sábado, 20 de dezembro de 2008

Os meus poemas -19

O MÊS DE DEZEMBRO

I

continuamente, escuta, me destruo
e as longas águas sem sossego fogem
e o ossos de dezembro coincidem
e são do inverno estas metamorfoses

não falarei da vida porque a vida
perdidamente triste se sustenta
de surdos pensamentos e desastres
e devagar a luz se lhe estrangula

sempre assim foi esta periferia
da escrita a desfazer-se e é no inverno
que nos olhamos com ferocidade
antes que o tempo devore outros discursos

Vasco Graça Moura
(1942 - )

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