segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Equinócio de Setembro

O Outono chega... aqui fica uma balada


a versão cantada é diferente da versão escrita, que também aqui se regista:

BALADA DO OUTONO

Águas
E pedras do rio
Meu sono vazio
Não vão
Acordar
Águas
Das fontes calai
Ó ribeiras chorai
Que eu não volto
A cantar

Rios que vão dar ao mar
Deixem
meus olhos secar
Águas
Das fontes calai
Ó ribeiras chorai
Que eu não volto
A cantar

Águas
Do rio correndo
Poentes morrendo
P'ràs bandas do mar
Águas
Das fontes calai
Ó ribeiras chorai
Que eu não volto
A cantar

Rios que vão dar ao mar
Deixem
meus olhos secar
Águas
Das fontes calai
Ó ribeiras chorai
Que eu não volto
A cantar


José Afonso, 1929-1987

3 comentários:

  1. Ao Outono que este ano chegou com chuva.

    "Chove...

    Mas isso que importa!,
    se estou aqui abrigado nesta porta
    a ouvir na chuva que cai do céu
    uma melodia de silêncio
    que ninguém mais ouve
    senão eu?

    Chove...

    Mas é do destino
    de quem ama
    ouvir um violino
    até na lama.

    José Gomes Ferreira, Poesia II, Lisboa: Portugália Editora, 1972, p.141.
    22 de Setembro de 2008 22:47

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  2. Ao Zeca Afonso que cantou os "Vampiros" e de quem guardo na memória as canções de intervenção, a luta contra a repressão, o medo e a falta de liberdade:
    - Obrigada pelo seu fado!

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  3. Gosto imensíssimo do Zeca e esta é umas das minhas preferidas, muito referida aquando da sua morte:
    «Águas
    «Das fontes calai
    «Ó ribeiras chorai
    «Que eu não volto
    «A cantar».

    Boa maneira de dar as boas vindas ao Outono.

    E também já percebi que anda por aqui um «anónimo» que é grande apreciador de José Gomes Ferreira. Eu também sou.
    M.

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