" (...) Pascal, o génio precoce da Geometria e da Física, autor aos 17 anos de um Ensaio sobre as Cónicas, e aos 19 anos criador da primeira máquina de calcular; o investigador original e fecundo dos fenómenos hidrostáticos e da teoria do vácuo; o pensador- moralista, psicólogo, exegeta dos textos sagrados; o filósofo que trouxe novas e penetrantes luzes à teoria do conhecimento; o polemista ardente e por vezes cruel em matéria religiosa, que travou, com as suas Cartas a um Provincial e outros escritos do mesmo género, as mais ásperas batalhas nos terrenos da fé e da moral cristã; o quase místico, o quase santo, que viu uma obra sua no Index ; o homem de salão que aborreceu depressa o mundo e quis morrer como asceta; o cientista que da ciência humana procurou erguer-se até à sabedoria divina- é uma personalidade tão complexa e densa, de interesses ao mesmo tempo tão especializados e tão universais e, por outro lado, tem sido autor tão diversa e contraditoriamente interpretado ao longo dos séculos, que toda a tentativa de síntese definidora com intuito de divulgação repugna a quem se debruçou alguma coisa sobre este grande vulto da história da cultura ocidental. (...) "
- Esther de Lemos, Introdução aos Pensamentos Escolhidos de Pascal, Editorial Verbo, 1972.
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