«Segundo a tradição da gente japonesa, Darumá, o grande apóstolo indiano do budismo, veio à China aí pelo começo do século VI da nossa era cristã, e em terras chinesas pregou em honra da verdade, iluminando o espírito dos povos.
«Consta que, por voluntária desistência das efémeras alegrias terreais, Darumá votou-se a passar a vida de joelhos sobre o solo pedregoso, absorto em contemplações místicas, sem mesmo permitir-se o simples regalo de dormir. [...]
«Consta mais que, em certa noite, as pálpebras se lhe cerraram de fadiga, e o bom Darumá deixou-se adormecer, para só acordar pela manhã. Então, pedindo a alguém uma tesoura ou instrumento parecido, cortou a si próprio as pálpebras indignas e arremessou-as ao solo, num gesto de despeito... As pálpebras, por milagre, enraizaram, dando nascença a um gracioso arbusto nunca visto, que medrou muito de pronto e cujas folhas, tratadas de infusão pela água quente, foram um remédio precioso contra o sono e contra o cansaço das vigílias. Estava conhecido o chá; tem pois na China a sua origem, e é coisa santa, como se acaba de provar.»
Venceslau de Morais – O culto do chá. 2.ª ed. Lisboa: Vega, 1996, p. 17-18. Com desenhos de Yoshiaki.
«Consta que, por voluntária desistência das efémeras alegrias terreais, Darumá votou-se a passar a vida de joelhos sobre o solo pedregoso, absorto em contemplações místicas, sem mesmo permitir-se o simples regalo de dormir. [...]
«Consta mais que, em certa noite, as pálpebras se lhe cerraram de fadiga, e o bom Darumá deixou-se adormecer, para só acordar pela manhã. Então, pedindo a alguém uma tesoura ou instrumento parecido, cortou a si próprio as pálpebras indignas e arremessou-as ao solo, num gesto de despeito... As pálpebras, por milagre, enraizaram, dando nascença a um gracioso arbusto nunca visto, que medrou muito de pronto e cujas folhas, tratadas de infusão pela água quente, foram um remédio precioso contra o sono e contra o cansaço das vigílias. Estava conhecido o chá; tem pois na China a sua origem, e é coisa santa, como se acaba de provar.»
Venceslau de Morais – O culto do chá. 2.ª ed. Lisboa: Vega, 1996, p. 17-18. Com desenhos de Yoshiaki.
Embora, não tenha falado do chá, sou amante de chás. Bebo diariamente um litro de chá: chá verde (Camellia sinensis), chá preto (earl grey), chá branco e chá vermelho (rooibos).
ResponderEliminarQuem me iniciou neste culto foi a minha avó.
Foi com prazer que li o seu post: o culto do chá de Venceslau de Morais.
Sou também apreciadora do cerimonial do chá japonês, pelo ritual: a beleza dos símbolos, tais como, o uso do Kimono, o arranjo de flores, a cerâmica apropriada, a etiqueta e a caligrafia.
"A cerimónia do chá requer muitos anos de treino. . .antes de dominar toda esta técnica, cada detalhe, significa mais do que simplesmente servir o chá. É crucial que os movimentos sejam perfeitos, o mais educado, mais gracioso, e usando os bons modos".
Lafcadio Hearn
Se miss Tolstoi descobre que gosta de chá, ainda vamos os três tomar uma chávena.
ResponderEliminarSerá que se está a meter comigo?
ResponderEliminarMas sabe?, gosto imenso do Wenceslau de Morais e dos seus livros sobre o Japão.
Em relação ao comentário «anónimo», eu também gosto de chá e os meus preferidos são os que indicou, excepto o chá branco. Experimentei-o talvez duas vezes e o gosto deve ser tão, mas tão subtil, que não me soube a nada. Tive pena... Talvez o tenha escolhido mal.
ResponderEliminarMiss Tolstoi,
ResponderEliminarO sabor do chá branco é, de facto, subtil. Não me lembro do lote que adquiri. Mas gostei muito do seu sabor.