Prosimetron
sábado, 3 de outubro de 2009
Uma outra possibilidade...
- Passeio ao Palácio Real, à mata e ao Museu Militar do Buçaco.
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A T H E N A 1.
Tem duas formas, ou modos, o que chamamos cultura. Não é a cultura senão o aperfeiçoamento subjectivo da vida. Esse aperfeiçoamento é directo ou indirecto; ao primeiro se chama arte, sciencia ao segundo. Pela arte nos aperfeiçoamos a nós; pela sciencia aperfeiçoamos em nós o nosso conceito, ou ilusão, do mundo".
Fernando Pessoa
Fernando Pessoa, Athena Revista de Arte, “Athena”, (dir. Fernando Pessoa e Ruy Vaz), Lisboa: Contexto Editora, (Edição facsimilada), Outubro de 1924, Vol I, nº1 p. 5.
A Cidade Maravilhosa ganhou
O Rio de Janeiro vai ser o palco dos Jogos de 2016, tendo derrotado Chicago, Tóquio e Madrid. Aqui fica um dos vídeos de promoção :
http://www.youtube.com/watch?v=SrcYBHIt-Vs&hl=pt-br&fs=1&
Andanças do nosso Filipe - 2
E o nosso Filipe está desde ontem na bela Milão, capital europeia da moda masculina ( lá se vão os euros... ) .
E para quem fica em Lisboa
Coros nas Ruínas do Carmo, bandas filarmónicas no Jardim de S.Pedro de Alcântara, música de câmara no Páteo Siza Vieira e orquestras no Largo de São Carlos animarão a tarde e a noite de hoje.
Ver o programa em http://www.egeac.pt/
Sugestões para o fim de semana prolongado - 2
Av.José Brito Seabra, Salvaterra de Magos. Terça a Sexta : 9-18h, Sáb-Dom : 14-19h. Telef. 263509010
Sugestões para o fim de semana prolongado - 1
Estrada da Gilbalta, Caxias. Das 9 às 20h. Até 31 de Outubro.
Haydn: nos 200 anos da sua morte
Disse o Corvo "Nunca mais"
De Edgar Allen Poe
Numa meia-noite agreste, quando eu lia, lento e triste,
Vagos, curiosos tomos de sciencias ancestraes,
E já quasi adormecia, ouvi o que parecia
O som de alguém que batia levemente a meus humbraes.
“Uma visita”, eu me disse, “está batendo a meus humbraes.
É só isto, e nada mais”
Ah, que bem d’isso me lembro! Era no frio dezembro,
E o fogo, morrendo negro, urdia sombras deseguaes.
Como eu qu’ria a madrugada, toda a noite aos livros dada
Pr’a esquecer (em vão!) a amada, hoje entre hostes celesteaes –
Essa cujo nome sabem as hostes celestiaes,
Mas sem nome aqui jamais!
(…)
Abri então a vidraça, e eis que, com muita negaça,
Entrou grave e nobre um corvo dos bons tempos ancestraes.
Não fez nenhum cumprimento, não parou nem um momento,
Mas com ar solemne e lento pousou sobre meus humbraes,
Num alvo busto de Athena que há por sobre os meus humbraes.
Foi, pousou, e nada mais.
E esta ave extranha e escura fez sorrir minha amargura
Com solemne decoro de seus ares rituaes.
“Tens o aspecto tosquiado”, disse eu, “mas de nobre e ousado,
Dize-me qual o teu nome lá nas trevas infernaes.”
Disse o corvo, “Nunca mais”
Pasmei de ouvir este raro pássaro fallar tão claro,
Inda que pouco sentido tivessem palavras taes.
Mas deve ser concedido que ninguém terá havido
Que uma ave tenha tido pousada nos seus humbraes,
Ave ou bicho sobre o busto que há por sobre os seus humbraes,
Com o nome “Nunca mais”.
(...)
[1ª e 2ª , 7ª, 8ª e 9ª estrofes em 19 do poema]
Athena Revista de Arte, " O Corvo de Edgar Allan Poe", directores Fernando Pessoa e Ruy Vaz, Lisboa: Contexto Editora, (Edição facsimilada), Outubro de 1924, Vol I, nº1 p. 27-28.
