Prosimetron
sábado, 21 de junho de 2014
O Verão nasceu timidamente
Apesar do Verão ter chegado hoje só em casa se estava bem. A chuva insistiu em cair.
Auguste de Châtillon, Léopoldine au livre d’heures (1835),
Maison Victor Hugo, (Wikipedia)
Leopoldina era filha de Victor Hugo.
"Quem não lê, não quer saber; quem não quer saber, quer errar."
Padre António Vieira
Padre António Vieira
Putin apoia partidos de extrema-direita e fascistas
Num artigo, sob o título de «Putine, o grande amigo dos 'fachos'», a Visão, de 12 jun. 2014, afirmava que «O Presidente russo é um dos grandes vencedores das eleições europeias. Para enfraquecer a União, o dirigente do Kremlin apoia os partidos de extrema-direita do continente.»
A investigação dá conta dos contactos havidos entre o partido Rússia Unida de Putin e a Frente Nacional, de Marine Le Pen; o Aurora Dourada (partido grego), cujo chefe se encontra preso; o UKIP, de Nigel Farage (Reino Unido); o Movimento por uma Hungria Melhor, de Jobbik; e ainda me falta um de que não me lembro (será o neo-nazi alemão?). E dos apoios dados por Putin a estes partidos fascistas.
Um dia destes, Durão Barroso podia puxar do seu vocabulário de outros tempos e chamar a Putin «social-fascista». Neste caso, com bastante propriedade.
Parabéns, Chico Buarque!
Já há dias que pensava em fazer um post sobre Chico Buarque que fez 70 anos há dois dias.
Vi-o, pela primeira vez, na década de 60, quando o Teatro da Universidade de São Paulo se apresentou no Teatro Avenida, em Lisboa, com a peça Morte e Vida Severina. Chico Buarque é o autor da música e um dos atores, ninguém sabia quem ele era, mas percebeu-se que era especial. Adorei a peça e o meu pai deu-me o livro de João Cabral e Melo Neto. De vez em quando lei-o, não o devo ter arrumado e não consigo encontrá-lo.
Depois veio A Banda que o deu a conhecer. Tive este disco, mas não o encontro. Em 45 r.p.m. só tenho este, que comprei no dia 9.3.1974, na discoteca do Apolo 70, que era, n época, muito boa:
Bom dia !
Éléphant = um duo parisiense, Lisa e François, que partilha a vida e a música .
E Bom Verão !
O Verão em quadros de Frank Weston Benson
Summer, 1900
Summer afternoon, 1906
Eleanor, 1907
The reader - a summer idyll
Sol de junho madruga muito.
sexta-feira, 20 de junho de 2014
Antes que venha o Verão:
Ontem vi andorinhas pela primeira vez.
Andorinha que vais alta,
Andorinha que vais alta,
Porque não me vens trazer
Qualquer coisa que me falta
E que te não sei dizer?
Fernando Pessoa, Quadras ao Gosto. (Texto estabelecido e prefaciado por Georg Rudolf Lind e Jacinto do Prado Coelho.) Lisboa: Ática, 1965. (6ª ed., 1973), p. 101.
Bom Verão uma vez que a Primavera está a findar.
A nossa casinha
Nada chega à nossa casinha!
Poderá ser o mote para esta antiga coleção de cromos sobre "as minhas casinhas"
Esta página é para MR!
Um restaurante em Temple Bar
Numas arrumações, encontrei este toalhete de mesa-ementa. É uma sugestão para uma amiga que prepara uma ida a Dublin.
Números
O que é que Joe Berardo tem em comum com a nossa M.R. ? O gosto pelas colecções, e tenho a certeza que M.R. invejará as 75 000 capas de caixas de fósforos russas que o Comendador Berardo comprou recentemente :)
A outra abdicação ...
A notícia do dia : a saída de Ricardo Salgado da presidência do BES, 23 anos depois e por pressão do Banco de Portugal .
quinta-feira, 19 de junho de 2014
Rei sob o signo de...
Em especial para JP.
(Imagem retirada da Wikipédia)
D. Filipe VI nasceu a 30 de Janeiro de 1968.
D. Filipe VI nasceu a 30 de Janeiro de 1968.
Grande Guerra - 2
Enduring War: Grief, Grit and Humour é o título da exposição que abre hoje na British Library e pode ser vista até 12 de outubro.
