Prosimetron

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sábado, 18 de setembro de 2010

Novidades - 142


Um post de hoje do Arpose, blogue sempre recomendável, lembrou-me este ensaio publicado recentemente pela Bizâncio.
E se se fizesse uma sondagem entre nós, tenho a certeza que a pergunta seria esmagadoramente respondida na afirmativa, mas a praxis lusa, e não só por cá, infelizmente é outra...

Oktoberfest

Começou hoje mais uma edição do maior e mais antigo (200 anos) festival de cerveja do mundo, o Oktoberfest de Munique, que se prolongará até 4 de Outubro. E é mais do que um festival de cerveja, é o maior festival popular da Baviera e um dos maiores da Alemanha. E a verdade é que, apesar dos conhecidos excessos, é raro o registo de ocorrências violentas.

A propósito da proposta para o novo mapa de freguesias de Lisboa


https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj6gTMOjlITuXnRbOfFw2hZ8mj8IZ7D0iyqebUpcCOYvbFiighwLdp2I_5qRLyk7sCAkcZXporoIgBq6qNrqaTKaTd9pXoBTIujAGF0soa-qRpXa8eN_k7-kDxGpc8RsLmbFhTJUO2BON4/s400/mapa.bmp

De acordo com a proposta de António Costa, Lisboa passará (?) a ter 29 freguesias, em vez das actuais 53.

«Um autarca manifestou incómodo por, numa reforma deste tipo, poderem vir a misturar-se grupos sociais com características muito diferentes. Mas isso é que é a cidade, que não pode, para sobreviver, aceitar que existam freguesias de primeira e de segunda, ilhas de pobreza segregadas dos paraísos afluentes, bolsas de desafogo urbano no meio de um deserto sem perspectivas de crescimento. A cidade ou é democrática e interclassista ou não é uma cidade.»
António Mega Ferreira - «Uma esperança para Lisboa»
In: Notícias Sábado, 18 Set. 2010, p. 22

O destaque em bold (vermelho) é da minha responsabilidade.

Guerra Junqueiro e João Penha


http://i44.tinypic.com/21lvccl.jpg

(Despique, numa noite de boémia académica, na bodega do Campos da Baixa - do Homem do Gás - em Coimbra.)

PENHA:

Iam caminho de Sintra,
Montados num só jumento,
Um vate e um dandy pelintra,
Soltando canções ao vento.

Pára o burro; é como chumbo.
Diz-lhe o bardo: «Ó gâmbias podres!»
Responde o triste: «Sucumbo
Sob o peso de tais odres.»

... ... ...

Junqueiro, que vens de junco,
Tu, que és pássaro bisnau,
Não abres o bico adunco?
Pois não me sentiste o pau?

JUNQUEIRO:

O Penha borracho
Corria, cantando,
No dorso dum macho,
Mas eis senão quando
A besta o estira
Na lama da praça.
Quebrou-se-lhe a taça,
Quebrou-se-lhe a lira,
Quebrou-se-lhe tudo
E o pobre Oliveira
Só não diz asneira
Quando fica mudo.

PENHA:

Afinaste a veia chata,
Bebeste o copo dum borco,
E a cidade, estupefacta,
Ouviu o grunhir dum porco.

JUNQUEIRO:

Porco és tu, meu animal,
Porque as vermelhas canções,
Que sacas do teu bestunto,
São vermelhos salpicões,
Não são versos, são presunto.

PENHA:

Acertou-te a pedra, e de arte
Que te fiz na testa um galo,
E forcejas por vingar-te
Como se vinga um cavalo.

JUNQUEIRO:

Dou-te um conselho, Oliveira,
Como estás com muita pressa,
Vai coser a borracheira,
Meu menestral de tripeça!

... ... ...

In: Obras de Guerra Junqueiro. Porto: Lello & Irmão, s.d., p. 1043-1045

Nota: João Penha chamava-se João de Oliveira Penha Fortuna.

Para o Jad, enquanto não aparece o poema da cabra.
Um dia destes ponho um conto, adaptado por Junqueiro e que faz parte dos Contos para a infância - não dou com o livro, que inclui uma cabra.

Em português - 32

Os Deolinda com uma do novo disco. Chama-se esta Um Contra O Outro.
Sai de casa e vem comigo para a rua. Ouviste?

Évora

Frescos quinhentistas.

Ainda Berlusconi...