Metamorfoses ...2
sexta-feira, 2 de outubro de 2009
As mãos de Madalena
E o que é que se pode observar?
Matéria para um próximo livro sobre Maria Madalena...
Chéri - uma apreciação
O filme reúne alguns dos principais artífices do excelente "Dangerous Liaisons" / "As Ligações Perigosas", de 1988 - Stephen Frears na realização, Christopher Hampton no argumento adaptado e Michelle Pfeiffer como protagonista. Infelizmente, o marketing do estúdio capitalizou demais esta "ligação", apregoando-a no cartaz, ligando os filmes sob a égide de period pieces (apesar de um decorrer no Ancient Régime e outro na Belle Epoque) e criando o "tag": "Indulge in a wicked game of seduction", reminiscente do mote do anterior sucesso. Naturalmente, a expectativa fica criada para ver o "Dangerous Liaisons II". E essa expectativa é defraudada, sendo que em seu lugar surge um outro excelente filme, arrastando a necessidade de comparação constante com o filme anterior.
"CHERI", baseado na obra de Colette (que não li), descreve um mundo de cortesãs da alta sociedade na Paris da Belle Epoque, já retiradas e "of a certain age"; Chéri é a alcunha do filho de uma dessas cortesãs, Charlotte, um jovem adulto mimado, sem sentido de responsabilidade e aborrecido pelo seu hedonismo. Léa é uma antiga rival e agora "amiga" da Mãe (como ela própria diz, nunca gostou particularmente dela, mas é impossível fazer amizades fora do ... meio), decidida a retirar-se e viver dos rendimentos. Numa nota de indiferença, de quase "oh, why not...?", começam uma relação sexual, com vivência conjunta de dias que se sucedem sem grande planeamento ou interesse de perpetuidade.
Um dia o Sol nasce, e nesta vivência passaram seis anos de convivência -- nesse dia, Léa toma conhecimento das intenções matrimoniais de Charlotte para o filho: casá-lo com a abastada herdeira de outra colega de métier. Há um estremecimento; o que nunca fora deliberado ou resultado de amor ou paixão, mas apenas cómodo, passa a ser algo que, desaparecendo, deixa um vazio. Seguindo as regras de etiqueta cortesã, ambos seguem caminhos que se voltam a entrelaçar até à voz off final do filme.
A reacção ao filme foi fraca -- em geral, considerou-se que as cenas amorosas tinham pouca chama e que o argumento era medíocre (vide o site de crítica de cinema "Rotten Tomatoes"). Pela minha parte, as cenas com pouca chama eram as que tinham que ter pouca chama -- as iniciais, as dos seis anos em que a relação se estabelece por hábito e por não haver nada mais interessante para fazer. É nessa indiferença (apenas aparente) que reside o desequilíbrio para os envolvidos em continuarem as suas vidas de forma independente. Até à frase final, que oferece os contornos da frieza do argumento e das interpretações.
Para mim, mereceram destaque a beleza e elegância dos cenários e dos guarda-roupas, as interpretações de Michelle Pfeiffer (que exigiu ao director de fotografia que a capturasse com todas as marcas dos seus cinquenta anos), superlativa ao comportar-se como se comportaria uma cortesã habituada a não baixar a guarda, e Kathy Bates, que cria uma Charlotte inteligente, hábil, mesquinha e com pouco em que se ocupar. Menos feliz, a meu ver, esteve a interpretação de Rupert Friend (que estivera muito bem num dos filmes de "Harry Potter").
Apreciei particularmente as piscadelas de olho aos adeptos de "As Ligações Perigosas" (por exemplo, a fotografia inicial de Léa era uma das fotografias promocionais do filme, ambos os filmes terminam com um grande plano da protagonista ao espelho, vendo o seu declínio).