O Futebol nas Letras - 28
«O futebol é a última representação sacra do nosso tempo. É um misto de ritual com evasão. Enquanto outras atividades sagradas, inclusive a missa, estão em declínio, o futebol é a única que restou. A interação das arquibancadas com os atletas compõe um ritual preciso».
Pier Paolo Pasolini
Citações
( Foto da abdicação de ontem, por Juan Medina / Reuters )
(...) Conhecemos o que se passou recentemente, os escândalos financeiros, as sucessivas operações, os casos amorosos, as caçadas, o pedido de desculpa. Mas o rei, durante décadas, foi útil ao seu país e enfrentou adversários perigosos, como o terrorismo ou o nacionalismo. Mesmo os não-espanhóis e os não-monárquicos devem estar " agradecidos " ( a expressão é de Javier Cercas ), porque o rei demonstrou coragem e prestou um serviço; tal como prestou um serviço agora, abdicando, quando percebeu enfim que tinha perdido a estima do seu povo. Uma monarquia ou tem legitimidade popular ou é um arcaísmo imprestável.
Juan Carlos salvou a Espanha e tornou os espanhóis em " juan-carlistas "; se agora salvou a monarquia, veremos. Javier Cercas, republicano e de esquerda, lembrou que isso não é o essencial : mais vale viver numa monarquia como a sueca do que numa república como a síria.
- Pedro Mexia, no Expresso do passado Sábado.
(...) Conhecemos o que se passou recentemente, os escândalos financeiros, as sucessivas operações, os casos amorosos, as caçadas, o pedido de desculpa. Mas o rei, durante décadas, foi útil ao seu país e enfrentou adversários perigosos, como o terrorismo ou o nacionalismo. Mesmo os não-espanhóis e os não-monárquicos devem estar " agradecidos " ( a expressão é de Javier Cercas ), porque o rei demonstrou coragem e prestou um serviço; tal como prestou um serviço agora, abdicando, quando percebeu enfim que tinha perdido a estima do seu povo. Uma monarquia ou tem legitimidade popular ou é um arcaísmo imprestável.
Juan Carlos salvou a Espanha e tornou os espanhóis em " juan-carlistas "; se agora salvou a monarquia, veremos. Javier Cercas, republicano e de esquerda, lembrou que isso não é o essencial : mais vale viver numa monarquia como a sueca do que numa república como a síria.
- Pedro Mexia, no Expresso do passado Sábado.
quarta-feira, 18 de junho de 2014
Périplo pela literatura alemã
Das minhas leituras em torno de escritores alemães, mais presentes na minha memória, saliento: Thomas Mann (Morte em Veneza, A Montanha Mágica e Contos); Rilke (Carta a um Jovem Poeta, A Vida de Maria, O Livro de Horas, Os Cadernos de Malte Laurids Brigge, A Elegia de Duíno); Goethe (Fausto) e Patrick Süskind (O Perfume, A Pomba, A História do Senhor Sommer e O Contrabaixo) junto agora um novo escritor que trouxe da Biblioteca Municipal, Cristoph Poschenrieder.
Apesar de Cristoph Poschenrieder
ter nascido em Boston (1964) vive em Munique onde estudou Filosofia, na Escola Superior Jesuíta de Filosofia de Munique [tradução livre], talvez abusivamente, associo-o aos escritores de língua alemã.
A Paixão de Schopenhauer é o livro que estou a ler e que me está a dar prazer. De Dresden a personagem parte para Itália rumo a Veneza. O cenário é por si só apelativo.
O livro começa com uma citação de Arthur Schopenhauer:
Tudo o que se publica
é como um medicamento que se dá a alguém:
por vezes surte logo efeito, por vezes nada faz,
termina sem ter atuado, por vezes atua demasiado tarde,
e por vezes surte efeito em sítios
onde não era suposto
e de forma inesperada.
Cristoph Poschenrieder, A Paixão de Schopenhauer. (Tradução de Manuela Ramos, apoiada pelo Goethe Institut), S. Pedro [Sintra?]: Saída de Emergência, 2011, s/ nº de página.
