HEROÍSMOS
Eu temo muito o mar, o mar enorme,
Solene, enraivecido, turbulento,
Erguido em vagalhões, rugindo ao vento;
O mar sublime, o mar que nunca dorme.
Eu temo o largo mar, rebelde, informe,
De vítimas famélico, sedento,
E creio ouvir em cada seu lamento
os ruídos de um túmulo disforme.
Contudo, num barquinho transparente,
No seu dorso feroz vou blasonar,
tufada a vela e n' água quase assente,
E ouvindo muito ao perto o seu bramar,
Eu rindo, sem cuidados, simplesmente,
Escarro, com desdém, no grande mar!
Cesário Verde
(1855 -1866)
"E ouvindo muito ao perto o seu bramar,
ResponderEliminarEu rindo, sem cuidados, simplesmente,
Escarro, com desdém, no grande mar!"
Sorri com este soneto. Que desdem pelo mar...
A.R.