Breves notas curriculares:
- Stephen Frears realizou também os excelentes "My Beautiful Laundrette" / "A Minha Bela Lavandaria" (1985), com Daniel Day-Lewis, "The Grifters" / "A Anatomia do Golpe" (1990), com Anjelica Huston, John Cusack e Annette Bening e, mais recentemente, "The Queen" / "A Rainha" (2006), com Helen Mirren; teve também a realização de filmes menos bem conseguidos como "Hero" / "Herói Acidental" (1992), com Dustin Hoffman, Geena Davis e Andy Garcia, e "Mary Reilly" (1994), com John Malkovich e Julia Roberts;
- Christopher Hampton escreveu e realizou "Carrington" (1995), com Emma Thompson e Jonathan Pryce, e escreveu os argumentos de "Mary Reilly", "The Quiet American" (2002) e "Atonement" (2007), bem como a letra para o musical de Andrew Lloyd Webber, "Sunset Blvd", baseado no filme homónimo de Billy Wilder (com Don Black);
- Michelle Pfeiffer faz com esta obra o terceiro vértice de um triangulo de amor restringido por códigos auto-impostos -- juntamente com as "As Ligações Perigosas" e "The Age of Innocence" / "A Idade da Inocência" (1993).
Este triunvirato acresce a um palmarés que conta com uma vastíssimo leque de atributos, desde "Grease 2" (1982) e "Scarface" (1983), a "Ladyhawke" (1985), "The Witches of Eastwick" (1987), "Married to the Mob" (1988), "Os Fabulosos Irmãos Baker" (1989), "Love Field" e "Batman Returns" (ambos de 1992) ou, mais recentemente e depois de longo interregno, "Hairspray" e "Stardust" (ambos de 2007).
Hoje em Marvão
Até dia 5.
Das autárquicas - 1
Escutando a TSF ontem à tarde, numa peça sobre o concerto do dia anterior de apoio a António Costa ouvi a intervenção de Rui Vieira Nery : " Santana Lopes é como Átila, rei dos Hunos. Por onde ele passa, nenhuma flor volta a crescer. "
Obviamente, sorri. Pela enormidade da comparação, tão desmesurada que só nos pode fazer sorrir, pela aparição na política portuguesa de tão longínqua figura histórica e pelo facto de a frase ter sido proferida num Coliseu...
Suspeito que António Costa também terá sorrido. Uma coisa é certa, ao meu querido Rui não falta a inspiração do Mundo Antigo.
Questões de Património...
Pomba o símbolo da Paz!
Fachada do prédio, Corredoura (Rua Serpa Pinto) Tomar
Metamorfoses...
Encontrei este trabalho de Graça Morais na net. Gostei imenso e vim a saber que faz parte de uma série Metamorfoses. Não consegui mais dados mas resolvi colocá-lo por achar o conceito bonito e gostar da aguarela em causa.
Gandhi
quinta-feira, 1 de outubro de 2009
Em português no Dia Mundial da Música
Livros de cozinha - 20
Dia Mundial da Música - Mozart
A flor de Outubro
E ainda outro grande êxito de 1957
Outro grande êxito de 1957
Citações - 40 : Luís Fernando Veríssimo
- Também não vamos radicalizar. (...) "
- Luís Fernando Veríssimo, in Dietas, no Expresso do passado sábado.
Ainda a sexualidade juvenil
" Estava a fazer um estudo sobre o consumo de ecstasy e foi-me dito que havia um grupo de jovens que consumia nas praias da zona de Leiria. Teriam entre 15 e 19 anos. Quando falei com eles, percebi que as noites na praia eram concursos de sexo, jogos colectivos, com o objectivo de ver quem conseguia aguentar mais, variando de parceira, na mesma noite. Neste ritual, alguns deles faziam batota e tomavam drogas misturadas com Viagra. "
- Fernando Mendes, psicólogo de Coimbra, delegado do IREFREA ( Instituto europeu que promove estudos sobre prevenção e comportamentos de risco ) em Portugal, em entrevista no Expresso de sábado passado.
Obviamente, nem todos os jovens se comportam assim, felizmente aliás , mas este caso é bem demonstrativo de que não é só nas grandes urbes que os jovens "andam à solta ". E isto vem a propósito de quê, poderão alguns leitores perguntar. Vem a propósito do meu post sobre Lolita e Nabokov, e de alguns comentários que o mesmo suscitou. Sem querer fazer de modo algum uma desculpabilização de certos comportamentos de adultos em relação a jovens, apenas pretendo salientar que cada vez penso mais que a " inocência sexual " dos jovens é um mito, e que estes cada vez mais assumem práticas a que normalmente não os associávamos: orgias, troca de casais, uso de afrodisíacos ( num sentido lato... ). A que conduzirá tamanha precocidade não faço ideia.