A Paixão de Schopenhauer é o livro que estou a ler e que me está a dar prazer. De Dresden a personagem parte para Itália rumo a Veneza. O cenário é por si só apelativo.
Bernardo Bellotto, New Market Square in Dresden from the Jüdenhof, c. 1751, Gemäldegalerie Alte Meister
O livro começa com uma citação de Arthur Schopenhauer:
Tudo o que se publica
é como um medicamento que se dá a alguém:
por vezes surte logo efeito, por vezes nada faz,
termina sem ter atuado, por vezes atua demasiado tarde,
e por vezes surte efeito em sítios
onde não era suposto
e de forma inesperada.
Cristoph Poschenrieder, A Paixão de Schopenhauer. (Tradução de Manuela Ramos, apoiada pelo Goethe Institut), S. Pedro [Sintra?]: Saída de Emergência, 2011, s/ nº de página.
R.I.P. Jimmy Scott
Sempre foi difícil para mim não chorar um bocadinho quando ouvia Jimmy Scott a cantar My Foolish Heart.
Não houve outra canção que ele cantasse melhor nem houve outro ou outra vocalista que cantasse melhor My Foolish Heart.
Ouça My Foolish Heart cantado por Carmen McRae, Joe Williams, Frank Sinatra, Tony Bennett, Susannah McCorkle, Jane Monheit ou Kurt Elling, por exemplo. Depois ouça as várias versões dos pianistas Bill Evans, Oscar Peterson, Keith Jarrett e Liz Story.
Ficará com uma apreciação da maravilhosa instabilidade da canção de Victor Young (música) e Ned Washington (letra). Há ali um peso misterioso, uma lúgubre melancolia que, ninguém sabe como, consegue ser angustiante e erótica ao mesmo tempo.
Depois ouça Jimmy Scott e, logo a seguir, a versão de Bill Evans no álbum Waltz for Debby, gravado ao vivo no Village Vanguard em Junho de 1961. Parece que Jimmy Scott está a responder a Bill Evans, com grande respeito mas com maior indignação.
Jimmy Scott canta em sílabas. Algumas surgem com um sotaque escocês e outras são soletradas como se o cantor não conseguisse falar inglês. A canção quer ser calma e engatatona mas Scott impede-a de ser. Desmascara-a e encruece-a. Carrega-a de nervosismo glorioso. Salva a canção do lamento autobiográfico e atira-o para o aqui e agora de uma ilusão amorosa que se segue a muitas outras mas que se quer, desta vez, que seja de verdade.
Requiescat in pace, Jimmy Scott. Agora choro-te a sério.
Miguel Esteves Cardoso
(Público, 18 jun. 2014)
A morte dos jornais
Leram esta crónica de João Miguel Tavares no Público de ontem? Elucidativa. Se o que se escreve hoje na imprensa já não é bom... vai piorar. Ele fala de dois jornalistas do DN, mas na calha também está o melhor da TSF. Do JN, não sei, mas imagino que o critério se mantém.
Marcadores de livros - 158
Da esq. para a dir.: Casablanca, Marrocos, Marrocos
Meknes, Marraqueche, Fez.
Agradeço a quem mos ofereceu.
Tomate para todos os gostos
Elizabeth Blackwell - A planta do tomate, 1735
Elizabeth Blackwell foi uma ilustradora escocesa de botânica, autora de A curious herbal (1737).
Duas folhas de catálogos da firma de Ernst Benary.
Benary foi um horticultor e botânico alemão.
Heirloom é uma palavra que significa, no caso presente, que as sementes destas variedades de tomate passaram de geração em geração, dentro da mesma família de horticultores.
terça-feira, 17 de junho de 2014
Em Ascot há 100 anos
As corridas de Ascot iniciam-se hoje, local onde as senhoras vão mostrar os chapéus mais estrambólicos que as próprias ou as modistas consigam imaginar. Há 100 anos era assim:
Um quadro por dia
Avaliada entre 30 000 e 40 000 euros, esta estampa A grande onda de Kanigawa, que faz parte das 36 vistas do Monte Fuji do grande Hokusai ( 1760-1849 ), acabou por ser vendida ontem por 110 000 euros no leilão Vente Garden Party que decorreu no belo cenário do castelo de Cheverny, no Loire.