O vosso Primeiro-Ministro é uma dádiva do Senhor.

Disse Berlusconi aos jornalistas, na sua recente visita a Moscovo. Quanto a mim, a cara de Putin é eloquente. E o Senhor que os carregue...

Lotte Lenya

September Song na voz de Lotte Lenya ( já bem biografada no Prosimetron pelo nosso Filipe V.Nicolau) , com música do seu marido, Kurt Weill, e letra de Maxwell Anderson.

ONDE ME APETECIA ESTAR - 41 : Parc Floral







Era, mais uma vez, na Cidade-Luz, mais propriamente no Parc Floral de Paris, neste que é o penúltimo fim-de-semana do Classique au vert (7Ag-26Set,http://www.classiqueauvert.fr), onde também hoje e amanhã se realizam concertos em torno da geração romântica de 1810, a propósito dos aniversários de Chopin e Schumann.
Além da música, e de tanto e belo verde, também a arte com uma exposição temporária : L' inspiration de la nature chez les musiciens romantiques.
P.S. - Pobre Parque Eduardo VII, que só se anima para a Feira do Livro. E pobres lisboetas naturalmente. Mas o que mais custa é que não é pela falta de aprazíveis e belos jardins, alguns vivendo em quase anonimato...

Frankie Avalon

Faz hoje 70 anos. Fiquemos com esta grande verdade: First Love Never Dies

E no cinema

A rainha Cristina do séc.XX foi obviamente Greta Garbo, um dos rostos tremendos da sétima arte e uma das melhores actrizes de sempre. Esta imagem é a última de Queen Christina, o filme de 1933 de Rouben Mamoulian, com a rainha a navegar rumo ao segundo acto da sua vida.
Tal como Garbo depois fez, escolhendo quando e como sair de Hollywood, vivendo depois uma célebre vida de reclusão.

A solução : Cristina da Suécia

Sébastien Bourdon, Cristina da Suécia a cavalo, 1653, óleo sobre tela, 383x291cm, Museu do Prado, Madrid.

É realmente esta extraordinária rainha, patrona das artes e das ciências e protectora de Descartes, a única mulher que está sepultada na cripta da Basílica de São Pedro em Roma. Não por vontade dela, que não o queria, mas por decisão papal.
E tal como eu disse ontem em comentário, foi um acontecimento espectacular: a mais famosa conversão da Europa Moderna.
Relembro o contexto para os mais esquecidos: depois de uma guerra terrível, que devastou a Europa Central, terminada pela Paz de Vestefália, eis que um dos protagonistas "muda de campo"- a rainha da Suécia decide converter-se ao catolicismo, e percebe que na sua Suécia protestante tal implica abdicar do trono, o que faz, deixando em estado de choque os seus súbditos mas também as outras nações, protestantes e católicas.
Segue-se depois a ida para Roma, onde se instala no Palácio Farnese e é muito acarinhada pelo Papa e pelos romanos- melhor propaganda para a Santa Sé não se pode imaginar...- e onde virá a morrer anos depois.
Termino este curtíssimo esboço biográfico com uma dúvida que muitos historiadores e biógrafos de Cristina continuam a levantar: a abdicação e subsequente conversão da rainha sueca deveram-se apenas à sua fé, ou também ( e sobretudo dizem alguns) ao seu grande desejo de liberdade pessoal, de viver a sua vida fora dos constrangimentos de um trono? Entre viver em Estocolmo, presa a obrigações, ou na Roma do séc.XVII livre de preocupações que não as intelectuais e estéticas...

Magnólia


Uma flor
Uma cor
Acordada.
Uma vida feliz,
Que o diz
Numa voz perfumada.
Miguel Torga

Apelo!


A minha memória está mesmo em farrapos.

Hoje queria relembrar um poema... Junqueiro (?) talvez... mas já não tenho a certeza de nada... Era acerca de uma cabra que ia para o matador, calada, enquanto que os outros dois animais (cevado e um porco (?)), seus companheiros "berravam", mas ela como era cabra, e tinha outra condição, não berrava sem ter razão....

Quem me recorda o poema... será que o APS se lembra?

Sobre a escrita.

Encontrei este trecho que gostei por causa do sentido da escrita em Borges. Um quase monólogo, tão pertinente que o ouso trazer com a luz do ocaso. Retirado daqui.

