Aos sábados, na minha meninice e juventude, acompanhei, muitas vezes, o meu pai às
livrarias e alfarrabistas. Hoje vou só falar de livrarias.
Uma das primeiras livrarias de que me
lembro é a Buchholz, ainda na Av. da Liberdade (já viram como estou velha?). Era eu muito miúda e havia lá uns livros muito giros, invulgares para a época. Um deles era um livro cartonado, em armónio, sem palavras, que depois de aberto formava um comboio. Um espetáculo! E, eu, antes de o trazer para casa, abri-o no chão da livraria, entre a mesa e a estante. É uma das recordações mais antigas que tenho.
Agora sabe-se (na altura, suspeitava-se) que o Sr. Buchholz era um traficante de arte "degenerada" alemã. Lisboa servia-lhe de entreposto para a América.
Fui algumas vezes à Livraria Buchholz da Rua Duque de Palmela, mas eu odiava aquelas "velhas" que nos seguiam para todo o lado: a livraria tinha montes de livros frente às estantes e em cima de umas mesas e não se conseguia ver nada, sem mexer. Além de que eu vejo com as mãos.
Interior da Buchholz, na Av. da Liberdade
Aos sábados, pelos meus sete ou oito anos, tinha direito a um livro da coleção Formiguinha, comprado na Papelaria Mimo (no tempo em que as papelarias também vendiam alguns livros), na Av. da Igreja.
Outra livraria-papelaria que eu frequentava no tempo do liceu – a Havaneza, da Av. da Igreja, onde hoje se encontra a Padaria Portuguesa. E também a Sinfonia, na Av. de Roma, que ainda existe. Estas duas eram também discotecas. Nestas duas lojas comprei alguns livros e discos.
Depois de ver o filme, fui, à Havaneza, comprar os quatro volumes do livro para ler. E tenho-os lido até hoje.
A seguir, e paralelamente, talvez as Livrarias
Portugal e Sá da Costa. Acho que já aqui falei de ambas, aquando dos
respetivos encerramentos.
Mas a Sá da Costa – que tinha a sua tertúlia - e a Barata primitiva,
em que éramos atendidos pelo Sr. Barata e pelo Jorge, foram mesmo as livrarias
que mais frequentei.
Já me esquecia da Livrelco - Cooperativa Editora de Universitários, na Rua Carlos José Barreiros. Foi encerrada pela PIDE, talvez em 1970. O seu gerente era o Nuno Oliveira, que depois abriu a Livraria Galileu, em Cascais.
Este foi comprado na Portugal.
Dois livros adquiridos na Sá da Costa.
Livro comprado na Barata.
Tenho saudades das livrarias em que os livreiros sabiam o que vendiam, o
que saía (mesmo lá fora) e mostravam os livros de acordo com os interesses
(que eles conheciam) dos seus clientes.
Hoje vou muito à FNAC do Chiado e à Barata da Av. de Roma. E perco-me na Amazon.
Em geminação com o Palavras Daqui e Dali, que assinalou o Dia da Livraria e dos Livreiro.
E também para a Cláudia Ribeiro, da Livraria Lumière.