Novidades
O novo de D'Ormesson, posto à venda na semana passada . Depois de ter passado o ano de 2013 a lutar contra a doença, o escritor octogenário recuperou o gosto da escrita e eis o resultado.
Pensamento ( s )
(...) A vida é o que permanece, apesar de tudo : a vida embaciada, minúscula, imprecisa e preciosa como nenhuma outra coisa. A sabedoria é a vida mesma : o real do viver, a existência não como trégua, mas como pacto, conhecido e aceite na sua fascinante e dolorosa totalidade.
Não se trata apenas de viver o instante, tarefa inútil, pois a vida é duração. Aquilo que nos é dado dura, e nós dentro dele, com ele, por ele. Não é a flor do instante que nos perfuma, mas o presente eterno do que dura e passa, do que dura e não passa.
E quando é que chega a hora da felicidade?, perguntamo-nos. Chega nesses momentos de graça em que não esperamos nada. Como ensina o magnífico dito de Angelus Silesius, o místico alemão do século XVII : " A rosa é sem porquê, floresce por florescer / Não se preocupa consigo, não pretende nada ser vista ".
- José Tolentino de Mendonça, no Expresso do passado Sábado.
Bom dia !
Podia ser também a extraordinária versão de Cilla Black, mas acabou por ser Marc Almond, que teve a mais popular versão desta canção nos anos 80, com a participação especial de Gene Pitney, que teve a mais popular versão dos anos 60.
Alberto Manguel - 2
Penso que não terei o mencionado pelo nosso Jad, pelo menos não está onde deveria estar : junto a estes dois outros volumes de Manguel. Que estão, obviamente, disponíveis para empréstimo :)
segunda-feira, 16 de junho de 2014
Essência da música ...
O Contrabaixo de Patrick Süskind, publicado pela Difel, é um livro interessante, o autor retrata a partir da música os problemas da sociedade contemporânea. Süskind nasceu em Ambach, Munique, em 1949.
Goethe diz: «A música está tão acima de tudo que não há espírito racional que consiga alcançá-la e dela se desprende um efeito tal, que tudo domina e sobre o qual ninguém está em condições de se pronunciar.»
Ele tem o meu inteiro apoio. [...]
... Eu ainda era capaz de ir mais além do que Goethe. Diria que, quanto mais velho fico, mais profundamente penetro na verdadeira essência da música e cada vez se torna mais claro para mim que a música é um grande segredo, um mistério; e que quanto mais se sabe acerca dela, menos se está em condições de dizer seja o que for de válido. Goethe, apesar da grande consideração e estima de que ainda hoje disfruta, e justiça lhe seja feita, Goethe, dizia eu, não era, em rigor, um ser musical. Foi, em primeiro lugar, poeta e, enquanto tal, se assim quiserem, sentia o ritmo e a melodia da linguagem. Mas era tudo menos músico. De outro modo não se poderiam, por conseguinte, explicar as suas opiniões grotescas e erróneas sobre músicos. ...Embora percebesse muito de misticismo. Não sei se sabem que Goethe era panteísta? Sabem com certeza. E neste caso, o panteísmo está intimamente ligado à mística, ele é, de certa maneira, uma emanação da mundivivência mística, como também se pode observar no Taoismo e no Misticismo indiano, etcetera, que perpassa toda a Idade Média, o Renascimento, etc., etc., e que reaparece, mais tarde, ao longo do séc. [sic] XVIII.
Patrick Süskind, O Contrabaixo. Lisboa: Difel, 2001 (3ª edição, tradução de Anabela Mendes), p. 44-45.
Columbano em Leilão
A dança através dos tempos é o tema de cinco painéis pintados por Columbano para o salão de dança do palácio dos Condes de Valenças, hoje hotel Olissipo (ex- Hotel da Lapa), que vão a leilão no próximo dia 25 de Junho. Datados de 1891, têm estado em mãos de particulares desde que o palácio foi vendido. São imagens da dança nos períodos de Luís XIV, Luís XV, Império e Belle Époque.O valor de licitação é de quinhentos mil euros. Será que o Instituto dos Museus e Conservação consegue arranjar uns trocos para adquirir estas belíssimas obras, para que não corram o risco de desaparecer da nossa vista?
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