Ocaso em Aldeia das Açoteias, Albufeira


Para quem faz crítica literária e gosta de garatujar encómios em vez de panegíricas palavras na averiguação aturada de sinónimos e epítetos. Livreiro anónimo. (acrescentado 8:55h)

"Quando comecei a escrever, pensei que tudo devia ser definido pelo escritor. Dizer, por exemplo, «a lua» era estritamente proibido; era necessário encontrar um adjectivo, um epíteto para a lua. (Claro que eu estou a simplificar as coisas. Sei disso porque escrevi por diversas vezes La luna, mas isto é uma espécie de símbolo que eu fazia.) Bem, eu pensava que tudo tinha de ser definido e que não podiam ser usadas frases com fórmulas comuns. Eu nunca teria dito; fulano de tal entrou e sentou-se, porque isso era demasiado simples e demasiado fácil. Pensei que tinha de encontrar uma forma interessante de o dizer. Agora, descobri que esse tipo de coisas, em geral, é um aborrecimento para o leitor. Mas julgo que a raiz da questão reside no facto de que quando um escritor é jovem sente, de certa forma, que aquilo que vai dizer é bastante tolo ou óbvio, um lugar-comum, e por isso tenta escondê-lo sob uma ornamentação barroca; ou, se não for isso, caso ele se mostre moderno, faz o contrário: põe-se permanentemente a inventar palavras ou a referir-se a aviões, a comboios ou ao telégrafo e ao telefone porque está a fazer tudo o que pode para ser moderno. Depois, à medida que o tempo passa, sentimos que as nossas ideias, boas ou más, devem tentar passar essa ideia ou esse sentimento ou esse estado de espírito para o leitor. Se, ao mesmo tempo, estamos a tentar ser, digamos, um Sir Thomas Browne ou um Ezra Pound, então é impossível. Por isso acho que um escritor começa sempre por ser demasiado complicado – está a jogar diversas partidas em simultâneo. Quer proporcionar um determinado estado de espírito; ao mesmo tempo tem de ser contemporâneo, e se não for contemporâneo, então é um reaccionário e um clássico. Quanto ao vocabulário, a primeira coisa que um jovem escritor decide fazer, pelo menos neste país, é mostrar aos seus leitores que possui um dicionário, que conhece todos os sinónimos de uma palavra […] "
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Jorge Luis Borges em Entrevistas da Paris Review, tinta-da-china 2009

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Livros de cozinha - 35


5.ª ed. Paris: Pierre Téqui, s.d.

Parece-me que já falei aqui deste livro de receitas, que comprei há uns anos, na livraria do Museu de Cluny. Jany Fournier-Rosset imaginou este livro «em função dos ensinamentos de santa Hildegarda» que têm a ver com o nosso funcionamento fisiológico.
Segundo ela, Deus criou os quatro elementos (o fogo, a terra, a água e o ar) e Hildegarda «garante-nos que estes quatro elementos se encontram no homem e que este age com eles. Estão de tal modo associados que não podem ser separados uns dos outros e asseguram a estrutura do corpo. Devemos concluir que a saúde depende da harmonia dos elementos e a doença da sua desordem.»
Assim, Hildegarda trata dos alimentos que devemos ou não ingerir, os primeiros chamados «alimentos da alegria», já que nos trazem boa disposição. Entre estes alimentos encontram-se, por exemplo, o funcho («De qualquer modo que se coma, ele traz alegria ao coração... assegura uma boa digestão») e a castanha. Esta útil contra todas as doenças que atacam o homem. Hildegarda assegura-nos que comendo castanhas «os nervos fortificar-se-ão... o coração reencontrará o seu vigor», etc. E as especiarias da alegria são, de acordo ela, por exemplo, a canela, o cominho, a noz moscada e a pimenta.
Hildegarda insiste na estreita relação existente entre o homem e o universo. Logo, a natureza ajuda-nos fornecendo-nos, em cada estação, os alimentos que nela devem ser consumidos. Se comemos contra a estação, arriscamos a nossa saúde. Este ensinamento é interessante. Ainda há pouco li algo sobre isto. que não devíamos comer as frutas fora da estação, o mesmo em relação às frutas exóticas.
Deste livro escolhi uma receita, capaz de nos alegrar:

Sopa de castanha*
1 kg de castanhas
1 l de água
Porto ou Madeira
sal e pimenta
Cozer as castanhas descascadas cerca de 3/4 hora em água, passá-las no passe-vite. Cozê-las novamente juntando a quantidade de água desejada para que a mistura fique untuosa. Juntar sal e pimenta. Antes de servir, juntar 1 colher de sopa de Porto ou Madeira.

