarda da SS ou Gestapo à revelia. Existe algum plano para ela e a filha? Quem dava as instruções? Quem decidiria sobre o seu destino?
Nina percorre novamente várias cidades em direcção à Baviera e Baden-Württemberg. A 8 de Maio de 1945, a Alemanha declara a sua capitulação. O agente da SS que acompanha Nina e Konstanze terá receio das represálias e retaliações que as tropas americanas poderão vir a exercer sobre ele, pois apenas assim é explicável a atitude de deixar Nina e a filha fugir.
Fim da Segunda Guerra Mundial, pelo menos na Europa. O Terceiro Reich e o regime nazi são derrotados. Os quatro exércitos aliados repartem entre si o território alemão.
È neste contexto, já de liberdade, que Nina procura seus quatro filhos com a ajuda de familiares e amigos.
Em Junho de 1945, Nina encontra finalmente os seus filhos sãos e salvos em Lautlingen. Decorrido quase um ano após o atentado, o martírio de Nina termina.
To be continued
Imagens: Juliette Gréco; Melitta von Stauffenberg; libertação do campo de concentração de Ravensbrück em Abril de 1945; célebre foto que mostra um soldado soviético a içar a bandeira soviética em Berlim; Nina e os seus cinco filhos em Lautlingen, Verão de 1947
Porque hoje é domingo e porque foi aqui «falada» a Juliette Gréco, fica a letra de uma sua canção. Letra (um pouco longa) da autoria de Charles Aznavour:
ResponderEliminarJe hais les dimanches*
Tous les jours de la semaine
Sont vides et sonnent le creux
Bien pire que la semaine
Y a le dimanche prétentieux
Qui veut paraître rose
Et jouer les généreux
Le dimanche qui s'impose
Comme un jour bienheureux
Je hais les dimanches !
Je hais les dimanches !
Dans la rue y a la foule
Des millions de passants
Cette foule qui coule
D'un air indifférent
Cette foule qui marche
Comme à un enterrement
L'enterrement d'un dimanche
Qui est mort depuis longtemps.
Je hais les dimanches !
Je hais les dimanches !
Tu travailles toute la semaine et le dimanche aussi
C'est peut-être pour ça que je suis de parti-pris
Chéri, si simplement tu étais près de moi
Je serais prête à aimer tout ce que je n'aime pas.
Les dimanches de printemps
Tout flanqués de soleil
Qui effacent en brillant
Les soucis de la veille
Dimanche plein de ciel bleu
Et de rires d'enfants
De promenades d'amoureux
Aux timides serments
Et de fleurs aux branches
Et de fleurs aux branches
Et parmi la cohue
Des gens, qui, sans se presser,
Vont à travers les rues
Nous irions nous glisser
Tous deux, main dans la main
Sans chercher à savoir
Ce qu'il y aura demain
N'ayant pour tout espoir
Que d'autres dimanches
Que d'autres dimanches
Et tous les honnêtes gens
Que l'on dit bien-pensants
Et ceux qui ne le sont pas
Et qui veulent qu'on le croie
Et qui vont à l'église
Parce que c'est la coutume
Qui changent de chemise
Et mettent un beau costume
Ceux qui dorment vingt heures
Car rien ne les en empêche
Ceux qui se lèvent de bonne heure
Pour aller à la pêche
Ceux pour qui c'est le jour
D'aller au cimetière
Et ceux qui font l'amour
Parce qu'ils n'ont rien à faire
Envieraient notre bonheur
Tout comme j'envie le leur
D'avoir des dimanches
De croire aux dimanches
D'aimer les dimanches
Quand je hais les dimanches ...
* às vezes, nem sempre... Agora em férias não se dá muito pelos domingos.
Esta história levou-me a pensar na mordacidade de Mário-Henrique Leiria, "Contos do Gin":
ResponderEliminarSURPRESAS DA PESCA
Não tinha dado nada.
Preparava-me para voltar para casa, mas resolvi atirar a linha uma última vez.
Senti um esticão bem forte. Segurei firme e comecei a enrolar o carreto com cuidado, devagar. E não é que vejo vir um nazi no anzol!! Um nazi bem bom, dos grandes! Fiquei admiradíssimo, tinham-me dito que já não havia. (...)
MÁRIO-HENRIQUE LEIRIA, Contos do Gin
Infelizmente,ainda os há. Tanto dos originais-espalhados pela Alemanha,Argentina,Paraguai e Chile, como dos neo-estes por toda a Europa(até por cá),e pela América.
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