O MÊS DE DEZEMBRO
I
continuamente, escuta, me destruo
e as longas águas sem sossego fogem
e o ossos de dezembro coincidem
e são do inverno estas metamorfoses
não falarei da vida porque a vida
perdidamente triste se sustenta
de surdos pensamentos e desastres
e devagar a luz se lhe estrangula
sempre assim foi esta periferia
da escrita a desfazer-se e é no inverno
que nos olhamos com ferocidade
antes que o tempo devore outros discursos
Vasco Graça Moura
(1942 - )
2 comentários:
Grande poeta e grande tradutor de poesia.
Adoro Vasco Graça Moura e a sua lucidez.
A.R.
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