* Gosto de castanhas, mas não de sopa de castanhas.

Frase da semana ( que passou )


Mantemos o preâmbulo da Constituição para preservar uma peça arqueológica.


Paulo Teixeira Pinto
, um dos responsáveis pelo projecto de revisão constitucional do PSD.


Obviamente, o preâmbulo da Constituição está muito datado,mas a carga simbólica parece-me ser demasiado pesada para permitir alterações.
De qualquer modo, saliento que não é costume vermos na política portuguesa esta franqueza de palavras...
Uma frase desta semana que deu muito que falar nos últimos dias, na blogosfera e fora dela.

De passarem aves


http://www.zaroio.com.br/i/o/2007121702481213.jpg

De como e de quando
as aves passaram
Tão leves aflando
as sombras pousando
no ar que cortaram,

falei, mas não sei
que melancolia
sentida no dia
por tarde eu lembrei
na tarde que havia.

As aves passaram
e delas falei.
Do ar que cortaram
as sombras ficaram
mas onde, não sei.

Jorge de Sena

Cinenovidades - 140: Marginais

E como não há uma sem duas... , foi ontem também a estreia comercial de outra fita portuguesa, esta de ficção e protagonizada por José Fidalgo, uma cara conhecida da televisão e da moda. Um certo submundo luso, com rap português como banda-sonora.

Citações - 115 : Linces e polvos

(...) O lince da Malcata e o polvo da administração
pública são as duas espécies mais protegidas do País.
Só a primeira é que está em vias de extinção.

- Ricardo Araújo Pereira, We all live in an expensive submarine, na Visão desta semana.

Hesitei entre ilustrar esta citação com um lince ou um polvo da administração pública, mas como há sempre risco de processo escolhi o belo lince da Malcata...

Por falar em rissóis de camarão...

Uma das cenas antológicas do cinema português, e muitas vezes lembro-me dela quando faltam os pasteis de bacalhau, os rissóis e etc...

Douro Jazz 2010

Começa hoje mais uma edição do Douro Jazz, que decorre em seis palcos transmontanos e alto-durienses, com uma programação de 66 concertos.
O festival termina a 16 de Outubro, com Al Di Meola e a sua World Sinfonia.

Já agora, o meu serão de ontem...


http://media.photobucket.com/image/riss%2525C3%2525B3is/Fernandal/DSC09616.jpg
Começou com uns rissóis de camarão num restaurante do BA - não estavam nada mal -,


e acabou no São Carlos a ouvir Cañizares - soberbo! -, e não só.

Cinenovidades - 139 : Lisboa Domiciliária

As vidas que intuímos, às vezes ouvimos falar, mas raramente vemos. Uma Lisboa que não é a dos condomínios fechados ou dos centros comerciais reluzentes. Foi ontem a estreia deste documentário de Marta Pessoa.

O meu serão de ontem - 11


É bom ter um nepalês perto de casa. Não é o melhor de Lisboa, mas é muito razoável e sempre são só 5m a pé.
E estava cheio.

Cinema Avis


Antigo Cinema Avis, na Av. Duque de Ávila, em Lisboa. O tal onde vi os filmes da Marisol.
Foto de Arnaldo Madureira, ca 1960.
Lisboa, AML/AF/ARM/I00444

Trivia Quiz


Quem é a única mulher que está sepultada na cripta da Basílica de São Pedro?
P.S. - Não é nenhuma papisa :)

Um quadro por dia - 85


François Boussignac (1947-), La papesse Jeanne, óleo sobre tela.


É tempo de relembrar este mito cultural europeu ( pois que parece ser esse o consenso actual dos historiadores) dado que o filme sobre a Papisa de que falei há uns meses já está em exibição nas nossas salas.
Vamos ver?

Hildegard de Bingen

Hoje é o dia reservado no calendário católico ( e no anglicano ) a esta santa genial.Uma das maiores figuras femininas da Cristandade.

Bom dia!