Curiosidades eleitorais - 1
Se somarmos os abstencionistas com os votos brancos e nulos da eleição do passado domingo, obtemos um número superior ao dos votos somados do PS e do PSD. Um " bloco central " e um " bloco marginal " ?
Duas frases "Alegres"
" Não vai ser fácil José Sócrates passar a uma cultura de diálogo "
" Soares e parte da direcção do PS farão tudo para que eu não seja candidato presidencial "
Estas são duas das frases que retive da entrevista a Manuel Alegre, publicada na Visão de hoje, onde o mesmo aborda os resultados eleitorais, as relações Cavaco/Sócrates e a esquerda portuguesa. Sem papas na língua.
1 de Outubro : Dia Internacional das Pessoas Idosas
Por isso, hoje trate-os especialmente bem, mas nada de obrigar a velhinha a atravessar a rua se ela não o pedir expressamente.
De Miss Tolstoi para o Jad
http://mob209.photobucket.com/albums/bb213/yann1000/anniversaire/chocolats_richart_ambiance_1.jpg
Com votos de um dia feliz, deixo-lhe um trecho da ópera "O Amor das
Três Laranjas":
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Miss Tolstoi
Parabéns Jad !
E aqui fica também O Aprendiz de Feiticeiro, composto por Paul Dukas em 1897 a partir de um poema de Goethe, e que Walt Disney usou tão bem neste célebre Fantasia de 1940. Paul Dukas nasceu no dia 1 de Outubro de 1865.
A Dream, William Blake.
José Gomes Ferreira, 2 pequenos poemas de "Areia"
Adivinha quanto eu gosto de Ti
A Pequena Lebre Castanha que se ia deitar, agarrou-se bem agarrada às orelhas muito compridas da Grande Lebre Castanha.
Quis ter a certeza de que a Grande Lebre Castanha estava a ouvir.
- Adivinha quanto eu gosto de ti - desse ela.
- Ora bem, acho que não consigo adivinhar isso - disse a Grande Lebre Castanha.
- Gosto assim - disse a Pequena Lebre Castanha, esticando os braços o mais que podia.
A Grande Lebre Castanha tinha uns braços ainda maiores.
- Mas eu gosto de TI assim - disse ela.
"Humm, é muito", pensou a Pequena Lebre Castanha.
Gosto de ti esta altura toda - disse a Pequena Lebre Castanha.
- E eu gosto de ti esta altura toda - disse a Grande Lebre Castanha [colocando-se em bicos-de-pé e esticando os braços].
"É mesmo alto", pensou a Pequena Lebre Castanha. "Quem me dera ter uns braços assim."
Então a Pequena Lebre Castanha teve uma boa ideia. Fez o pino, encostada ao tronco muito esticadinha.
- Gosto de ti até à ponta dos pés! - disse ela.
- E eu gosto de ti até à ponta dos teus pés - disse a Grande Lebre Castanha, fazendo-a girar por cima da cabeça.
- Gosto de ti até onde eu consigo SALTAR! - riu-se a Pequena Lebre Castanha, dando pulos e mais pulos.
- Mas eu gosto de ti até onde eu consigo saltar - sorriu a Grande Lebre Castanha, e saltou tão alto que as orelhas tocaram no ramo da árvore.
"Isto é que é saltar", pensou a Pequena Lebre Castanha. "Quem me dera saltar assim!"
- Gosto de ti o caminho todo até ao rio - gritou a Pequena Lebre Castanha.
- E eu gosto de ti até depois do rio e dos montes - disse a Grande Lebre Castanha.
"É mesmo longe", pensou a Pequena Lebre Castanha. Tinha tanto sono que já quase nem conseguia pensar.
E então olhou para além das moitas, para a grande noite escura. Nada podia ser mais longe do que o céu.
- Gosto de ti até à LUA - disse ela, e fechou os olhos.
- Ora, se isso é longe - disse a Grande Lebre Castanha. - É mesmo, mesmo longe.
A Grande Lebre Castanha deitou a Pequena Lebre Castanha na caminha de folhas. Inclinou-se e deu-lhe um beijo de boas noites. Depois deitou-se muito pertinho e murmurou sorrindo: - E eu gosto de ti até à Lua ... E DE VOLTA ATÉ CÁ ABAIXO.