Colecção de cromos: Marisol


Em 1965, a revista "Artistas de Cinema" escrevia o seguinte sobre Marisol:


"Pepita Flores (o verdadeiro nome de Marisol) nasceu a 4 de Fevereiro de 1950 em Málaga. Embora pobres, seus pais mandaram-na para uma escola de canto e de teatro, donde transitou para o Grupo de Coros e Danças de Espanha, com que percorreu toda a Espanha e se exibiu na TVE. Muito amiga da filha do produtor Manuel Goyanes - que continua a ser o seu apoderado - Marisol viu-se impelida por este para o cinema. Assim nasceu "Um raio de luz", a que se seguiram "Chegou um anjo", "Tombola" e "Marisol no Rio" - todos já exibidos com grande êxito no nosso país.
Ultimamente, filmou "La nueva Cenicienta" (Cinderela) e "Marisol e o burrinho sábio" e já começou a rodagem do seu sétimo filme, ainda sem título definitivo."

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Boa noite!


Continuando no México...

Canção de alta noite




Alta noite, lua quieta,
muros frios, praia rasa.

Andar, andar, que um poeta
não necessita de casa.

Acaba-se a última porta,
o resto é o chão do abandono.

Um poeta, na noite morta,
não necessita de sono.

Andar... Perder o seu passo
na noite, também perdida.

Um poeta, à mercê do espaço,
nem necessita de vida.

Andar... - enquanto consente
Deus que seja a noite andada.

Porque um poeta, indiferente,
anda por andar - somente.
Não necessita de nada.

Cecília Meireles

Para APS que há tempos colocou no ARPOSE dois versos desta poesia. Hoje encontrei o poema em Poesia sempre II, uma antologia organizada por Sophia de Mello Breyner Andresen.

Bird Song

Károly Ferenczy nasceu em Viena em 1862 e morreu em 1917, em Budapeste. A tela encantou-me porque a mulher está à procura...
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Károly Ferenczy, A canção do Pássaro, 1893


Óleo sobre tela, 108 x 77, 5 cm, Galeria Nacional Húngara, Budapeste, Hungria
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Detalhe

Cinenovidades - 138 : A espada e a rosa

A ESPADA E A ROSA- A primeira longa-metragem do João Nicolau teve ontem estreia no Festival de Veneza, na secção Horizontes.

PENSAMENTO(S) - 138

Andrea Previtali, Memento mori, 1502, óleo sobre madeira, 24x18cm, Museu Poldi Pezzoli, Milão.


Amanhã somos nós.

Frase que ouvi esta manhã, à porta da Igreja das Furnas, proferida por uma velhota que via passar um cortejo fúnebre. Simples e sábia frase, embora tantos tenham dificuldade em "encaixá-la" e viver em conformidade.

Na mesma manhã em que, na TSF, ouvi que no ano passado morreram por atropelamento 319 pessoas, só na cidade do Porto!. E muitas das quais, não me lembro precisamente quantas, a atravessar passadeiras.
Tão simples quanto isto, simples no sentido em que ocorre a morte completamente fora do previsível e do expectável, longe da doença, dos excessos alimentares e outros que vamos mais ou menos combatendo.

Em português - 31

Mais uma banda nova, e também esta confirma que ainda há quem escreva letras fora do registo delicodoce e pop/fácil. É o caso desta Nossa Senhora do SIS, dos Caruma.

Biografias, autobiografias e afins - 80

A biografia de uma judia de origem portuguesa do séc.XVI, simultaneamente uma das judias mais fascinantes de toda a Idade Moderna. Trata-se de Grácia Nasi, agora biografada por Esther Mucznick para a Esfera dos Livros.
Uma vida que dava um filme, um romance etc.

O lançamento é no próximo dia 21 de Setembro, pelas 18h30, no Salão Nobre do Palácio da Independência (Largo de S.Domingos, Lisboa ).

México - 200 Anos

- O brasão do México, versão actual adoptada a 16 de Setembro de 1968.
- Assim se patrulha em Ciudad Juarez.

- A banalidade do crime.


Celebra-se hoje por todo o México o bicentenário da Independência. Porém, nunca os Estados Unidos do México estiveram tão periclitantes como actualmente, devido ao narcotráfico que já começa a perturbar o turismo e o petróleo, duas das maiores riquezas nacionais. Uma violência inimaginável para os padrões europeus e não só ( não sei se sabem, mas algumas cidades mexicanas têm índices iguais ou piores do que zonas de guerra, desde logo Ciudad Juarez, a cidade mais perigosa do mundo), e que começa a preocupar seriamente o poderoso vizinho do Norte.
O brasão mexicano deve ler-se actualmente ao contrário: a ave é o narcotráfico que ameaça destruir o país.

Bom dia!


Apesar de estarmos quase no Outono, uma canção mexicana de Primavera.

Breve tipologia do beijo ... (6)

"Der Kuss“ do austríaco Gustav Klimt representa um dos mais célebres exemplos do beijo, retratado nas Artes (osculatio artis). A obra, criada pelo artista vienense em 1908, mede 180 x 180 cm.


Uma leitura nascida do acaso

Num passeio pelas livrarias encontrei um livrinho que parecia uma carta manuscrita, dado o seu aspecto amarelecido e a escrita cursiva do título. Peguei nele, li duas frases e resolvi ler esta carta, ficcionada por Miguel Real (Luís Martins), intitulada Carta de Sócrates a Alcibíades, seu vergonhoso amante.
O livro termina assim:

Deveria destruir a carta que te escrevi e que tão ciosamente tenho guardado. Conservá-la-ei no entanto. Ela testemunha um momento do meu coração inquieto e da minha vida incerta. Uma frase que lá se escreve tenho, porém, que rectificar: não é verdade que só o sentimento perdure, multiplicando-se de corpo em corpo; a verdade é outra mais bela: só o espírito perdura multiplicando-se de alma em alma”.

Miguel Real, Carta de Sócrates a Alcibíades, seu vergonhoso amante, Editora Licorne, 2010, (2ª edição) p. 63-64

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Um quadro por dia - 84

Um dos quadros da minha vida, este Et In Arcadia Ego (1637-39), do meu admirado Nicolas Poussin. Tela reservada para uma série sobre os meus grandes quadros.
Muito há para dizer sobre esta bela e enigmática tela, das mais visitadas no Louvre, que prefiro à versão "barroca"( está em Chatsworth ) que Poussin pintou primeiro. Hoje não é a ocasião.
Mas fica a mensagem que apoquenta os pastores da Arcádia que a leêm na pedra, mensagem para todos, na Arcádia e fora dela.

Biografias, autobiografias e afins - 79

De Yvette Chauviré para outra grande francesa, mas do século XIX: George Sand. A grande biógrafa que é Evelyne Bloch-Dano dedicou-se desta vez aos últimos anos da vida da grande escritora, especialmente aos 15 anos vividos com o seu último amor, Alexandre Manceau.
É preciso recuar a 1849, quando George Sand desiludida com a Revolução de 1848 se refugia em Nohant, aí conhecendo o jovem Alexandre, amigo do seu filho e 13 anos mais novo...
Seguem-se anos de paixão intensa, mas também dramas familiares e cívicos: a ruptura com a filha Solange, a morte da neta e o golpe de estado de Luís Napoleão (NapoleãoIII) que criará o Segundo Império Francês.

Le dernier amour de George Sand, Evelyne Bloch-Dano, Grasset, 317p, Julho de 2010.

Yvette Chauviré

Talvez a nossa M.R. já o saiba, porque admiradora confessa, mas aqui fica a notícia: a grande bailarina e coreógrafa francesa Yvette Chauviré (1917-) foi uma das contempladas na promotion du 14 Juillet 2010 da Legião de Honra, a mais alta condecoração francesa, tendo sido promovida à segunda mais alta dignidade: Grand Officier.
E neste vídeo do YouTube podemos vê-la, com uma graciosidade admirável, a ajudar outra grande bailarina francesa, Sylvie Guillem.

Livros de cozinha - 34



A carne da Antónia
«A receita mais estranha que conheço é uma que Antónia aprendeu em um velho livro de cozinha de mamãe, publicado ainda no seculo XIX, chamado O cozinheiro nacional.
«Era assim: ela pegava um bom peso de carne, chã ou lombo, deixava em vinha-d'alhos de um dia para o outro. Temperava então como de costume, enfiava na carne umas lascas de toucinho e depois a enrolava muito bem em folhas de bananeira. Aí cavava no chão do quintal um buraco fundo, de uns quarenta centímetros de profundidade, fazia um lastro de pedra e, sobre elas, lá no fundo, enterrava a carne. Cobria tudo, primeiro com pedras, depois com terra, e arrumava um fogo em cima. Sob essa fogueira, mantida sempre acesa, deixava a carne por algumas horas. O embrulho, ao ser retirado do buraco e aberto, espalhava um cheiro tão bom de carne que até parecia aroma de cozinha francesa. Mas tínhamos cisma de comê-la, até de prová-la, por causa do nome. Chamava-se 'carne sepultada'.»
Rachel de Queiroz (1910-2003)
In: O Não Me Deixes: suas histórias e sua cozinha. São Paulo: Ed. Siciliano, 2000, p. 101

Neste livro, que me foi trazido do Brasil, há dez anos, por uma amiga, Rachel de Queiroz escreve sobre a cozinha e histórias da Fazenda Não Me Deixes. Hoje trouxe a «carne sepultada», para a próxima talvez venha o peru.
Quanto ao livro Cozinheiro nacional, se quiser, saiba algo sobre ele em:
http://eptv.globo.com/terradagente/terradagente_interna.aspx?273549

Será que vamos precisar de um hoje ?


Cartaz de Leonetto Cappiello, 1922
Para o nosso MLV, nesta hora de perda irreparável.

1956 : Elvis

Esta Don' Be Cruel, que infra vemos interpretada no famoso Ed Sullivan Show, dominou durante cinco semanas o top norte-americano com início a 15 de Setembro.

Colecção de cromos: Pernell Roberts


Em 1965, a revista "Artistas de Cinema" escrevia o seguinte sobre Pernell Roberts:

"O viril Adam da série "Bonanza", que festeja o seu aniversário a 18 de Maio, é um dos actores mais cultos da sua geração: tem o curso de agente técnico de engenharia pelo Instituto de Tecnologia da Georgia (E.U.A.) e frequentou a Universidade de Maryland até 1949 - ano em que decidiu que "cada pessoa deve fazer na vida o que mais gosta" e não "o que pode ser mais rendoso". Abraçou então a vida de actor de teatro, dedicando-se às peças de Shakespeare com uma entusiasmo e um saber que a crítica acabou por premiar em 1955, elegendo-o o melhor actor da Broadway nesse ano.
Depois, vêm os êxitos do cinema ("Desejo sob os ulmeiros", "O irresistível forasteiro") e da TV (além de "Bonanza", já tomou parte noutras séries).
É casado."

Continuando com Agatha Christie...


Gordon Hutchings - Num Num and his funny family

«O melhor momento para planear um livro é enquanto se lava a loiça.»
Agatha Christie

Picasso em Cascais


Picasso - Retrato de Jacqueline com chapéu de palha
Mougins, 14 Jan. 1962
Linóleo / papel Arches


Picasso - Retrato de homem com gola plissada
1962
Linóleo/papel


Estes dois linóleos fazem parte de uma exposição das aquisições recentes da Colecção BANCAJA, que está patente no Centro cultural de Cascais até dia 26 deste mês.
Para além de obras de Picasso, estão também expostas gravuras de Miró, Kandinsky, etc.

Hoje é dia de Agatha Christie



E o Google, homenageando-a e lembrando o seu 120º aniversário, está assim


Lembrando Bocage

Manuel Maria de Barbosa du Bocage nasceu a 15 de Setembro de 1765, em Setúbal e faleceu a 21 de Dezembro de 1805, em Lisboa.

Poema declamado por Luís Gaspar


Despedindo-se da Pátria, ao partir para a Índia

Eu me ausento de ti, meu pátrio Sado,
Mansa corrente deleitosa, amena,
Em cuja praia o nome de Filena
Mil vezes tenho escrito e mil beijado.

Nunca mais me verás entre o meu gado,
Soprando a namorada e branda avena,
A cujo som descias mais serena,
Mais vagarosa para o mar salgado.

Devo, enfim, manejar, por lei da Sorte,
Cajados não, mortíferos alfanges,
Nos campos do colérico Mavorte;

E talvez entre impávidas falanges
Testemunhas farei da minha morte
Remotas margens, que humedece o Ganges.

terça-feira, 14 de setembro de 2010

«De contente lhe cai um dente.»

E para que isso não aconteça...


Cartaz de Marcellin Auzolle.


Cartaz de PAL (Jean de Paleologue).


Cartaz de Jean Carlu.

Cartaz de Niklaus Stoecklin.

Será que a caderneta de cromos do Nuno Markl traz alguma Binaca?